Na homilia preparada para a Missa de Páscoa, presidida pelo Cardeal Angelo Comastri, Francisco destaca ímpeto em procurar pela presença do Cristo ressuscitado
Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Milhares de fiéis participaram da Missa de Páscoa na Praça São Pedro / Foto: ZUMA Press Wire via Reuters Connect
Milhares de fiéis estiveram presentes na Praça São Pedro neste domingo, 20, para celebrar a Páscoa do Senhor. Delegado do Papa Francisco, o Cardeal Angelo Comastri foi quem presidiu a Missa.
Ele também leu a homilia preparada pelo Pontífice. Francisco inicia o texto destacando que Maria Madalena, ao ver que a pedra do sepulcro havia sido removida, começou a correr para avisar Pedro e João. Da mesma forma, os dois apóstolos também se põem a correr – “os protagonistas dos relatos pascais correm todos”, observa o Papa.
Segundo o Santo Padre, este “correr” expressa não apenas a preocupação que alguém tivesse levado o corpo de Jesus, mas também o desejo, o impulso do coração, a atitude interior de quem se coloca à procura do Senhor. Contudo, Cristo ressuscitou dos mortos e já não se encontra no túmulo: é preciso procurá-lo em outro lugar.
“Este é o anúncio da Páscoa: é preciso procurá-lo em outro lugar. Cristo ressuscitou, está vivo”, frisa Francisco. E uma vez que Jesus não ficou prisioneiro da morte, “não podemos encerrá-lo em uma bonita história para contar, não podemos fazer dele um herói do passado ou pensar nele como uma estátua colocada na sala de um museu”.
Sair à procura de Cristo
Pelo contrário, o Papa aponta que é preciso sair à procura de Cristo: não se pode permanecer parado. “Temos de nos pôr em movimento, sair para o procurar: procurá-lo na vida, procurá-lo no rosto dos irmãos, procurá-lo no dia a dia, procurá-lo em todo o lado, exceto naquele túmulo”, escreve.
Se Jesus ressuscitou, prossegue o Pontífice, então está presente em toda parte, habitando no meio dos homens, escondendo-se e revelando-se ainda hoje no rosto dos irmãos. “Ele está vivo e permanece sempre conosco, chorando as lágrimas de quem sofre e multiplicando a beleza da vida nos pequenos gestos de amor de cada um de nós”, expressa.
A fé pascal, que abre o coração do ser humano ao encontro com o Senhor ressuscitado, não é uma acomodação estática. Pelo contrário, sinaliza o Santo Padre, “a Páscoa põe-nos em movimento, impele-nos a correr como Maria Madalena e os discípulos; convida-nos a ter olhos capazes de ‘ver mais além’, para vislumbrar Jesus, o Vivente, como o Deus que Se revela e ainda hoje Se torna presente, nos fala, nos precede, nos surpreende”.
“Como Maria Madalena podemos fazer todos os dias a experiência de perder o Senhor, mas todos os dias podemos correr para O reencontrar, sabendo com certeza que Ele se deixa encontrar e nos ilumina com a luz da sua ressurreição”, salienta Francisco.
Esta, aponta, é a maior esperança da vida humana: “podemos viver esta existência pobre, frágil e ferida agarrados a Cristo, porque Ele venceu a morte, vence a nossa escuridão e vencerá as trevas do mundo, para nos fazer viver com Ele na alegria, para sempre”.
Abrir o coração à esperança
Como Maria Madalena, podemos fazer todos os dias a experiência de perder o Senhor, mas todos os dias podemos correr para O reencontrar, sabendo com certeza que Ele se deixa encontrar e nos ilumina com a luz da sua ressurreição.
– Papa Francisco
O Papa recorda ainda que o Jubileu vivido neste ano convida cada fiel a renovar o dom da esperança, mergulhando nela os sofrimentos e as inquietações, contagiando os irmãos no caminho e confiando a ela o futuro da vida e o destino da humanidade.
“Não podemos estacionar o nosso coração nas ilusões deste mundo, nem fechá-lo na tristeza; temos de correr, cheios de alegria”, acrescenta o Pontífice. “Corramos ao encontro de Jesus, redescubramos a graça inestimável de ser seus amigos. Deixemos que a sua Palavra de vida e verdade ilumine o nosso caminho”.
Citando o teólogo Henri de Lubac, o Santo Padre sublinha que “em Cristo temos tudo”. “E este ‘tudo’, que é Cristo ressuscitado, abre a nossa vida à esperança. Ele está vivo e ainda hoje quer renovar a nossa vida”, conclui.