VIAGEM APOSTÓLICA

Cristãos não devem difundir o consumismo, afirma o Papa em Córsega

No último evento de sua corta viagem à ilha francesa, Francisco pediu aos fiéis cristãos que não se deixem tomar pela tristeza da angústia, especialmente quando se trata do consumismo exacerbado

Da redação

O Papa Francisco preside a Santa Missa na Place d’Austerlitz / Foto: Remo Casilli – Reuters

Dando continuidade à sua 47ª viagem internacional, desta feita à ilha de Córsega, no Meditarrêneo o Papa Francisco celebrou nesta tarde uma missa na Place d’Austerlitz, que contou com a presença de centenas de fiéis, atentos à mensagem do Pontífice.

Na homilia, o Santo Padre deu início citando João Batista. “O que devemos fazer?”, indagou. “É uma pergunta que devemos fazer se quisermos viver melhor. João está anunciando a chegada do Messias, há muito esperando. Quem ouve sua pregação, quer se preparar para este encontro, o encontro com Jesus. Reflitamos sobre dois modos de esperar: aquele cheio de desconfiança e ansiedade. Quem tem a mente preocupada com pensamentos egocêntricos, perde a alegria da espera. Quando a angústia te pega, ela te arruina sempre. Uma coisa é a dor física. Outra a angústia. Cristãos não devem viver com angústia. Como estão comuns estes males hoje em dia, especialmente onde se difunde o consumismo”, ponderou o Bispo de Roma.

Não ao consumismo

O Bispo de Roma criticou um hábito muito comum e pouco salutar nas sociedade contemporânea: o consumismo. “Quem envelhece com o consumismo, envelhece insatisfeito, porque não sabe dar. Quem vive para si mesmo nunca será feliz. Quem vive assim não é feliz. Quem não tem a mão aberta para compartilhar, nunca será feliz”, observou o Papa.

Suspeita ou expectativa alegre

O Papa continuou destacando duas maneiras muito diferentes de esperar pelo Messias. A primeira, com suspeita, e a segunda com expectativa alegre. Falando primeiro da suspeita, que o Papa descreveu como sendo enraizada na ansiedade, desconfiança e foco nas preocupações mundanas, ele disse, nos impede de experimentar a alegria. Quanto mais nos concentramos em nós mesmos, ele disse, mais perdemos de vista a providência de Deus. O remédio para essa atitude, enfatizou o Papa, está na fé e na oração,

Falando então sobre esperar o Messias com alegria, o Papa encorajou os fiéis a abraçar uma expectativa alegre da vinda do Senhor. A alegria cristã, ele explicou, “não é superficial nem efêmera”. Pelo contrário, é uma alegria enraizada no coração e construída sobre uma base sólida. Ele lembrou as palavras do profeta Sofonias, que chamou seu povo para se alegrar porque o Senhor estava no meio deles, trazendo vitória e salvação. “A vinda do Senhor nos traz salvação: essa é a razão da nossa alegria”, ele disse. Essa alegria, explicou o Papa, não consiste em esquecer as dificuldades da vida, mas sim em encontrar força e paz na presença de Deus.

Para encerrar, o Santo Padre abordou os desafios que o mundo contemporâneo enfrenta. “Há muitas razões para tristeza e desespero no mundo de hoje”, disse ele, listando “pobreza extrema, guerras, corrupção e violência”. No entanto, ele continuou, a palavra de Deus nunca deixa de nos encorajar. Apesar do sofrimento, “a Igreja proclama uma esperança inabalável que não decepciona”, pois o Senhor está próximo e, em Sua presença, encontramos a força para trabalhar pela paz e pela justiça. A alegria em Cristo, concluiu o Papa, continua sendo a fonte da nossa alegria “em todos os tempos e em meio a todas as aflições”.

“Sejam próximos das pessoas doentes, daqueles que sofrem”, rogou.

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