“Novo Papa deve ter a capacidade de diálogo”, diz sacerdote
André Alves
Da Redação
Esta semana tem sido de muito trabalho para os cardeais reunidos, em Roma, em pré-conclave. As discussões se dão em torno dos desafios da Igreja Católica neste tempo e a necessidade de definir o perfil do novo Papa.
Sobre este perfil do futuro Pontífice, o assessor da Comissão para a Doutrina da Fé da CNBB, monsenhor Antonio Luiz Catelan Ferreira, que está em Roma assessorando o Cardeal Raymundo Damasceno Assis, disse:
“Seria muita pretensão da minha parte tentar dizer uma palavra como teólogo, dando excessivamente importância à minha opinião. Mas como opinião pessoal de um fiel da Igreja, eu diria o seguinte: eu esperaria um Papa com uma grande capacidade de diálogo. Eu participei como auxiliar de secretaria no Sínodo de 2008 e no final do almoço do Papa com os padres sinodais e com os colaboradores, ele disse uma palavra que me marcou profundamente: ‘A palavra de Deus cresce com os que a escutam’”.
Segundo monsenhor Antônio, há de se ter a capacidade de escutar o mundo, de escutar a própria Igreja com toda a sua riqueza, com tantos carismas, comunidades e movimentos, e também com tanta necessidade de reforma em diversos âmbitos. Para ele, o novo Papa deve ter uma grande capacidade de escuta, em vista do diálogo.
Nestas Congregações Gerais, os cardeias têm trabalhado a dinâmica justamente do diálogo, escutando-se uns aos outros. Nesta perspectiva, já aconteceram mais de 50 intervenções por parte dos cardeais.
Na opinião do Mestre em Comunicação Social, padre Michelino Roberto, que está em Roma acompanhando o pré-conclave, os cardeais terão uma certa dificuldade em escolher o novo Papa. Segundo ele, isso é devido à diversidade de bons cardeais na Igreja e, ao mesmo tempo, devido aos muitos requisitos que o novo Papa precisa ter para conduzir a Barca de Pedro no contexto atual da sociedade.
“Nesse momento nós temos muitos bons nomes, mas não um único nome. Isso dificulta um pouco o processo dos cardeais terem um candidato. Acho que eles querem é mais tempo para discutir com mais profundidade os problemas que afetam a Igreja no âmbito universal hoje.”
Para o sacerdote, o fato dos cardeais não terem pressa na escolha do novo Pontífice é muito bom. “Demonstra que eles querem mais tempo pra conversar, discutir mais os problemas da Igreja e pensar com mais carinho entre os bons nomes que temos, graças a Deus, que possa suceder o Papa Emérito Bento XVI.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, divulgou agora pouco que o último cardeal votante chegou ao Vaticano na tarde desta quinta-feira. Com a chegada do cardeal vietnamita Jean-Baptiste Pham Minh Mân, a definição e a divulgação da data para o Conclave tornam-se mais próximas.
No total, 153 cardeais já estão presentes em Roma, incluindo aqueles que não poderão votar, por terem mais de 80 anos.