Conheça mais sobre a Capela Sistina, onde nesta terça-feira, 12, terá início o Conclave
Dentro de poucos dias todas as orações, esperanças e expectativas se voltarão à Capela Sistina, que pela vigésima quinta vez será o cenário da escolha do novo Sucessor de São Pedro, o “doce Cristo na terra”. Após a Santa Missa Pro Eligendo Pontifice, cel
ebrada na Basílica de São Pedro, os 115 cardeais eleitores se dirigirão a esta Capela para um eloquente exercício da vontade de Deus a frente de Sua Igreja.
Situada no Palácio Apostólico, residência oficial do Romano Pontífice na Cidade do Estado do Vaticano, a Capela Sistina sobressai pela sua imponente arquitetura inspirada no Templo de Salomão e pela monumental decoração em afrescos com a assinatura de Michelangelo, Rafael, Bernini e Sandro Botticelli, grandes gênios da Renascença.
Recebeu este nome em homenagem ao Papa Sisto IV, que ordenou a restauração da Capela Magna entre os anos 1477 e 1480, com a pintura de afrescos que retratam a vida de Moisés, Cristo e a figura de diversos Pontífices. Tais pinturas foram concluídas em 1482 e na Solenidade da Assunção de Maria do ano seguinte, Sisto IV a consagrou para os ofícios religiosos do Papa.
O projeto original, de Bacio Pontelli, cuja abóboda era ornada por um teto azul repleto de estrelas douradas, recebeu a interferência de Michelangelo nos primeiros anos do século dezesseis, ficando desde então com as cenas pintadas pelo artista.
Todos os expertos de arte são unânimes ao descrever que a pintura do teto da Capela Sistina é a mais perfeita e detalhada obra de Michelangelo, que concebeu os personagens retratados como verdadeiras esculturas. Bento XVI, na celebração do 500º aniversário da inauguração dos afrescos da abóboda, observou que “não se trata apenas do sapiente uso da cor, rico de contrastes, ou do movimento que anima a obra-prima de Michelangelo, mas sim da ideia que atravessa toda aquela grande abóbada: é a luz de Deus que ilumina estes afrescos e toda a Capela papal. Aquela luz que com a sua potência vence o caos e a obscuridade para dar vida: na criação e na redenção. E a Capela Sistina narra esta história de luz, de libertação, de salvação, fala da relação de Deus com a humanidade”.
Em 1996 o Beato João Paulo II promulgou a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, sobre o conclave e a Sé vacante, e uma das novidades do documento foi a definição, da Capela Sistina como o lugar do conclave. O mesmo bem-aventurado redigiu um belo livro de poesias “Tríptico Romano”, que dedica à obra mestra de Michelangelo umas meditações repletas de lirismo e testemunho da verdade.
Não há quem visite o Vaticano e não concorde com as palavras de Bento XVI em sua análise teológico-artística, que a Capela Sistina expressa em seu conjunto “que o mundo não é produto da escuridão, do absurdo, mas deriva de uma inteligência, de uma liberdade, de um ato supremo de amor”.
Pe. Marcus Vinicius Brito de Macedo
Doutor em Relações Internacionais e Pároco da Catedral de São João Batista, Nova Friburgo-RJ