Conclave

A eleição do novo Papa na visão do Cardeal Geraldo Majella

Dom Majella elenca alguns critérios que devem ser considerados na votação para eleger o Papa

Luciane Marins
Da Redação

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Cardeal Geraldo Majella em entrevista à jornalista Karla Kamila, da Cancão Nova, em Aracaju (SE). Foto: TV CN

Como acontece a eleição de um Papa? Quantas reuniões são necessárias para que se escolha o novo Pontífice? Essas são algumas das muitas perguntas recorrentes nesses dias em que a Igreja se prepara para saber quem será o novo Sucessor de Pedro.

O arcebispo emérito de Salvador, Cardeal Geraldo Majella Agnelo, é um dos cinco cardeais brasileiros que estão em Roma para o Conclave e explica como funcionam as votações. “A primeira votação é quase uma sondagem. Na segunda, já se começa a definir quais serão as possibilidades e até na terceira já pode acontecer de dois terços dos cardeais escolherem o Papa.”

O cardeal conta que não se recorda de algum Papa que tenha sido eleito logo na primeira votação, a não ser no passado, em que eram poucos os eleitores. Para Dom Majella, critérios como saúde, experiência e o modo de proceder devem ser levados em conta no momento da votação. “O Papa não vai ser eleito porque fez ‘campanha’, ele realmente é apontado pelos cardeias.”

O arcebispo Emérito de Salvador é um dos 115 cardeais que podem ser eleitos Papa, mas diante da pergunta “o senhor se vê como Papa?”, a resposta do cardeal é rápida: “não”. “Eu tenho a idade que tenho, já vou fazer oitenta anos esse ano, o peso dos anos já se faz sentir”, justifica.

Dom Majella recorda que por 400 anos antes da eleição de João Paulo II (polonês) e Bento XVI (alemão) somente Papas italianos eram eleitos. Neste Conclave, defende que há a possibilidade de ser eleito um Papa não europeu, mas explica que isso não acontece para satisfazer essa ou aquela nacionalidade ou grupo. “Possibilidade tem, mas não necessariamente é assim: ‘Ah! Agora vamos eleger um Papa latino americano, um Papa africano’. Se vier, pode acontecer, mas não para satisfazer, não é por aí”.

Para o cardeal, os desafios do novo Pontífice serão aqueles próprios da época atual, em que as pessoas são levadas a viver de maneira subjetiva. “A questão da fé é um ato de cada pessoa, mas se ela aceita Jesus Cristo como Salvador, não vai dizer agora como deve ser a Igreja, isso não pode existir de modo algum”, explica.

Em questões como o aborto e o divórcio, por exemplo, Dom Majella destaca que não se deve esperar que a postura do Papa mude. “O que nós recebemos de Cristo ninguém pode modificar”, e isso não significa que o Papa não é atual, defende.

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