Papa Francisco recebeu a Comunidade Shalom na Sala Paulo VI; membros comemoram 40 anos de fundação
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
Na manhã desta segunda-feira, 26, o Papa Francisco recebeu, na Sala Paulo VI, membros da Comunidade Católica Shalom. Eles foram a Roma para convenção pelos 40 anos de fundação da comunidade.
Francisco agradeceu a apresentação do fundador, Moysés de Azevedo, e da co-fundadora, Maria Emmir Nogueira, bem como pelos depoimentos de alguns membros da Comunidade. Acolheu, de forma particular, o Cardeal Kevin Farrell, Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.
O Santo Padre destacou a fala de Moysés: “A Comunidade Shalom nasceu há quarenta anos durante uma celebração eucarística, no momento do ofertório. Isso é importante! Não nasceu à mesa, com um belo plano desenhado por ele ou por outra pessoa. Nasceu na oração, na Liturgia”.
Relembrando as palavras de Moysés, Francisco pontuou que é o Espírito Santo que faz viver a Igreja, que a impulsiona, especialmente na liturgia. “A Liturgia não é uma cerimônia bonita, um ritual em que nossos gestos ou, pior ainda, nossas roupas estão no centro, não! A liturgia é a ação de Deus conosco, e devemos estar atentos a ele: a quem fala, a quem age, a quem chama, a quem envia… E isso não é fora do tempo e da história, não, dentro da realidade histórica, dentro das situações”.
Perseverar na amizade com Deus
Uma das missionárias presentes perguntou ao Papa como perseverar na amizade com Deus em um mundo agitado e como “contagiar” essa experiência nos ambientes de vida. Em resposta, Francisco recordou o verbo que o evangelista João repete tantas vezes: “permanecer”.
O Papa impulsionou os fieis a permanecerem unidos a Cristo como ramos à videira e os convidou a perseverar, em primeiro lugar na oração, na escuta da Palavra, na adoração, no Rosário. “Então a linfa do Espírito Santo passa dele para nós e podemos perseverar”, ressaltou o Pontífice.
Francisco relatou que, segundo a Palavra de Deus, quem permanece no Senhor dá muito fruto. “O fruto é o amor, e é o amor de Cristo que toca o coração das pessoas, onde quer que estejamos, em todos os ambientes. Temos o compromisso de permanecer nele, o resto é feito pelo Espírito Santo. Ele é o protagonista, não nós: é Ele. Não se esqueça disso. O Espírito Santo é sempre o protagonista do crescimento da Igreja; também do crescimento da minha alma”.
Testemunhos
Outro missionário testemunhou que ficou impressionado com o estilo juvenil do primeiro encontro com a comunidade “Shalom”. Ele perguntou ao Papa como é possível manter vivo esse espírito e também qual a importância da liderança dos jovens no Igreja. Diante desta pergunta, Francisco falou que para manter um espírito jovem é preciso permanecer aberto ao Espírito Santo, pois é Ele quem renova os corações, renova a vida, renova a Igreja, renova o mundo. “Não estamos falando da juventude física, mas da juventude do espírito, aquela que brilha mais nos olhos de alguns velhos do que nos de alguns jovens!”, ressaltou o Papa.
Em relação ao protagonismo, Francisco falou sobre a santidade e destacou alguns santos. Carlo Acutis, como um exemplo recente; mas também Piergiorgio Frassati, Gabriele dell’Addolorata, Teresa do Menino Jesus, Francisco e Clara de Assis, que eram jovens. E assim sucessivamente até a primeira e perfeita discípula: Maria de Nazaré – jovem – que era uma menina quando ela disse “aqui estou”. Todos eles construíram a Igreja e ainda a edificam com o seu testemunho, correspondendo à graça de Deus.
O Papa relatou que, como pastores, para com os jovens, a Igreja deve aprender a não ser paternalista. “Às vezes, envolvemos os jovens em iniciativas pastorais, mas não completamente. Corremos o risco de “usá-los” um pouco, para causar boa impressão”.
Outra pergunta direcionada ao Papa foi sobre como se pode cultivar alegria da amizade com os irmãos mais pobres e fazer com que os outros também a experimentem. A essa pergunta, o Papa deixou um exemplo: uma jovem freira, desconhecida na época, atendeu ao chamado de Deus que lhe disse para ficar perto da menor de Calcutá. O nome dela era Irmã Teresa. Onde ela encontrou forças para ir às ruas todos os dias para recolher os moribundos? Ela a encontrou em seu Senhor Jesus, a quem ela recebeu e adorou todas as manhãs e Ele lhe disse: “Tenho sede”. E então ela saiu e O reconheceu no rosto daquelas pessoas abandonadas.
Características da Comunidade
Segundo Francisco, a comunidade caracteriza-se desde o início pela coragem criativa, pela aceitação e por um grande impulso missionário. O Pontífice lembrou que, naquela época, Moysés era jovem, agora não mais, mas estes traços distintivos encontram-se ainda hoje nas iniciativas que se realizam em vários países, isto é, coragem criativa, hospitalidade, entusiasmo missionário.
O Papa ressaltou ainda que este trabalho que a comunidade leva a vários países deu vida, ao longo dos anos, a uma realidade eclesial que agora inclui não só os jovens, mas também as famílias, os celibatários comprometidos com a missão e os sacerdotes.
Francisco os exortou a manterem vivos os dons da coragem criativa, da hospitalidade e do entusiasmo missionário. “Por favor: não vá ao museu, não! Vocês não são pessoas de museu, mas caminham com coragem criativa, com hospitalidade e com entusiasmo missionário”.