Corpus Christi em Roma

Com bênção e partilha, nunca estaremos sozinhos, diz Papa

Celebrando a Missa de Corpus Christi, Francisco lembrou que “o nosso pouco é sempre tanto aos olhos de Jesus, se não o guardarmos para nós e o colocarmos em jogo”

VaticanNews

Francisco encabeçou a procissão com o Santíssimo Sacramento pelas ruas do bairro Casalbertone em Roma, e concedeu a Bênção Eucarística à multidão / Foto: VaticanMedia

Neste domingo, 23, o Papa Francisco celebrou a Santa Missa da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo no adro da Igreja de Santa Maria Consoladora, no bairro de Casal Bertone, zona leste de Roma. Após a Celebração Eucarística, Francisco encabeçou a procissão com o Santíssimo Sacramento pelas ruas do bairro, e concedeu a Bênção Eucarística à multidão.

Na homilia, o Papa refletiu sobre as leituras da Solenidade e ressaltou dois verbos em particular, por ele considerados simples e essenciais para a vida de cada dia: dizer e dar.

Sobre o Dizer, Francisco lembrou o relato da Genesis (Gn 14,18-20), quando Melquisedec diz “Abençoado seja Abrão pelo Deus Altíssimo, e bendito seja o Deus Altíssimo”. Aquele ‘dizer’ de Melquisedec é bendizer, abençoar.

“Tudo parte da bênção: as palavras de bem geram uma história de bem. Por que faz bem abençoar? Porque é transformar a palavra em dom. Quando se abençoa, não se faz uma coisa para si mesmo, mas para os outros. Abençoar não é dizer palavras bonitas, nem usar palavras de circunstância; mas é dizer bem, dizer com amor”.

Lembrando como é importante para fiéis e pastores também receber palavras que nos fazem bem, ou um sinal da cruz na fronte, e ressaltando que ‘a Eucaristia é uma escola de bênção’, Francisco exortou os sacerdotes a não terem medo de abençoar, e fez um chamado:

“É triste ver hoje quão facilmente se amaldiçoa, despreza, insulta. Atacados por demasiado frenesi, não nos contemos, desafogando a raiva sobre tudo e todos. Muitas vezes, infelizmente, é quem grita mais e mais forte, é quem está mais irritado que parece ter razão e obter consensos. Não nos deixemos contagiar pela arrogância, não nos deixemos invadir pela amargura, nós que comemos o Pão que em si contém toda a doçura”.

Pão, recurso de partilha

Francisco então passou ao segundo verbo: Dar e citou Abrão que, abençoado por Melquisedec, «deu-lhe o dízimo de tudo»; e Jesus que, depois de pronunciar a bênção, dava o pão para ser distribuído, desvendando assim o seu significado mais belo: o pão não é apenas produto de consumo, mas recurso de partilha.

“No mundo, procura-se sempre aumentar os lucros, aumentar o volume de negócios… Sim, mas com que finalidade? É o dar ou o ter? O partilhar ou o acumular? A ‘economia’ do Evangelho multiplica partilhando, alimenta distribuindo; não satisfaz a voracidade de poucos, mas dá vida ao mundo. O verbo de Jesus não é ter, mas dar”.

O Papa concluiu sua homilia recordando que o nosso pouco é sempre tanto aos olhos de Jesus, se não o guardarmos para nós e o colocarmos em jogo. Não estamos sozinhos: temos a Eucaristia, o Pão do caminho, o Pão de Jesus.

“Também nesta tarde, seremos alimentados pelo seu Corpo entregue. Se o recebermos com o coração, este Pão irradiará em nós a força do amor: sentir-nos-emos abençoados e amados, e teremos vontade de abençoar e amar, a começar daqui, da nossa cidade, das estradas que vamos percorrer nesta tarde. O Senhor passa pelas nossas estradas para dizer-bem de nós e para nos dar coragem. A nós, pede-nos também para sermos bênção e dom”.

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