Na Catequese desta quarta-feira, 30, Francisco destacou: “a ação de graças deu o nome ao Sacramento mais essencial que existe: a Eucaristia”
Vatican News
“A oração de ação de graças” foi o tema da catequese do Papa Francisco, realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, nesta quarta-feira, 30, na última Audiência Geral deste ano. Para falar sobre o tema, o Pontífice inspirou-se na passagem do Evangelho de Lucas em que dez leprosos vão ao encontro de Jesus e o imploram a ter compaixão deles.
O Pontífice recordou que os que sofrem de lepra, além de passarem pelo sofrimento físico, também sofriam pela marginalização social e religiosa. “Eram marginalizados. Jesus não evita um encontro com eles, mas ouve o seu pedido, o seu grito de piedade, e os envia imediatamente aos sacerdotes”.
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Os dez leprosos confiam em Jesus e partem imediatamente. Enquanto caminham são curados, relembrou o Santo Padre. Desta forma, os sacerdotes poderiam ter verificado a sua cura e readmiti-los na vida normal. “Mas aqui está o ponto mais importante: daquele grupo, apenas um, antes de ir ter com os sacerdotes, volta para agradecer a Jesus e louvar a Deus pela graça recebida. Somente um. Os outros nove continuam a sua estrada”.
Francisco afirmou que Jesus observou que aquele homem era samaritano, uma espécie de “herege” para os judeus daquela época. “Jesus comenta: «Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?»”. O Santo Padre afirmou ser comovente esta passagem, pois divide o mundo em dois: os que não agradecem e os que o fazem; os que tomam tudo como se lhes fosse devido, e os que aceitam tudo como dom, como graça.
“A oração de ação de graças começa sempre a partir do reconhecer-se precedido pela graça. Fomos pensados antes que aprendêssemos a pensar; fomos amados antes que aprendêssemos a amar; fomos desejados antes que brotasse um desejo no nosso coração. Se olharmos para a vida desta forma, então o “agradecimento” torna-se o motivo-guia dos nossos dias. Obrigado! Muitas vez nos esquecemos de dizer: obrigado!”, sublinhou o Papa.
Para os cristãos, o Pontífice destacou que a ação de graças deu o nome ao Sacramento mais essencial que existe: a Eucaristia. “Com efeito, a palavra grega significa exatamente isto: agradecimento”. Como todos os fiéis, o Santo Padre ressalta que os cristãos bendizem a Deus pelo dom da vida, pois viver é, sobretudo, ter recebido a vida.
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“Todos nós nascemos porque alguém desejou a vida para nós. Esta é apenas a primeira de uma longa série de dívidas que contraímos vivendo. Dívidas de gratidão. Na nossa existência, mais de uma pessoa fitou-nos com um olhar puro, gratuitamente. Muitas vezes são educadores, catequistas, pessoas que desempenharam o seu papel além da medida exigida pelo dever. E eles fizeram surgir em nós a gratidão. A amizade é também um dom pelo qual devemos estar sempre gratos”, comentou Francisco.
O Papa frisou que este “obrigado”, que deve ser dito continuamente, este obrigado que o cristão partilha com todos, dilata-se no encontro com Jesus. De acordo com o Pontífice, os Evangelhos atestam que a passagem de Jesus suscitava frequentemente alegria e louvor a Deus naqueles que o encontravam, as histórias de Natal são povoadas de pessoas orantes, cujos corações foram alargados pela vinda do Salvador.
Deste modo, Francisco afirmou que todos são chamados a participar neste imenso júbilo, algo também é sugerido pelo episódio dos dez leprosos que foram curados. “Naturalmente, todos eles ficaram felizes por ter recuperado a saúde, podendo assim sair daquela interminável quarentena forçada que os excluía da comunidade. Mas entre eles havia um que acrescentou alegria à alegria: além da cura, regozijou-se por ter encontrado Jesus. Não só está livre do mal, mas agora também tem a certeza de ser amado”.
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“Este é o centro: quando a pessoa agradece, dá graças, expressa a certeza de ser amado. Este é um grande passo. Ter a certeza de ser amado. É a descoberta do amor como a força que governa o mundo. Somos filhos do amor, somos irmãos do amor, somos homens e mulheres de graça”.
O Santo Padre concluiu a sua catequese fazendo um convite: “estar na alegria do encontro com Jesus”, cultivar a alegria e não deixar de agradecer. “Se formos portadores de gratidão, o mundo também se tornará melhor, talvez só um pouco, mas é suficiente para lhe transmitir um pouco de esperança. O mundo precisa de esperança e com a gratidão, com o comportamento de ação de graças, nós transmitimos um pouco de esperança. Tudo está unido e interligado, e cada um pode desempenhar a sua parte onde quer que esteja”. Não devemos “extinguir o Espírito que temos dentro e que nos leva à gratidão”.