CATEQUESE DO PAPA FRANCISCO
Sala Paulo VI – Vaticano
Quarta-feira, 16 de janeiro de 2020
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal (Canção Nova)
Queridos irmãos e irmãs!
Concluímos hoje a catequese sobre os Atos dos Apóstolos, com a última etapa missionária de São Paulo: isso é, Roma (cfr At 28, 14).
A viagem de Paulo, que foi conjunto com o Evangelho, é a prova de que as direções dos homens, se vividas na fé, podem se tornar espaço de trânsito da salvação de Deus, através da Palavra de fé que é um fermento ativo na história, capaz de transformar as situações e de abrir caminhos sempre novas.
Com a chegada de Paulo no coração do Império, termina o relato dos Atos dos Apóstolos, que não se fecha com o martírio de Paulo, mas com a semeadura abundante da Palavra. O término do relato de Lucas, articulado sobre a viagem do Evangelho no mundo, contém e resume todo o dinamismo da Palavra de Deus, Palavra que não para que quer correr para comunicar salvação a todos.
Em Roma, Paulo encontra antes de tudo os seus irmãos em Cristo, que o acolhem e lhe infundem coragem (cfr At 28, 15) e cuja calorosa hospitalidade deixa pensar em quanto fosse esperada e desejada a sua chegada. Depois lhe é concedido morar por conta própria sob custódia militar, isso é, com um soldado que lhe faz guarda, era prisões domiciliares. Apesar de sua condição de prisioneiro, Paulo pode encontrar os notáveis judeus para explicar como foi obrigado a apelar a César e para falar a eles do reino de Deus. Ele procura convencê-los a respeito de Jesus, partindo das Escrituras e mostrando a continuidade entre a novidade de Cristo e a “esperança de Israel” (At 28, 20). Paulo se reconhece profundamente hebreu e vê no Evangelho que prega, isso é no anúncio de Cristo morto e ressuscitado, a realização das promessas feitas ao povo eleito.
Depois deste primeiro encontro informal que encontra os judeus bem dispostos, segue um mais oficial durante o qual, por um dia todo, Paulo anuncia o reino de Deus e procura abrir os seus interlocutores à fé em Jesus, a partir “da lei de Moisés e dos Profetas” (At 28, 23). Porque nem todos são convencidos, ele denuncia o endurecimento do coração do povo de Deus, causa da sua condenação (cfr Is 6, 9-10), e celebra com paixão a salvação das nações que se mostram, em vez disso, sensíveis a Deus e capazes de ouvir a Palavra do Evangelho da vida (cfr At 28, 28).
A este ponto da narração, Lucas conclui a sua obra mostrando-nos não a morte de Paulo, mas o dinamismo da sua pregação, de uma Palavra que “não está acorrentada” (2 Tm 2, 9) -Paulo não tem a liberdade de mover-se, mas é livre para falar porque a Palavra não está acorrentada – é uma Palavra pronta para deixar-se semear pelas mãos do Apóstolo. Paulo o faz “com toda franqueza e sem impedimento” (At 28, 31), em uma casa onde acolhe quantos querem receber o anúncio do reino de Deus e conhecer Cristo. Esta casa aberta a todos os corações em busca é imagem da Igreja que, mesmo sendo perseguida, mal compreendida e acorrentada, nunca se cansa de acolher com coração materno cada homem e cada mulher para anunciar a eles o amor do Pai que se tornou visível em Jesus.
Queridos irmãos e irmãs, ao término deste itinerário, vivido juntos seguindo a corrida do Evangelho no mundo, o Espírito reavive em cada um de nós o chamado a ser evangelizadores corajosos e alegres. Torne capazes também nós, como Paulo, de impregnar as nossas casas de Evangelho e de torná-las cenáculos de fraternidade, onde acolher o Cristo vivo, que “vem ao encontro a nós em cada homem e em cada tempo” (cfr II Prefácio de Advento).