CATEQUESE
Sala Paulo VI – Vaticano
Quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Iniciamos há pouco um caminho de catequeses sobre o tema da esperança, muito apropriado para o tempo do Advento. A nos guiar, esteve até agora o profeta Isaías. Hoje, a poucos dias do Natal, gostaria de refletir de modo mais específico sobre o momento em que, por assim dizer, a esperança entrou no mundo, com a encarnação do Filho de Deus. O próprio Isaías tinha preanunciado o nascimento do Messias em alguns trechos: “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, a ele será dado o nome de Emanuel” (7, 14); e também “Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes” (11, 1). Nestes trechos, transparece o sentido do Natal: Deus cumpre a promessa fazendo-se homem; não abandona o seu povo, aproxima-se até se despojar da sua divindade. De tal modo, Deus mostra a sua fidelidade e inaugura um Reino novo, que dá esperança à humanidade. E qual é esta esperança? A vida eterna.
Quando se fala de esperança, muitas vezes se refere àquilo que não está em poder do homem e que não é visível. De fato, aquilo que esperamos vai além das nossas forças e do nosso olhar. Mas o Natal de Cristo, inaugurando a redenção, nos fala de uma esperança diferente, uma esperança confiável, visível e compreensível, porque fundada em Deus. Ele entra no mundo e nos dá a força de caminhar com Ele: Deus caminha conosco em Jesus e caminhar com Ele rumo à plenitude da vida nos dará a força de estar de modo novo no presente, apesar de cansativo. Esperar, então, para o cristão significa a certeza de estar em caminho com Cristo rumo ao Pai que nos espera. A esperança nunca está parada, a esperança está sempre em caminho e nos faz caminhar. Esta esperança, que o Menino de Belém nos dá, oferece uma meta, um destino bom para o presente, a salvação à humanidade, a bem-aventurança para aqueles que se confiam a Deus misericordioso. São Paulo resume tudo isso com a expressão: “Na esperança fomos salvos” (Rm 8, 24). Isso é, caminhando neste mundo, com esperança, somos salvos. E aqui podemos nos fazer a pergunta, cada um de nós: eu caminho com esperança ou a minha vida interior está parada, fechada? O meu coração é uma gaveta fechada ou é uma gaveta aberta à esperança que me faz caminhar não sozinho, mas com Jesus?
Nas casas dos cristãos, durante o tempo do Advento, é preparado o presépio, segundo a tradição que remonta a São Francisco de Assis. Na sua simplicidade, o presépio transmite esperança; cada um dos personagens está imerso nesta atmosfera de esperança.
Antes de tudo, notemos o lugar onde Jesus nasce: Belém. Pequeno vilarejo da Judeia onde mil anos antes havia nascido Davi, o pastor eleito por Deus como rei de Israel. Belém não é uma capital, e por isso é preferida pela providência divina, que ama agir através dos pequenos e dos humildes. Naquele lugar nasce o “filho de Davi” tão esperado, Jesus, no qual a esperança de Deus e a esperança do homem se encontram.
Depois, olhemos para Maria, Mãe da esperança. Com o seu “sim” abriu a Deus a porta do nosso mundo: o seu coração de moça era cheio de esperança, toda animada pela fé; e assim Deus a escolheu e ela acreditou na sua palavra. Aquela que por nove meses foi a arca da nova e eterna Aliança, na gruta contempla o Menino e vê Nele o amor de Deus, que vem para salvar o seu povo e toda a humanidade. Ao lado de Maria está José, descendente de Jessé e de Davi; também ele acreditou nas palavras do anjo e, olhando para Jesus na manjedoura, medita que aquele Menino vem do Espírito Santo e que o próprio Deus lhe ordenou chamá-lo assim, “Jesus”. Naquele nome há a esperança para cada homem, porque mediante aquele filho daquela mulher, Deus salvará a humanidade da morte e do pecado. Por isso é importante olhar para o presépio!
E no presépio há também os pastores, que representam os humildes e os pobres que esperavam o Messias, o “conforto de Israel” (Lc 2, 25) e a “redenção de Jerusalém” (Lc 2, 38). E naquele Menino veem a realização das promessas e esperam que a salvação de Deus chegue finalmente para cada um deles. Quem confia nas próprias seguranças, sobretudo materiais, não espera a salvação de Deus. Coloquemo isso na cabeça: as nossas seguranças não nos salvarão; a única segurança que nos salva é aquela da esperança em Deus. Salva-nos porque é forte e nos faz caminhar na vida com alegria, com a vontade de fazer o bem, com a vontade de se tornar feliz para a eternidade. Os pequenos, os pastores, em vez disso, confiam em Deus, esperam Nele e se alegram quando reconhecem naquele Menino o sinal indicado pelos anjos (cfr Lc 2, 12).
E justamente o coro dos anjos anuncia do alto o grande desígnio que aquele Menino realiza: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens, que ele ama” (Lc 2, 14). A esperança cristã se exprime no louvor e no agradecimento a Deus, que inaugurou o seu Reino de amor, de justiça e de paz.
Queridos irmãos e irmãs, nestes dias, contemplando o presépio, nos preparamos para o Natal do Senhor. Será realmente uma festa se acolhermos Jesus, semente de esperança que Deus coloca nas nossas histórias pessoal e comunitária. Cada “sim” a Jesus que vem é um broto de esperança. Tenhamos confiança nesse broto de esperança, neste sim: “Sim, Jesus, tu podes me salvar, tu podes me salvar”. Bom Natal de esperança a todos!