Dom João Braz de Aviz tratou de temas como: as Congregações Gerais, o Conclave, o Vaticano, Bento XVI e a postura do novo Papa
Padre Hamilton Nascimento
Enviado especial a Roma
O Cardeal brasileiro Dom João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, participou do Conclave que elegeu o Papa Francisco e conversou com a equipe da TV Canção Nova, em Roma, sobre o atual momento da Igreja. Dom João contou o antes e o depois do Conclave e os desafios que o Papa Francisco terá pela frente. Veja a opinião do cardeal sobre os seguintes temas:
Congregações Gerais
Nas Congregações, nós pudemos abrir as coisas como nós sentíamos no nosso coração. Os que quiseram falar mais tempo falaram e os que quiseram falar mais vezes falaram.
Conclave
É a primeira vez que eu participo de um Conclave. Havia uma abertura muito grande para descobrir um pouco aquilo que Deus queria e identificar a pessoa que pensássemos ser a melhor para esse momento.
Papa Francisco
É uma pessoa muito simples, muito coerente no seu ministério e tem esse desejo enorme de que a Igreja seja dos pobres e com os pobres, no fundo uma Igreja da comunhão. A paz que ele tem, a simplicidade com que ele fala e o amor que demonstra também a todos nós cardeais e a toda a Igreja… Eu não sei, mas tenho, no coração, um momento de muita esperança.
Vaticano
Eu acho que, aos poucos, simplificará mais a Cúria Romana, os relacionamentos serão mais diretos, mais ligados à vida de todo povo de Deus.
Purificação da Igreja
Nós estamos sós, eu penso, no começo. E, em vários campos, temos de modificar nosso modo de ver o poder, voltar ao lava-pés de verdade, aos gestos de lava-pés. Nós temos de ter uma consagração que seja na virgindade ou no casamento, mas que seja leal a toda essa parte da sexualidade dos afetos segundo o Evangelho, que não significa matar tudo isso, mas significa dar a tudo isso uma dimensão humana profunda e dar também uma dimensão divina profunda.
Bento XVI
Eu acho que Bento XVI tem o grande mérito de ter entrado nessa chaga, ele entrou com força, com coragem. Acho que a Igreja foi uma das primeiras instituições a ter coragem de mexer com “a coisa”, claro que não se espera de líderes religiosos que sejam os primeiros a cometer crimes, talvez tínhamos uma visão que precisava ser aperfeiçoada. Defendíamos demais os ministros, mas, talvez, pouco as vítimas; isso está se equilibrando de novo.
Medo
O Papa não tem medo. O Papa não precisa de muita defesa em volta de si. Até os seguranças estão meio perdidos sem saber o que fazer, mas isso para nós é muito importante, o senso da vida, de uma vida simples, da confiança do amor que une a Igreja.
Pós-Modernidade
Os Papas servem realmente ao seu tempo. Nós precisávamos de uma doutrina forte sobre Deus. Bento XVI nos deu isto e, agora, podemos caminhar tranquilos também numa pastoral muito próxima das pessoas.