Francisco encerrou sua visita a Madagascar reunindo-se com os sacerdotes, consagrados e seminaristas no pátio do Colégio São Miguel, em Antananarivo
Da redação, com Vatican News
O encontro com os sacerdotes, religiosos, religiosas, consagrados e seminaristas neste domingo, 8, encerrou a visita do Papa Francisco à capital de Madagascar, Antananarivo. No pátio do Colégio São Miguel, o discurso do Pontífice foi antecedido pela saudação da Irmã Suzanne Marianne Raharisoa, presidente da Conferência das Religiosas. Em seu pronunciamento, Francisco recordou os missionários pioneiros na ilha, entre os quais lazaristas e jesuítas, mas também os inúmeros leigos que, em tempos difíceis de perseguição, mantiveram viva a chama da fé.
“Isto convida-nos a recordar o nosso Batismo, como o primeiro e grande sacramento pelo qual recebemos o selo de filhos de Deus. Tudo o mais é expressão e manifestação deste amor inicial que sempre somos chamados a renovar”, destacou. Como os 72 discípulos de Jesus, o Pontífice afirmou que os consagrados de Madagascar aceitaram o desafio de ser uma Igreja em saída, não obstante careçam dos serviços essenciais – água, eletricidade, estradas, meios de comunicação – ou dos recursos econômicos para gerir a vida e a atividade pastoral.
O Papa então agradeceu pelo testemunho de quem escolheu ficar, sem fazer da vocação um “trampolim para uma vida melhor”. “A pessoa consagrada, no sentido amplo da palavra, é a mulher ou o homem que aprendeu e quer permanecer no coração do seu Senhor e no coração do seu povo”, explicou.
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Francisco advertiu os religiosos e consagrados a não perderem a atitude de louvar ao Senhor, pois com frequência, pode-se sucumbir à tentação de passar horas a falar dos “sucessos” ou dos “fracassos”, da “utilidade” das ações, ou da “influência” que se pode ter. Segundo o Santo Padre, muitas vezes isto leva a sonhar programas apostólicos cada vez maiores, meticulosos e bem elaborados, mas típicos dos generais derrotados. “Louvando, aprendemos a sensibilidade de não ‘perder a bússola’, para não fazer dos meios fins, nem do supérfluo o que é importante”.
Os setenta e dois discípulos, prosseguiu o Papa, estavam conscientes de que o sucesso da missão dependeu do fato de a terem cumprido “em nome do Senhor Jesus”. Não carregavam panfletos de propaganda com o retrato de Cristo, frisou o Pontífice. A alegria dos discípulos nascia da certeza de fazer as coisas em nome do Senhor, de viver o seu projeto, de partilhar a sua vida.
Em do Senhor , garantiu o Santo Padre, os religiosos são vencedores dando de comer a uma criança, salvando uma mãe do desespero de ficar sozinha a cuidar de tudo, dando trabalho a um pai de família”. É uma luta vitoriosa aquela que se combate contra a ignorância, garantindo uma educação, apontou o Papa. Grande sinal de vitória sobre o mal é recobrar a saúde a milhares de pessoas. “Continuem com estas batalhas, mas sempre na oração e no louvor!”, encorajou o Pontífice.
Todavia, Francisco alertou que os religiosos estão sempre à espreita o risco de se tornarem “profissionais do sagrado”, ao invés de serem homens e mulheres de louvor. “Vençamos o espírito do mal no seu próprio terreno, ou seja, onde ele nos convida a apegar-nos a garantias econômicas, a espaços de poder e glória humana, respondamos com a disponibilidade e a pobreza evangélica que nos levam a dar a nossa vida pela missão. Não deixemos que nos roubem a alegria missionária!”, exortou.
Jesus louva o Pai, disse por fim o Papa, porque revelou estas coisas aos “pequeninos”. De acordo com o Santo Padre, estes pequeninos são os consagrados porque a alegria deles está precisamente nesta revelação que Ele fez: a pessoa simples “vê e escuta” aquilo que nem os sábios, nem os profetas, nem os reis podem ver e escutar. “Feliz Igreja dos pobres e para os pobres, porque vive impregnada do perfume do seu Senhor, vive jubilosa, anunciando a Boa Nova aos descartados da terra, àqueles que são os preferidos de Deus”.