Você acredita verdadeiramente naquilo que anuncia? Vive aquilo em que acredita? Foram perguntas feitas por São Paulo VI, resgatadas pelo Papa na catequese desta quarta-feira, 22
Da redação, com Vatican News
Uma obra-prima, a “magna carta” da evangelização no mundo contemporâneo: assim o Papa Francisco definiu a a Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, de São Paulo VI, tema de sua catequese na Audiência Geral desta quarta-feira, 22.
Na Praça São Pedro, diante de milhares de fiéis, o Santo Padre deu continuidade ao ciclo sobre o zelo apostólico, recordando que evangelizar não é uma mera transmissão doutrinal ou moral, mas o testemunho de um encontro pessoal com Jesus Cristo.
Testemunho
“Não se pode evangelizar sem testemunho”, recordou o Pontífice. A coerência é fundamental. A credibilidade não vem ao se proclamar uma doutrina ou uma ideologia, argumentou.
Segundo o Pontífice, uma pessoa é crível se há harmonia entre aquilo que crê e aquilo que vive: como crer e como viver. “Muitos cristãos só dizem crer, mas vivem de outra coisa, como se não fossem. E isto é hipocrisia. O contrário do testemunho é a hipocrisia.”
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Reflexão
O Papa então repropôs três perguntas contidas no documento de Paulo VI: você acredita verdadeiramente naquilo que anuncia? Vive aquilo em que acredita? Prega verdadeiramente aquilo que vive?
Para o Santo Padre, não se pode contentar com respostas fáceis, predefinidas. “Somos chamados a aceitar até o risco desestabilizador da busca, confiando plenamente na ação do Espírito Santo que age em cada um de nós.”
Uma peça de museu
A evangelização, prosseguiu Francisco, pressupõe um caminho de santidade. “Aliás, a santidade é fulcral: sem a santidade, a evangelização corre o risco de ser vã e infecunda. “Palavras, palavras, palavras”, acrescentou.
O Pontífice ressaltou que da santidade nasce o zelo pela evangelização, que, por sua vez, faz crescer cada um dos fiéis em santidade na medida em que, antes de levar o Evangelho aos outros, ele próprio se reconhece como seu destinatário.
Em outras palavras, o Santo Padre afirmou que é preciso ter consciência de que os destinatários da evangelização não são somente os outros, aqueles que professam outras crenças ou que não as professam, mas todo o Povo de Deus.
“Devemos nos converter todos os dias, acolher a Palavra de Deus e mudar de vida: todos os dias. E assim se faz a evangelização do coração. (…) Para dar este testemunho, também a Igreja, enquanto tal, deve começar com a evangelização de si mesma. Se a Igreja não evangeliza a si mesma, permanece uma peça de museu.”
“Devemos nos converter todos os dias, acolher a Palavra de Deus e mudar de vida: todos os dias. E assim se faz a evangelização do coração. (…) Para dar este testemunho, também a Igreja enquanto tal deve começar com a evangelização de si mesma. Se a Igreja não evangeliza a si mesma permanece uma peça de museu”
– Papa Francisco
Sem o Espírito Santo, a Igreja faz só propaganda
Uma Igreja que se evangeliza para evangelizar é uma Igreja que, guiada pelo Espírito Santo, é chamada a percorrer um caminho exigente, de contínua conversão e renovação, disse o Papa.
De acordo com Francisco, é preciso ter a capacidade de mudar os modos de compreender e viver a sua presença evangelizadora na história, evitando refugiar-se nos âmbitos protegidos da lógica do “sempre se fez assim”, uma mentalidade definida pelo Papa como “refúgios que adoecem a Igreja”. “A Igreja deve ir adiante, deve crescer continuamente, assim permanecerá jovem.”
O Pontífice então concluiu: “A Igreja deve ser uma Igreja que dialoga com o mundo contemporâneo, que encontra, todos os dias, o Senhor e dialoga com ele, deixa entrar o Espírito Santo que é o protagonista da evangelização. Sem o Espírito Santo, nós podemos somente fazer propaganda da Igreja, não evangelizar. É o Espírito em nós que nos impulsiona para a evangelização, e a esta é a verdadeira liberdade dos filhos de Deus.”