Carta ao Comitê Nazarat

A humanidade tem necessidade da Boa Nova da paz, reforça Papa

Francisco escreveu ao Comitê “Nazarat” que, há 10 anos, após a expulsão dos cristãos da Planície de Nínive, no Iraque, promove a oração do Rosário pelos perseguidos no mundo

Da redação, com Vatican News

Foto: REUTERS – Guglielmo Mangiapane

O Papa Francisco enviou uma mensagem nesta sexta-feira, 16, ao “Comitê Nazarat para os Cristãos Perseguidos” por ocasião dos “Dez anos de rosários na praça de Rimini” pela paz no mundo. Trata-se de uma iniciativa de oração que, desde 2014, se realiza no dia 20 de cada mês na cidade italiana de Rimini e em outras cidades. No dia 20 de agosto, também estará presente o bispo de Rimini, Dom Nicolò Anselmi.

A iniciativa nasceu em agosto de 2014, após a expulsão dos cristãos da Planície de Nínive, no Iraque, pelo Isis (Estado Islâmico), ocorrida entre 6 e 7 de agosto daquele ano. O evento é chamado de “Apelo ao Humano”, porque a oração é por todos os perseguidos, cristãos e não-cristãos, pois está em jogo o ser humano.

Nesses dez anos, a iniciativa Nazarat de Rimini recolheu milhares de euros em ajuda para apoiar centenas de famílias vulneráveis, especialmente na Síria e no Iraque.

Agradecimento do Papa

No texto enviado ao coordenador do Comitê Nazarat para os Cristãos Perseguidos, Marco Ferrini, o Papa ressalta que foi informado, através de uma carta a ele enviada, sobre as iniciativas de sensibilização realizadas pelo Comitê Nazarat para os Cristãos Perseguidos que deu uma atenção particular “aos afetados por terríveis conflitos. O senhor quis “partilhar comigo a alegria vivida durantes estes dez anos, desde o nascimento da proposta de oração mariana promovida por vocês em muitas cidades do mundo”, afirmou Francisco. 

“Obrigado pelo testemunho de caridade amável, de proximidade e sobretudo de união à dor das populações feridas pela injustiça, pela opressão, pelo ódio e pela ganância. Toda a humanidade, hoje, mais do que nunca, tem necessidade da Boa Nova da paz, e cada cristão é chamado a anunciá-la e partilhá-la.”

O Pontífice frisou que espera que todos aqueles que participam dos momentos de oração, com os corações ardentes e cheios do Espírito, continuem sendo promotores de uma cultura de respeito por todos, de acolhimento e de uma fraternidade inclusiva, onde todos possam saborear o pão da comunhão e a alegria da solidariedade.

Invocar a ajuda de Maria

O Papa os exorta a invocar a ajuda da Virgem Maria, Mãe do Socorro, para que ela os acolha sob seu manto e os sustente na provação. “Que ela acenda a luz da esperança em nossas almas para que possamos ousar por um futuro de serenidade e harmonia”.

Com estes sentimentos, Francisco concluiu sua mensagem, enviando sua bênção, extensiva aos membros do Comitê e a quantos participarão da feliz ocasião, pedindo-lhes que continuem rezando por ele.

Patriarca Younan: a coragem de rezar pela paz nas praças

“Estou profundamente grato por sua solidariedade e sua sincera compaixão pelos seus irmãos e irmãs perseguidos até ao martírio por amor de Jesus.” Assim como o Papa, o patriarca de Antioquia dos Sírios, Ignatius Youssef III Younan, expressou numa mensagem a sua proximidade à iniciativa de oração de Rimini, definida por ele como um “encontro corajoso”, porque leva às ruas uma oração pela paz.

O Patriarca assegurou que sua Igreja sírio-católica de Antioquia está “sofrendo muito”, recordando o “desenraizamento criminoso” dos cristãos da Planície de Nínive, ocorrido entre 6 e 7 de agosto de dez anos atrás pelos milicianos do Estado Islâmico. “Um grande número está agora espalhado pelo mundo”, lembrou, renovando o apelo a “ser firmes na fé e na esperança”.

Pároco de Aleppo: a sua solidariedade nos ajuda a não desesperar

Uma mensagem articulada também chega ao Comitê Nazarat do franciscano Bahjat Karakach, pároco da comunidade latina de Aleppo, que forneceu uma visão sobre o que cerca de treze anos de guerra deixaram como um legado dramático para a Síria.

“Hoje, nuvens escuras de guerra, violência e destruição, ocupação ilegítima e formas de extremismo religioso se acumularam sobre esta região”, no “silêncio indiferente ou cúmplice de muitos, especialmente daqueles que têm o poder de fazer algo e não o fazem”. “Ainda vivemos em condições muito difíceis” e os esforços da Igreja local, visam quase todos “incentivar os jovens a permanecerem em nosso país e a serem proativos em contribuir para o seu ressurgimento”.

Padre Karakach tem, portanto, grande apreço pela oração promovida no dia 20 de cada mês em Rimini e agora em muitas outras praças da Itália, que convida a “não parar”. “É um dom precioso para nós, que muitas vezes nos sentimos esquecidos pelo mundo, ter pessoas atenciosas como vocês, que pensam em nós e trabalham para nos ajudar”, escreveu o pároco de Aleppo, afirmando que deste testemunho de solidariedade vem um “impulso não indiferente” para “continuar a nossa luta cotidiana e procurar de todas as formas superar as imensas dificuldades de sobrevivência, tanto materiais quanto também de identidade de uma comunidade milenar que corre o risco de extinção. A sua proximidade é um verdadeiro dom de comunhão em Cristo, uma comunhão que supera todos os confins criados pelo ódio e pela indiferença”.

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