“A boa ajuda é feita apenas pela própria vulnerabilidade. É o encontro de feridas diferentes, de fraquezas diferentes, mas somos todos fracos, somos todos vulneráveis”, disse o Papa na “Cittadella da Caridade”, na tarde desta sexta-feira, 29
Da redação, com Vatican Media
O Papa Francisco visitou a “Cittadella” da Caridade, na tarde desta sexta-feira, 29, situada a leste de Roma, na via Casilina Vecchia.
O encontro realizou-se por ocasião dos 40 anos de fundação da Caritas de Roma. Um evento cheio de momentos e encontros que teve início com a visita do Papa aos lugares e realidades dentro dessa grande estrutura.
Acompanhado pelo diretor da Caritas de Roma, pe. Benoni Ambarus, o Papa rezou na capela de Santa Jacinta onde o altar e o ambão foram realizados pelo sacerdote italiano mártir na Turquia, pe. Andrea Santoro, assassinado em 5 de fevereiro de 2006. Foi acolhida com atenção a apresentação do consultório dentário em que mais de 40 dentistas voluntários acompanham gratuitamente mais de 350 pacientes e trabalham para dar novamente aos pobres, muitos deles menores, o sorriso que a vida dura nas ruas cancelou. Outra etapa foi o Armazém da Solidariedade: primeiro supermercado gratuito nascido na Itália. Em 2018, foram distribuídas mais de 490 toneladas de alimentos, por um valor estimado de 770 mil euros.
Os hóspedes da Casa Santa Jacinta aguardaram com emoção a entrada do Papa Francisco no refeitório. Idosos, migrantes e crianças que quebraram os esquemas, se juntaram em torno do Pontífice e doaram a ele presentes e sorrisos. Fizeram também alguns selfies com Francisco. Depois de saudar todos os presentes, quase um por um, o Papa deixou a seguinte mensagem no refeitório da “Cittadella” da Caridade:
“Obrigado a todos pelo acolhimento. Estou feliz em vê-los aqui. Muito obrigado! Permaneçam juntos, ajudando um ao outro, porque isso faz bem ao coração. Quando o coração para, não há vida. O coração da amizade deve estar sempre em movimento, porque assim há vida. Este é o sinal de fraternidade, de amizade. Obrigado por estarem aqui e rezem por mim. Que Deus abençoe a todos vocês. Obrigado.”
Os testemunhos de Ornella e Alessio, uma voluntária da Caritas e um hóspede que foi tirado das ruas, tocaram o coração do Santo Padre que em seu discurso disse:
“A vulnerabilidade une a todos nós. Todos somos vulneráveis e para trabalhar na Caritas é preciso reconhecer essa palavra, mas reconhecê-la que se fez carne no coração. Vir pedir ajuda é dizer: “Sou vulnerável” e a boa ajuda é feita apenas pela própria vulnerabilidade. É o encontro de feridas diferentes, de fraquezas diferentes, mas somos todos fracos, somos todos vulneráveis. Deus também se fez vulnerável por nós. É um de nós e sofreu: não teve uma casa para nascer, foi perseguido, fugiu para outro país e foi migrante, sofreu a pobreza. Deus se fez vulnerável.”
Segundo Francisco, é por isso que podemos falar com Jesus, porque Ele é um de nós!
Podemos ter intimidade com Jesus porque Ele é um de nós itinerante. Caminhar com Jesus na vida porque temos a mesma carteira de identidade: vulneráveis, amados e salvos por Deus. Este é o caminho. Não é possível ajudar os pobres, se aproximar dos pobres com distância. É preciso tocar, tocar as chagas. São as chagas de Jesus.
Precisamos de salvação
“Cada um tem sua própria vulnerabilidade, mas o sobrenome é o mesmo: vulnerável”, frisou o Papa. Isso significa que “precisamos de salvação, precisamos de cuidados e Deus não faz a salvação com um decreto. Deus faz a salvação caminhando conosco, aproximando-se de nós em Jesus.”
O presidente da Caritas de Roma, pe. Benoni Ambarus, pediu ao Papa para dizer algumas palavras em relação à Caritas dos próximos 40 anos. “O que é essencial?”, perguntou o sacerdote. E o Papa lhe respondeu:
“O Evangelho deve ser anunciado com o testemunho, não com argumentos, proselitismo. Jesus nos deixou um exemplo de testemunho para os próximos 40 anos: aquele homem”, disse o Papa referindo-se ao Bom Samaritano, “encontra um homem ferido na estrada que caiu nas mãos de assaltantes. Ele cuida desse homem e o leva para uma pensão. Diz ao dono da pensão para cuidar dele e que quando voltasse pagaria tudo o que foi gasto. Mas o que deve ter pensado o dono da pensão? Esse aí é louco! Esta é a palavra que eu gostaria de lhes dizer: loucura. Loucura de amor, loucura para ajudar, loucura para partilhar a própria vulnerabilidade com os vulneráveis. Não sei. Loucura. “Mas esses padres, ao invés de ficarem na igreja, rezando missa, tranquilos, fazem todo esse movimento. São loucos”. “Muito bem. São loucos” Este é o programa: louco. Pensem no dono da pensão.”