Danusa Rego
Da Redação
Em meio a luzes e velas, Bento XVI presidiu a abertura da Vigília de oração pela beatificação do Cardeal John Henry Newman, no Hyde Park, em Londres. Mesmo diante de protestos e até ameaças, o Pontífice não alterou sua agenda, finalizando o terceiro dia de sua visita ao Reino Unido.
O silêncio absoluto da multidão de cerca de 80 mil pessoas durante o discurso do Papa chamou a atenção, com destaque para as reflexões que fez acerca da vida de Newman e da Palavra de Deus. “Não podemos guardar para nós mesmos a verdade que nos faz livres”, afirmou.
A Missa com Beatificação do Cardeal inglês acontece amanhã, em meio ao programa de atividades do quarto dia da visita do Papa.
“O drama da vida de Newman nos convida a analisar nossas vidas, ver o horizonte amplo do plano de Deus e crescer em comunhão com a Igreja de cada tempo e lugar: a Igreja dos Apóstolos, a Igreja dos mártires, Igreja dos santos, a Igreja cuja missão Newman amou e dedicou sua vida inteira”, disse.
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O Santo Padre refletiu sobre aspectos da vida de Newman relevantes para a vida do homem contemporâneo, como sua conversão, ainda jovem, embasada na Palavra de Deus, e assinalou quee esta experiência foi tão forte que o levou a ser um ministro da Igreja fiel à tradição apostólica.
Bento XVI explicou que, no fim de sua vida, o Cardeal motivou as pessoas a lutarem contra a crescente de que a religião seria algo particular e subjetivo, uma questão de opinião pessoal.
“Não muito longe daqui, em Tyburn, um número grande de irmãos e irmãs morreram por sua fé. Seu testemunho de fidelidade até o fim era mais poderoso que as palavras inspiradas que muitos deles falaram antes de entregar tudo ao Senhor”, disse o Papa, assinalando que a fidelidade ao Evangelho hoje pode não custar enforcamento ou esquartejamento, mas a exclusão e ridicularização, e que isso não pode ser motivo para “escapar da missão de anunciar Cristo e o seu Evangelho”.
Vida profética
Ainda falando de Newman, “grande apoiador da missão profética dos cristãos leigos”, o Papa afirmou: “Cada um dos nossos pensamentos, palavras e ações deve buscar a glória de Deus e a extensão do seu Reino”.
Com relação à Palavra proclamada (Ef 3,14-21) na Vigília, Bento XVI afirmou que o amor é a verdade que transcende toda a filosofia. “O apóstolo Paulo deseja que Cristo habite em nossos corações pela fé e que compreendamos com todos os santos qual a largura, comprimento, altura e profundidade do amor”.
Missão e jovens
O Pontífice recordou-se de uma das meditações de Newman, que diz: “Deus me criou para uma missão específica. Fui incumbido de uma tarefa que não é de outra pessoa”. Assim, o Santo Padre orientou que a fé visa a dar frutos na transformação do nosso mundo através do poder do Espírito Santo, que age na vida e obra dos fiéis.
“Sabemos que em tempos de crise e confusão, Deus tem levantado grandes santos e profetas para a renovação da Igreja e da sociedade cristã […]. Cada um de nós, de acordo com seu estado de vida, é chamado para trabalhar para o progresso do Reino de Deus […]. Cada um de nós é chamado a mudar o mundo, a trabalhar para uma cultura da vida, uma cultura forjada por amor e respeito pela dignidade de cada pessoa humana”.
Finalmente, ele dirigiu-se aos jovens: “Só Deus sabe a missão concreta que tem para vós. Deixai a voz de Deus ressoar nas profundezas do vosso coração. Agora mesmo, Deus está falando ao vosso coração […]. Não tenhais medo de dar-se totalmente a Jesus. Ele lhe dará a graça que você precisa para atender ao seu chamado”.
Ao final, convidou-os para a Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em Madri (Espanha), no próximo ano.