Na íntegra

Discurso do Secretário de Estado vaticano às autoridades mexicana

Senhor Presidente,
Distintas Autoridades,
Senhores Cardeais,
Senhor Arcebispo de León,
Senhor Arcebispo de Tlalnepantla e Presidente da Conferência Episcopal Mexicana e do Conselho Episcopal Latino-Americano,
Amados Irmãos no Episcopado!

Dou graças a Deus que nos reuniu à volta desta mesa, para compartilharmos na ceia um momento de amizade. Agradeço vivamente a quem o tornou possível, bem como os nobres sentimentos que o motivaram.

A visita de Sua Santidade Bento XVI ao México é ocasião de profunda alegria, por ver como esta amada nação uma vez mais abriu de par em par as suas portas ao Sucessor de Pedro, manifestando assim a grandeza de espírito dos seus filhos, a sua esmerada hospitalidade e a vigorosa fé católica arraigada neles.
Comemorando-se neste ano o vigésimo aniversário do estabelecimento de Relações diplomáticas entre o México e a Santa Sé, a presença das distintas Autoridades que nos honram com a sua grata companhia ressalta que tanto a Igreja como o Estado têm em comum – cada qual segundo a sua missão específica – a tarefa de salvaguardar e tutelar os direitos fundamentais das pessoas. Entre eles, sobressai a liberdade do homem para procurar a verdade e professar as próprias convicções religiosas, tanto em privado como em público; este direito deve ser reconhecido e garantido pelo ordenamento jurídico. E é desejável que, no México, este direito fundamental se consolide cada vez mais, na certeza de que este direito vai muito para além da mera liberdade de culto. Na realidade, engloba todas as dimensões da pessoa humana, chamada a dar razão da sua própria fé e a anunciá-la e partilhá-la com outros – sem a impor – como o dom mais precioso recebido de Deus.

Também as funções diplomáticas se devem radicar na promoção desta grande causa comum, à qual o cristianismo pode oferecer um válido contributo, porque é «uma religião de liberdade e de paz e está ao serviço do verdadeiro bem da humanidade» (Bento XVI, Discurso ao Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé, 8 de Janeiro de 2009). Por isso, a Igreja não cessa de exortar a todos para que a atividade política seja um serviço prestimoso e totalmente dedicado aos cidadãos e não se transforme numa luta de poder ou numa imposição de sistemas ideológicos rígidos, que tantas vezes têm como resultado posições radicais em amplos setores da população.

Neste sentido, os Bispos aqui presentes são expoentes do compromisso da Igreja Católica na valiosa tarefa de trabalhar pelo homem, por quem Jesus Cristo deu a vida. Em cada geração, a Igreja escreveu uma página desta história de serviço à humanidade. Algumas linhas são obra dos santos, outras dos mártires. Nesta história, não faltaram Pastores corajosos, religiosos exemplares, jovens de voz profética, testemunhas valorosas da caridade e fiéis leigos que, às vezes com grande simplicidade, estenderam a mão e abriram a sua casa ao irmão necessitado. Quis-se, através de muitas e variadas expressões, descrever a beleza do cristianismo quando abraça todo o homem ou mulher, sem olhar à sua raça, língua ou classe social. Para isso concorreram quer a dimensão duma fé profundamente professada e celebrada como se constata no México e em toda a América Latina, quer os mais variados projetos de solidariedade que animaram tantos a sair do egoísmo para ajudar nas necessidades sociais mais basilares e urgentes. Não podemos esquecer as iniciativas que visam a promoção dos direitos de cada homem e de cada povo, a defesa da sua liberdade e o cultivo da arte e da cultura.

Se, nesta missão, houve alguma sombra, isso não ofusca o esplendor do Evangelho, sempre presente para purificar e iluminar o nosso caminho, que hoje passa por esta revitalização da fé a que Sua Santidade Bento XVI não se cansa de nos convidar.

Com estes votos, levanto a minha taça, e convido-vos a fazer o mesmo, para brindar pelo Santo Padre: Que Deus O conserve e proteja sempre! Brindo também pelo México, terra abençoada por Nossa Senhora de Guadalupe, e pelos seus filhos e filhas que souberam conquistar o afecto de Bento XVI. Brindo por todos os queridos países irmãos da América Latina e do Caribe. Renovo a minha gratidão pelas contínuas e delicadas atenções recebidas nestes dias e exprimo a todos vós a minha amizade e reconhecimento por este esplêndido serão. Muito obrigado!

Card. Tarcisio Bertone, S.D.B.

     

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