Em visita à Prefeitura de Roma nesta segunda-feira, 10, Francisco destacou espírito de universalidade da cidade e anunciou decisão para Jubileu 2025
Da Redação, com Vatican News
O Papa Francisco visitou a Prefeitura de Roma na manhã desta segunda-feira, 10. No Capitólio, o Pontífice foi recebido pelo prefeito da cidade, Roberto Gualtieri. Após uma conversa privada, seguiu para a Assembleia Capitolina na Sala Júlio César, onde fez um breve discurso.
A última vez que o Santo Padre esteve no Capitólio romano foi em 26 de março de 2019. Ele agradeceu aos presentes pelo convite a retornar e destacou, de início, a “constante vocação de universalidade” de Roma.
“Para os fiéis cristãos”, acrescentou, “esse papel não foi fruto do acaso, mas correspondeu a um desígnio providencial”. Segundo Francisco, essa aspiração ajuda a explicar a rápida disseminação da mensagem cristã na sociedade romana, que já havia atingido o auge de seu florescimento:
“O testemunho brilhante dos mártires e o dinamismo da caridade das primeiras comunidades de crentes interceptaram a necessidade de ouvir novas palavras, palavras de vida eterna: o Olimpo – destacou – já não era suficiente, era necessário ir ao Gólgota e ao túmulo vazio do Ressuscitado para encontrar as respostas para o anseio por verdade, justiça e amor. Essa Boa Nova, a fé cristã, com o tempo permearia e transformaria a vida das pessoas e das próprias instituições”, declarou o Papa.
Respeito à dignidade humana
Tal Boa Nova, prosseguiu, “teria oferecido às pessoas uma esperança muito mais radical e sem precedentes”. Como exemplo, o Pontífice citou a escravidão, sinal de que mesmo civilizações desenvolvidas podem ter elementos culturais tão enraizados na mentalidade dos indivíduos que já não são compreendidos como contrários à dignidade do ser humano.
Este fato, continuou o Santo Padre, “também ocorre em nossos tempos, quando, quase inconscientemente, às vezes corremos o risco de ser seletivos e parciais na defesa da dignidade humana, marginalizando ou descartando certas categorias de pessoas, que acabam se encontrando sem proteção adequada”.
Depois desse tempo, a “Roma dos Césares” foi sucedida pela “Roma dos Papas” que, em alguns séculos, também tiveram que desempenhar um papel de substituto dos poderes civis. Avançando na história, Francisco recordou a Concordata entre o poder civil e a Santa Sé, após a unificação italiana. O episódio ficou conhecido como “Questão Romana” e comemora, neste ano, seu 95º aniversário.
Prisão terá Porta Santa
Atualmente, Roma se prepara para receber o Jubileu 2025. Esse evento, de natureza religiosa, não pode deixar de envolver também a cidade em termos de cuidados e obras necessárias para acolher os muitos peregrinos que a visitarão. “Portanto”, adicionou, “o próximo Jubileu também pode ter um impacto positivo na própria face da cidade, melhorando seu decoro e tornando os serviços públicos mais eficientes, não apenas no centro, mas também aproximando o centro e os subúrbios”.
Tudo isso só será possível com a cooperação ativa e generosa das Autoridades do Município Capitolino e das autoridades nacionais, pontuou o Papa. O espírito universal, sinalizou, quer estar a serviço da caridade, a serviço da acolhida e da hospitalidade.
“Que Roma continue a mostrar sua verdadeira face, uma face acolhedora, hospitaleira, generosa e nobre”
– Papa Francisco
“A autoridade é plenamente tal quando está a serviço de todos, quando usa seu poder legítimo para atender às necessidades dos cidadãos e, em particular, dos mais fracos, dos últimos”, explicou o Pontífice, frisando que essa proximidade com o povo de Deus para servi-lo também é para os sacerdotes. Diante disso, anunciou que decidiu abrir uma Porta Santa em uma prisão.
O Santo Padre encerrou sua fala pedindo a intercessão da Virgem Maria, Salus Populi Romani, para que “vele sobre a cidade e o povo de Roma, infunda esperança e suscite caridade, para que, confirmando suas mais nobres tradições, continue a ser, também em nosso tempo, um farol de civilização e promotora da paz”.