Na Audiência Jubilar dos Migrantes e do Mundo Missionário, o Papa recorda Santa Clara de Assis como modelo de corajosa vivência do Evangelho
Da redação, com Vatican News

O Papa Leão XIV segura uma criança no dia em que realiza uma audiência para o Jubileu dos Migrantes / Foto: Ciro De Luca – Reuters
O Papa Leão XIV presidiu, neste sábado, 4, na Praça São Pedro, a Audiência Jubilar por ocasião do Jubileu do Mundo Missionário e do Jubileu dos Migrantes que se realizam neste fim de semana, 4 e 5 de outubro.
“Queridos amigos, vocês vieram como peregrinos de esperança, e o Jubileu é um tempo de esperança concreta, em que o nosso coração pode encontrar perdão e misericórdia, para que tudo possa recomeçar”, disse o Pontífice no início de sua catequese.
“O Jubileu também abre para a esperança de uma distribuição diferente das riquezas, para a possibilidade de que a Terra seja todos, porque na realidade não é assim. Este ano, devemos escolher a quem servir: à justiça ou à injustiça, a Deus ou ao dinheiro.”
Esperar é escolher
“Esperar é escolher”, disse o Papa Leão. “Isso significa pelo menos duas coisas. A mais evidente é que o mundo muda se nós mudarmos. É por isso que fazemos a peregrinação, é uma escolha. Passamos pela Porta Santa para entrar num tempo novo”, ressaltou.
“O segundo significado é mais profundo e sutil: esperar é escolher, porque quem não escolhe se desespera”, frisou o Pontífice.
“Uma das consequências mais comuns da tristeza espiritual, ou seja, da acídia, é não escolher nada. Quem a experimenta é tomado por uma preguiça interior que é pior que a morte. Esperar, no entanto, é escolher.”
Clara de Assis soube escolher
A seguir, o Papa recordou “uma mulher que, com a graça de Deus, soube escolher. Uma jovem corajosa e contracorrente: Clara de Assis”. Leão XIV manifestou alegria de falar sobre Clara de Assis no dia da festa de São Francisco. “Sabemos que Francisco, ao escolher a pobreza evangélica, teve que romper com a família”, frisou Papa, recordando que “a escolha de Clara foi ainda mais impressionante: uma jovem que queria ser como Francisco, que queria viver, como mulher, livre como aqueles irmãos”.
De acordo com Leão XIV, “Clara entendeu o que o Evangelho exige. Mas mesmo numa cidade que se considera cristã, o Evangelho levado a sério pode parecer uma revolução. Assim como naquele tempo, hoje também é preciso escolher! Clara escolheu, e isso nos dá uma grande esperança”.
“Vemos duas consequências de sua coragem em seguir esse desejo: a primeira é que muitas outras jovens daquele território encontraram a mesma coragem e escolheram a pobreza de Jesus, a vida das Bem-Aventuranças; a segunda consequência é que essa escolha não foi passageira, mas perdura no tempo, até nós. A escolha de Clara inspirou escolhas vocacionais em todo o mundo e continua inspirando até hoje.”
A Igreja é jovem e atrai os jovens
O Papa recordou as palavras de Jesus que diz: “Não se pode servir a dois senhores”. “Por isso, a Igreja é jovem e atrai os jovens. Clara de Assis nos lembra que o Evangelho atrai os jovens”, disse ainda Leão, ressaltando que “continua sendo assim, pois os jovens gostam de pessoas que escolheram e sofreram as consequências de suas escolhas”. “Isso faz com que outros queiram escolher. É uma imitação santa: não nos tornamos “fotocópias”, mas cada pessoa — quando escolhe o Evangelho — escolhe a si mesma. Perde-se e encontra-se. A experiência mostra: é assim que acontece”, destacou.
Por fim, o Papa convidou “a rezar pelos jovens, rezar para sermos uma Igreja que não serve ao dinheiro ou a si mesma, mas ao Reino de Deus e à sua justiça. Uma Igreja que, como Santa Clara, tem a coragem de habitar a cidade de forma diferente”.