PEREGRINAÇÃO JUBILAR

Papa aos toscanos: ser Igreja nas casas, nas fábricas, “junto ao homem”

Leão XIV recebeu fiéis das dioceses da Toscana, juntamente com os peregrinos de Camerino-San Severino Marche, Fabriano-Matelica, Lanciano-Ortona e San Severo

Da redação, com Vatican News

Leão XIV gesticula do Papamóvel, ao chegar para saudar os peregrinos das Dioceses da Toscana / Foto: Matteo Minnella – Reuters

“Exorto-os a ser uma Igreja próxima do mundo do trabalho, compassiva e encarnada, para que o anúncio do Evangelho se torne presença concreta de consolação e esperança, mas também palavra profética que relembre a importância de garantir trabalho a todos, pois ele “é uma dimensão indispensável da vida social”. Foi o que disse o Papa Leão XIV recebendo na manhã deste sábado, 11, no Vaticano os fiéis das dioceses da Toscana, juntamente com os peregrinos de Camerino-San Severino Marche, Fabriano-Matelica, Lanciano-Ortona e San Severo.

A peregrinação jubilar, disse o Papa aos presentes, é uma bela ocasião para renovarmos juntos a profissão de fé e para expressarmos também a dimensão comunitária e eclesial do seguimento cristão; de fato, a única Igreja de Cristo encarna-se em realidades particulares como as dioceses, mas ela também nos chama à catolicidade, a nos sentirmos uma única família de filhos de Deus além das fronteiras estabelecidas, vencendo a tentação de uma pertença identitária fechada e vivendo a comunhão.

Trata-se de uma fronteira necessária, sobretudo em relação aos desafios da evangelização. Certamente, a experiência existencial, social e eclesial de suas dioceses é diferente, uma vez que vocês provêm de três regiões italianas que têm sua própria história: no entanto, mesmo que com ênfases diferentes, todos nós somos chamados a questionar-nos e a imaginar novos caminhos pastorais para um anúncio renovado do Evangelho, sobretudo para abordar alguns temas como a catequese da iniciação cristã, o declínio das vocações ao ministério ordenado, a participação ativa dos leigos na vida eclesial, a presença das comunidades na vida das famílias, dos pobres, do mundo do trabalho, e assim por diante.

Em algumas regiões italianas — entre elas a Toscana e as Marcas —, disse o Papa, foi iniciado também um processo de unificação das dioceses que, por um lado, pode fazer emergir algumas potencialidades pastorais, não tanto em termos numéricos, mas na qualidade da proposta.

O Papa então se dirigiu de modo particular, ao povo da Toscana, sendo esta a peregrinação jubilar da região. “A terra de vocês, situada no centro da Itália, extraordinário berço de cultura e arte que conserva as marcas indeléveis da Idade Média e do Renascimento e que deu à luz figuras ilustres como Dante Alighieri, Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti e muitos outros, é também herdeira de uma rica história cristã, na qual amadureceu a semente da santidade de Santa Catarina de Siena, Santa Gemma Galgani e outros, assim como se podem mencionar numerosas figuras de importantes Pontífices.

A riqueza dessa herança, naturalmente, não deve nos fazer ficar olhando para trás, limitando-nos a admirar o esplendor do passado e subestimando os desafios do presente. Hoje, mesmo diante da boa vontade e da generosidade que caracterizam o seu povo, não faltam questões que evidenciam uma certa crise de fé e de prática religiosa, e que exigem um investimento corajoso na formação cristã e um novo entusiasmo na evangelização.

Gostaria, porém, de exortá-los a assumir, como Igreja local, o estilo da proximidade, ouvindo as dificuldades e os esforços das pessoas. Digo isso pensando sobretudo nas notícias preocupantes que dizem respeito a diversos setores do mundo do trabalho.

A comunidade cristã, diante das consequências negativas da crise ocupacional e social, diante das perspectivas incertas do futuro, é chamada a exercer, com generosa paixão, um papel múltiplo, estudando os problemas, elaborando soluções, assumindo suas responsabilidades: em suma, ela deve ser Igreja no território, ou seja, Igreja nas casas, Igreja nas fábricas, Igreja “junto ao homem”.

“Caríssimos, algumas urgências pastorais e sociais sobre as quais desejei deter-me, embora de maneiras diferentes e segundo prioridades diferentes, interessam a todas as Igrejas locais e chamam cada uma de nossas comunidades cristãs a um despertar da evangelização e a um discernimento sobre as formas de presença eclesial no território”.

Don Lorenzo Milani, profeta da Igreja toscana e italiana, que o Papa Francisco definiu como “testemunha e intérprete da transformação social e econômica”, tinha como lema “I care”, ou seja, “eu me importo”, me interessa, me é caro. Eis, exorto-os a não permanecerem na estagnação e a fazerem a vossa parte para delinear o rosto de uma Igreja que tem a vida das pessoas no coração, em particular dos mais pobres. Confio-os à intercessão da Virgem Maria e abençoo-os com também as suas comunidades.

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