Jubileu

Papa aos seminaristas: invistam em maturidade, rejeitem toda a hipocrisia

Em evento jubilar, seminaristas de várias partes do mundo se reuniram com Leão XIV; “vocês alimentam a chama da esperança na vida da Igreja!”, disse o Pontífice

Da Redação, com Vatican News

Papa durante audiência com os seminaristas /Foto: REUTERS/Remo Casilli

O Papa se reuniu com milhares de seminaristas na Basílica de São Pedro – presentes em Roma para o seu Jubileu, juntamente com seus formadores. A eles, Leão XIV fez uma meditação, na qual agradeceu por terem dito seu “sim”, com humildade e coragem, a essa aventura fascinante da vocação sacerdotal num tempo difícil: “Obrigado, porque com essa energia vocês alimentam a chama da esperança na vida da Igreja!”.

Jesus, afirmou o Santo Padre, chama os seminaristas a viverem uma experiência de amizade com Ele, uma experiência destinada a crescer de modo permanente mesmo depois da ordenação, de modo que se tornem pessoas e sacerdotes felizes, pontes e não obstáculos para os outros ao encontro com Cristo. Nesta caminhada, ressaltou a importância de dirigir toda a atenção para o centro, isto é, o coração.

“O seminário deve ser uma escola dos afetos. Hoje de modo especial, num contexto social e cultural marcado pelo conflito e pelo narcisismo, precisamos aprender a amar e fazê-lo como Jesus. Assim como Cristo amou com coração de homem, vocês são chamados a amar com o Coração de Cristo!”

Que os seminaristas tenham “perfume de Evangelho”

Para isso, acrescentou o Pontífice, é preciso trabalhar a própria interioridade, onde Deus “faz ouvir a sua voz” e de onde saem as decisões mais profundas. É um local de tensões e lutas, que devem ser convertidas para que toda a humanidade dos candidatos ao sacerdócio tenha o perfume do Evangelho. Cuidando das feridas do próprio coração, os seminaristas aprenderão a estar ao lado de quem sofre. “Sem a vida interior não é possível nem mesmo a vida espiritual, porque Deus nos fala exatamente ali, no coração.”

Aprendendo a conhecer o próprio coração, acrescentou o Papa, não será necessário usar máscaras, bastará seguir o caminho da oração, que conduz à interioridade. “Num período onde estamos hiperconectados, se torna sempre mais difícil fazer a experiência do silêncio e da solidão. Sem o encontro com Ele, não conseguimos nem mesmo conhecer verdadeiramente a nós mesmos.”

O convite de Leão XIV é invocar com frequência o Espírito Santo, para que plasme um coração dócil, capaz de colher a presença de Deus ouvindo também as vozes da natureza, da arte e da cultura e, com elas, os desafios do tempo atual, como a inteligência artificial e as redes sociais. De modo especial, como fazia Jesus, saber ouvir o clamor dos pobres e oprimidos e dos jovens que buscam um sentido para a própria vida. 

Gratidão e generosidade para combater a sede de poder

Além de cuidar do coração, os seminaristas devem aprender também a arte do discernimento. E o Papa pediu que não sejam superficiais, questionando: o que estou vivendo me ensina? Para onde o Senhor está me guiando?

“Caríssimos, tenham um coração manso e humilde como o de Jesus. A exemplo do apóstolo Paulo, vocês possam assumir os sentimentos de Cristo, para progredir na maturidade humana, sobretudo afetiva e relacional. É importante, ou melhor, necessário, desde o seminário, investir no amadurecimento humano, rejeitando todo disfarce e hipocrisia. Mantendo o olhar fixo em Jesus, é preciso aprender a dar nome e voz também à tristeza, ao medo, à angústia, à indignação, levando tudo para a relação com Deus. As crises, os limites, as fragilidades não devem ser escondidos, são antes ocasiões de graça e de experiência pascal.”

Em um mundo onde muitas vezes há ingratidão e sede de poder, disse ainda o Papa, onde por vezes parece prevalecer a lógica do desperdício, os seminaristas são chamados a testemunhar a gratidão e a generosidade de Cristo, a exultância e a alegria, a ternura e a misericórdia do seu Coração; a praticar o estilo de acolhida e proximidade, de serviço generoso e desinteressado.

Leão XIV concluiu fazendo votos de que os seminaristas percorram esse caminho sem especulações, sem nunca se acomodar sendo apenas receptores passivos, mas que se apaixonem pela vida sacerdotal, vivendo o presente e olhando para o futuro com um coração profético. Pediu ainda que o próprio coração se assemelhe sempre mais aos sentimentos do Coração de Cristo: “Aquele Coração que pulsa de amor por vocês e pela humanidade. Bom caminho!”

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo