Na Missa de encerramento do Jubileu dos Diáconos, no Vaticano, Dom Rino Fisichella leu homilia preparada pelo Papa Francisco
Da redação, com Vatican News
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Na Missa de encerramento do Jubileu dos Diáconos foram ordenados 23 novos diáconos permanentes / Foto: Reprodução Vatican Media
O Jubileu dos Diáconos foi encerrado neste domingo, 23, com a Missa na Praça São Pedro, no Vaticano, presidida pelo pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, Dom Rino Fisichella. Durante a celebração foram ordenados 23 novos diáconos permanentes, dentre os quais dois brasileiros.
Devido à internação do Papa Francisco, Dom Rino foi designado para presidir a celebração. Ele leu a homilia preparada pelo Pontífice para a ocasião. Refletindo sobre a gratuidade, a homilia destacou três aspectos: o perdão, o serviço desinteressado e a comunhão.
O perdão
No texto lido por Dom Rino, o Papa destaca que o perdão é uma tarefa essencial do diácono, um elemento indispensável para qualquer caminho eclesial e uma condição para toda a convivência humana.
“Para crescermos juntos, partilhando luzes e sombras, sucessos e fracassos uns dos outros, é necessário saber perdoar e pedir perdão, restabelecendo as relações e não excluindo do nosso amor nem mesmo quem nos ataca e trai”, afirmou.
O Santo Padre destacou que um mundo onde só prevalece o ódio pelos adversários é um mundo sem esperança e sem futuro. Perdoar, portanto, significa “preparar em nós e nas nossas comunidades uma casa acolhedora e segura para o futuro”.
Ele destacou que o diácono, “investido pessoalmente de um ministério que o leva às periferias do mundo, compromete-se a ver – e a ensinar os outros a ver – em cada um, mesmo naqueles que erram e causam sofrimento, uma irmã e um irmão feridos na alma e, por isso mesmo, mais necessitados do que qualquer outro de reconciliação, de orientação e de ajuda”.
“A Primeira Leitura fala-nos desta abertura de coração, apresentando-nos o amor leal e generoso de David por Saul, seu rei, mas também seu perseguidor (cf. 1 Sm 26,2.7-9.12-13.22-23). Mostra-nos ainda, noutro contexto, a morte exemplar do diácono Estêvão, que morre apedrejado, perdoando os seus lapidadores (cf. Act 7, 60). Mas, sobretudo, vemo-la em Jesus, modelo de toda a diaconia, que na cruz, “esvaziando-se” até dar a vida por nós (cf. Fl 2, 7), reza pelos seus algozes e abre as portas do Paraíso ao bom ladrão (cf. Lc 23, 34.43)”, disse.
Serviço desinteressado
Destacando a frase do Evangelho deste domingo: “fazei o bem e emprestai, sem nada esperar em troca” (Lc 6, 35), o Papa explicou que para o diácono, esta atitude não é um “aspecto acessório das suas ações, mas uma dimensão substancial do seu ser”. “Realmente, ele é consagrado para ser, no ministério, ‘escultor’ e ‘pintor’ do rosto misericordioso do Pai, testemunha do mistério de Deus-Trindade”.
O texto cita que em muitas passagens evangélicas Jesus fala de si mesmo sob esta perspectiva (cf Jo 14, 9 / Lc 22, 27 / Mc 10, 45).
“Portanto, irmãos Diáconos, o trabalho gratuito que realizais, como expressão da vossa consagração à caridade de Cristo, é para vós o primeiro anúncio da Palavra, fonte de confiança e de alegria para aqueles que vos encontram. Acompanhai-o tanto quanto possível com um sorriso, sem reclamar e sem buscar reconhecimento, apoiando-vos mutuamente (…) Dessa maneira, a vossa ação unida e generosa será uma ponte que liga o Altar à rua, a Eucaristia à vida cotidiana das pessoas; a caridade será a vossa mais bela liturgia e a liturgia o vosso mais humilde serviço”, enfatizou.
Comunhão
O último ponto destacado na homilia é a gratuidade como fonte de comunhão. O Papa afirmou que “dar sem esperar nada em troca une e cria laços, porque exprime e alimenta um estar juntos que não tem outro fim senão o dom de si e o bem das pessoas”.
“São Lourenço, vosso patrono, quando os seus acusadores lhe pediram para entregar os tesouros da Igreja, mostrou-lhes os pobres e disse: ‘Aqui estão os nossos tesouros!’. É assim que se constrói a comunhão: dizendo ao irmão e à irmã, com palavras, mas sobretudo com ações concretas, tanto pessoalmente quanto em comunidade: ‘tu és importante para nós’, ‘queremos-te bem’, ‘queremos que participes do nosso caminho e da nossa vida’. É isso que fazeis: maridos, pais e avós prontos, no serviço, a alargar as vossas famílias aos necessitados, onde quer que vivais”, indicou.
Por fim, ele afirmou que a missão do diácono, que o retira da sociedade para nela reentrar, tornando-a um lugar cada vez mais acolhedor e aberto a todos, é uma das mais belas expressões de uma Igreja sinodal e ’em saída’.
“Daqui a pouco, alguns de vós, ao receberem o Sacramento da Ordem, ‘descerão’ os degraus do ministério. Digo e sublinho intencionalmente que ‘descerão’, e não que ‘subirão’, pois, com a Ordenação, não se sobe, mas desce-se, torna-se pequeno, abaixa-se e despoja-se. Para usar as palavras de São Paulo, abandona-se, no serviço, o ‘homem da terra’, e se reveste, na caridade, do ‘homem do céu’ (cf. 1 Cor 15, 45-49)”, disse aos novos diáconos permanentes ordenados neste domingo.
O Papa finalizou o texto da homilia, pedindo a todos que se confiem à Nossa Senhora e a São Lourenço. “Que eles nos ajudem a viver o nosso ministério com um coração humilde e cheio de amor, e a ser, na gratuidade, apóstolos do perdão, servos desinteressados dos irmãos e construtores de comunhão”.
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