Assessores da CNBB falam sobre a virtude da esperança, tema central do Jubileu que será celebrado a partir de 24 de dezembro
Gabriel Fontana
Da Redação
O início do Jubileu 2025 se aproxima, e a Igreja se prepara, como corpo de Cristo, para essa grande celebração. Com o tema “Peregrinos da Esperança”, a espiritualidade proposta pelo Papa Francisco concentra-se sobre essa virtude tão necessária nos dias atuais, em um mundo imerso em conflitos e sofrimentos.
Membro do clero da Diocese de Niterói (RJ) e assessor da Comissão para a Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o padre Douglas Fontes observa que a esperança é uma virtude teologal, ou seja, um dom infundido por Deus no coração dos homens. Ao mesmo tempo, cabe a cada um alimentá-la, cuidá-la, cultivá-la na vida.
Além disso, prossegue o sacerdote, o objeto da esperança é o próprio Deus. “O próprio Jesus nos convida também a esperar em algo grandioso que está por vir, a esperar no céu, a esperar a graça do encontro definitivo com ele, com o Pai, com o Espírito Santo”, expressa.
Promover a esperança
Padre Douglas recorda a abordagem de São Paulo em sua carta aos romanos, na qual escreve que “a esperança não decepciona” (Rm 5,5). Antes, o apóstolo escreve que a esperança é produzida pela paciência, provada pelas tribulações. Desta forma, “somos convidados a deixar essa paciência ser produzida dentro de nós, superando, às vezes, esse imediatismo, essa ansiedade que marca o nosso tempo”, manifesta o sacerdote.
Em meio a esta época vivida pela humanidade, acrescenta, “a primeira coisa que a Igreja pode fazer para ajudar as pessoas é exatamente pregar sobre isso, anunciar a esperança”. Além disso, sinaliza padre Douglas, é possível também oferecer outros instrumentos e oportunidades para reavivar a esperança, por meio da oração, da liturgia e de tantas outras formações.
O sacerdote aponta ainda uma terceira maneira de fomentar a esperança, que é a ação caritativa pastoral através de gestos concretos, que ajuda a fortalecer esta virtude. “Às vezes, pessoas marcadas pelo abandono e pelo desânimo, quando são cuidadas pela igreja através de inúmeras obras sociais, reavivam também a esperança e passam a esperar novamente porque experimentam esse cuidado materno da Igreja”, explica.
Ser peregrino
A assessora da Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, Mariana Venâncio, comenta o significado do ato de peregrinar, diretamente relacionado à celebração jubilar. Recordando a formação do povo de Deus no Antigo Testamento, ela indica que o centro do chamado de Deus a Abraão não está na dádiva de uma terra, mas no convite à saída: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que te mostrarei” (Gn 12,1).
“A partir de um povo desenraizado é que Deus formará o povo da Aliança. É a esse desenraizamento que somos convidados. Aquele que deixa tudo é também aquele que não tem nenhuma prioridade a não ser o Senhor, não se apega a nada que não o Senhor e os desígnios que ele indica”, comenta a assessora.
Da mesma forma, prossegue, “ser peregrino neste mundo deve significar para nós que estamos sempre prontos a deixar o que temos aqui para adentrar a eternidade, porque o peregrino não leva muita coisa consigo”. Neste contexto, Mariana cita a liberdade constante e imediata de não precisar adiar a eternidade, mas estar sempre pronto para ela “para que, pela graça de Deus, possamos acolher seus sinais na história ou, porventura, para que possamos responder sim quando o Senhor nos chamar, enfim, à Vida prometida”.