Na Missa celebrada no Jubileu das Famílias, das crianças, dos avós e dos idosos, o Papa Leão XIV destacou que se o amor estiver fundamentado em Cristo, “seremos sinal de paz” no mundo
Da redação, com Vatican News

Papa Leão XIV celebra Missa no Jubileu das Famílias, das Crianças, dos Avós e dos Idosos neste domingo, 1º / Foto: Photographer/IPA via Reuters Connect
“Na família, a fé é transmitida, de geração em geração, juntamente com a vida: é partilhada como o alimento da mesa e os afetos do coração. Isso torna-a um lugar privilegiado para encontrar Jesus, que nos ama e quer sempre o nosso bem”, afirmou Papa Leão XIV neste domingo, 1º.
O Santo Padre presidiu a Santa Missa por ocasião do Jubileu das Famílias, das Crianças, dos Avós e dos Idosos, na Praça São Pedro, no Vaticano, com 70 mil pessoas presentes. Também neste dia a Igreja celebra a Solenidade da Ascensão do Senhor.
Partindo do Evangelho proposto na liturgia (cf. Jo 17, 20), que mostra Jesus rezando por nós na Última Ceia, Leão XIV fez sua homilia concentrando-se na unidade – maior bem que possa ser desejado -, cujo dom devemos pedir ao Senhor:
“Cristo pede, com efeito, que todos sejamos ‘um só’ (v. 21). Trata-se do maior bem que possa ser desejado, porque esta união universal realiza entre as criaturas a comunhão eterna de amor em que se identifica o próprio Deus, como Pai que dá a vida, Filho que a recebe e Espírito que a partilha”.
Leia na íntegra
.: Homilia de Leão XIV no Jubileu das Famílias, das crianças, dos avós e dos idosos
O Papa afirmou que a unidade pela qual Jesus reza é, portanto, uma comunhão fundada no mesmo amor com que Deus ama, do qual provêm a vida e a salvação. E, como tal é, primeiramente, um dom que Jesus vem trazer. É, pois, a partir do seu coração de homem que o Filho de Deus se dirige ao Pai dizendo: “Eu neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim”.
“Ouçamos com admiração estas palavras: Jesus está a revelar-nos que Deus nos ama como ama a si mesmo. O Pai não nos ama menos do que ama o seu Filho Único, isto é, infinitamente. Deus não ama menos, porque ama antes, ama por primeiro! O próprio Cristo testemunha isso quando diz que o Pai o amou ‘antes da criação do mundo’ (v. 24). E é exatamente assim: na sua misericórdia, Deus sempre quis atrair todos os homens para si, e é a sua vida, entregue por nós em Cristo, que nos faz um, que nos une uns aos outros”.
Leão XIV afirmou que ouvir hoje esse Evangelho, durante o Jubileu das Famílias, das Crianças, dos Avós e dos Idosos, é motivo de alegria. E destacou que cada pessoa recebeu a vida antes de a ter desejado e não só isso:
“Assim que nascemos, tivemos necessidade dos outros para viver, já que sozinhos não teríamos conseguido: foi outra pessoa que nos ajudou, cuidando de nós, do nosso corpo e do nosso espírito. Assim sendo, todos nós vivemos graças a uma relação, ou seja, a um vínculo livre e libertador de humanidade e de cuidado recíproco”, disse.
Jesus intercede por cada um junto ao Pai
O Papa lembrou que, é verdade que, às vezes, essa humanidade é traída, como por exemplo, quando se invoca a liberdade não para dar a vida, mas para tirá-la; não para socorrer, mas para ofender. Contudo, mesmo diante do mal, que cria discórdia e mata, Jesus continua a interceder por cada um junto ao Pai.
“Sua oração age como um bálsamo nas nossas feridas, tornando-se para todos um anúncio de perdão e reconciliação. Essa oração do Senhor dá sentido pleno aos momentos luminosos do nosso querer bem aos outros, como pais, avós, filhos e filhas. E é isso que queremos anunciar ao mundo: estamos aqui para sermos ‘um’, como o Senhor nos quer ‘um’, nas nossas famílias e onde quer que vivamos, trabalhemos e estudemos: diferentes, mas um; muitos, mas um; sempre, em todas as circunstâncias e em todas as etapas da vida”.
Nesse ponto, o Santo Padre enfatizou: “Caríssimos, se nos amarmos assim, sobre o fundamento de Cristo, que é ‘o Alfa e o Ômega’, ‘o Princípio e o Fim’, seremos sinal de paz para todos na sociedade e no mundo. E não esqueçamos: das famílias nasce o futuro dos povos”.
O testemunho de casais santos
O Papa destacou que nas últimas décadas, recebemos um sinal que enche de alegria e provoca uma reflexão: “a beatificação e canonização de casais, não separadamente, mas juntos, enquanto casais”.
“Penso em Luís e Zélia Martin, pais de Santa Teresinha do Menino Jesus; e gosto de recordar os Beatos Luís e Maria Beltrame Quattrocchi, cuja vida familiar transcorreu em Roma no século passado. E não nos esqueçamos da família polaca Ulma: pais e filhos unidos no amor e no martírio. Eu dizia que se trata de um sinal que faz pensar, pois a Igreja, apresentando-os como testemunhos exemplares dos cônjuges, diz-nos realmente que o mundo de hoje precisa da aliança conjugal para conhecer e acolher o amor de Deus e superar, com a sua força que une e reconcilia, as forças que desagregam as relações e as sociedades”.
Antes de concluir, o Pontífice fez uma premente exortação:
“Digo a vós, esposos, com o coração cheio de gratidão e esperança: o casamento não é um ideal, mas a regra do verdadeiro amor entre o homem e a mulher; amor total, fiel, fecundo. Esse mesmo amor, ao transformar-vos numa só carne, torna-vos capazes de, à imagem de Deus, doar a vida.
Portanto, encorajo-vos a ser exemplos de coerência para os vossos filhos, comportando-vos como quereis que eles se comportem, educando-os para a liberdade através da obediência, procurando sempre os meios para aumentar o bem que existe neles.
E vós, filhos, sede gratos aos vossos pais: dizer ‘obrigado’ pelo dom da vida e pelos dons que recebemos todos os dias é a primeira forma de honrar o pai e a mãe.
Por fim, a vós, queridos avós e idosos, recomendo que cuideis daqueles que amais, com sabedoria e compaixão, com a humildade e a paciência que os anos ensinam”.
O Papa conclui sua homilia, afirmando que a oração do FIlho de Deus, que infunde esperança ao longo do caminho, “lembra-nos também que um dia seremos todos uno unum (cf. Santo Agostinho, Enarr. In. Ps., 127): uma só coisa no único Salvador, abraçados pelo amor eterno de Deus”