Ano Santo

Cardeal Reina abre Porta Santa da Basílica de São João de Latrão

Vigário geral do Papa para a Diocese de Roma exortou os fiéis a atravessarem a “Porta que conduz ao coração de Deus”

Da redação, com Vatican News

Momento da abertura da Porta Santa na Basílica de São João de Latrão /Fotos: Reprodução Vatican News

A abertura da Porta Santa da Basílica de São João de Latrão aconteceu na manhã deste domingo, 29. O vigário geral do Papa para a Diocese de Roma e arcipreste da Basílica de São João de Latrão, Cardeal Baldo Reina, foi quem presidiu a celebração e o ato que marca o início do Ano jubilar em todas as dioceses do mundo.

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Em sua homilia, o purpurado incentivou os fiéis a renovarem sua profissão de fé em Cristo, que é a Porta da salvação humana, confirmando o compromisso de ser para cada irmão e irmã um sinal concreto de esperança, abrindo a porta do coração por meio de sentimentos de misericórdia, bondade e justiça.

Festa da Sagrada Família

Ele ressaltou o significado ainda maior da celebração por estar inscrita na festa da Sagrada Família de Nazaré, modelo de toda comunidade doméstica e espelho da comunhão trinitária.

“O convite que surge dessa celebração é o de nos reconhecermos como família de Deus, chamados a crescer na unidade e na caridade mútua, e a apoiar com oração todas as famílias, especialmente aquelas que passam por dificuldades e sofrimentos. O gesto simbólico de algumas famílias que atravessaram a Porta Santa ao lado dos concelebrantes é um testemunho eloquente dessa missão, que sentimos ser particularmente urgente em nosso tempo”.

Cardeal Reina afirmou que a Porta Santa “evoca o gesto diário que fazemos ao cruzar a soleira de nossas casas. Essa porta, agora escancarada, introduziu-nos não apenas na casa do Senhor, mas nas profundezas de seu coração”. O vigário do Papa para a Diocese de Roma frisou então que a Palavra de Deus proclamada ajuda na meditação da identidade de cada pessoa como filho no Filho.

“Ser filhos de Deus é uma realidade fundamental que nos introduz em um relacionamento vivo e transformador com o Pai. A fé se configura como uma experiência profunda de relacionamento, que nos insere na dinâmica da filiação divina. Essa verdade exige uma redescoberta contínua, um retorno incessante à fonte do amor paternal de Deus, que ilumina o significado autêntico de nosso ser e agir.”

Pai rico em misericórdia

Sob essa luz, o purpurado recordou a parábola do Pai rico em misericórdia como um espelho no qual todos são convidados a se reconhecer. A partir da parábola do Filho pródigo, ele sublinhou que “ser filho não é uma condição conquistada ou merecida, mas um presente que se baseia no amor incondicional do Pai”.

“Há um detalhe nessa parábola que nos convida a contemplar novamente a imagem da porta, aquela mesma porta pela qual passamos e pela qual continuaremos a passar no decorrer deste ano de graça. No momento em que o filho se põe a caminho para voltar, São Lucas enfatiza com precisão comovente: ‘estando ele ainda longe’ (Lc 15,20). Aqui se revela um traço extraordinário do coração paterno: o pai não apenas esperou, mas vigiou com esperança inabalável e, ao ver o filho de longe, sente em si o tremor da compaixão. Ele não espera, mas corre até ele, abraça-o e beija-o com infinita ternura”.

Cardeal Reina convidou os fiéis a imaginarem a corrida desse “pai que não se cansa de amar”, “nós o vemos se aproximando de braços abertos”. Esses braços abertos, observou, são a porta santa. “Não importa quão longe tenhamos ido, não importa o que tenhamos feito, desperdiçado ou arruinado. No momento em que decidirmos voltar, nunca encontraremos uma porta fechada, mas um abraço que nos acolhe e abençoa”, disse ainda.

Atravessar a Porta que conduz ao coração de Deus

“Não hesitemos em atravessar a Porta que conduz ao coração de Deus, imagem viva de seus braços abertos para nos acolher. Entremos com confiança, provemos e contemplemos como o Senhor é bom; e, uma vez que tenhamos experimentado a alegria dessa pertença filial, tornemo-nos incansáveis semeadores de esperança e construtores de fraternidade”, encorajou.

Ao passar por esta Porta que são os braços do Pai, disse por fim o purpurado, o pensamento se volta com especial compaixão para aqueles que, como o filho mais novo da parábola, sentem-se distantes e indignos, e para aqueles que, como o filho mais velho, carregam no coração o peso de uma profunda amargura e não se sentem mais como filhos amados. “Pensemos nos doentes, nos presos, nos marcados pela dor, pela solidão, pela pobreza ou pelo fracasso; naqueles que deixaram seus braços caírem por causa do desânimo ou da falta de sentido; naqueles que pararam de buscar os braços do Pai por estarem fechados em si mesmos ou na segurança das coisas mundanas”.

“Neste mundo dilacerado por guerras, discórdias e desigualdades, estendamos nossos braços a todos; asseguremos que um reflexo do amor de Deus passe por nossos braços abertos. Não nos salvaremos sozinhos, mas como uma família, e então é a fraternidade que devemos cultivar ao máximo de nossas forças!”, finalizou.

Basílica São João de Latrão /Foto: ALESSIA GIULIANI / ipa-agency.ne/IPA/Sipa USA

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