Residente na Polônia há 24 anos, padre brasileiro Wladyslaw Milak acredita que a juventude vai buscar uma mensagem de fé
Luciane Marins
Da Redação
A terra de João Paulo II e Santa Faustina Kowalska, Polônia, vai receber, de 26 a 31 de julho, jovens do mundo inteiro durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O evento, neste ano, tem uma graça especial: está inserido no Ano Santo da Misericórdia, proclamado pelo Papa Francisco, e será celebrado na terra desses dois grandes apóstolos da misericórdia.
Mais de dois milhões de jovens são esperados para o evento. A expectativa do padre rogacionista Władysław Milak, brasileiro, que mora na Polônia há 24 anos, é grande. “Providencial! Este ano para Cracóvia e para a Polônia inteira é excepcional”.
Ele mora em Cracóvia, a 50 metros do Santuário da Divina Misericórdia, centro mundial dessa devoção, local que era frequentado por João Paulo II. Ali, Santa Faustina viveu, escreveu seu Diário e, aos 33 anos, morreu.
“Santa Faustina, de uma forma moderna e atual, apresenta esse grande mistério da misericórdia divina, pois quer que a salvação chegue a todos e ninguém se perca.”
O padre explica que João Paulo II se empenhou em divulgar a mensagem da divina misericórdia revelada a Santa Faustina. Na época da II Guerra Mundial, quando ainda era jovem, Karol Wojtyla já frequentava o Santuário. Depois, quando tornou-se Papa, beatificou-a no dia 18 de abril de 1993 e a canonizou em 30 de abril de 2000, ocasião em que instituiu, no mundo todo, a celebração do Domingo da Divina Misericórdia, celebrado no segundo domingo da Páscoa.
Em 2002, a Dedicação do Santuário da Divina Misericórdia, feita por João Paulo II, foi outro grande exemplo de sua devoção. Ele foi até a Polônia para confiar o mundo à Misericórdia Divina.
Durante a homilia, expressou seu desejo de que a mensagem do amor misericordioso de Deus, proclamado por Santa Faustina, chegasse a todos os habitantes da terra.
“Essa devoção se espalhou para o mundo inteiro. O mundo todo reza o terço da misericórdia, celebra a festa da Divina Misericórdia. O Papa teve um grande papel em difundi-la”, comemora o sacerdote.
Devoção
Neste ano jubilar, aumentou o número de peregrinos no Santuário em Cracóvia, mas não somente na Polônia, também em outros países da Europa, nas Filipinas, Indonésia, Índia e países da América Latina.
“É uma capital da Divina Misericórdia para o mundo inteiro, onde atualmente passam milhões de peregrinos. Para ver como é viva, atual e muito real essa devoção aqui na Polônia e como se espalhou para o mundo inteiro de maneira veloz e concreta”, enfatiza padre Milak.
O sacerdote, que da janela de sua residência observa o santuário, testemunha que as pessoas vão ao local, entram, rezam, pedem pela misericórdia e se convertem. “Gente que, com meus próprios olhos, vi a conversão, a mudança de vida.”
Uma das práticas dessa devoção é recitar a oração do terço da misericórdia às 15h. Algo que se tornou comum e ultrapassou as fronteiras da Polônia. “Às 3h da tarde tem gente que até para o carro e reza.”
O padre defende que é preciso anunciar e testemunhar essa devoção para que, por meio da Misericórdia, o mundo recupere a paz e a fraternidade.
Atos concretos
Padre Milak, que após descobrir essa devoção tornou-se um apóstolo da misericórdia, explica que a essa experiência deve ser manifestada no modo de vida e na maneira de relacionar-se com o próximo, que deve ser marcada pelo amor e respeito, especialmente pelos mais necessitados.
“A Misericórdia Divina é válida enquanto vivo essa misericórdia com meu irmão que está do lado”.
A juventude e a misericórdia
Para receber mais de 2 milhões de jovens, o Comitê Organizador da JMJ se prepara e conta com voluntários de vários países, inclusive do Brasil. Padre Milak está em contato com os voluntários brasileiros em Cracóvia e acredita que a juventude que irá para o evento não o fará por recreação, mas com a ideia de encontrar uma mensagem de fé.
Ele recorda a orientação que João Paulo II dava aos jovens de não serem levados pelo consumismo ou pelos vícios, mas sim, abertos à graça de Deus, aos gestos de misericórdia e de amor ao próximo.
“Isso vai ajudar para que a mensagem de João Paulo II e Santa Faustina chegue ao mundo inteiro. O mundo vai ficar melhor por causa desse acontecimento e por causa desse ano da misericórdia, em que estão ocorrendo milhares de conversões. Será um grande acontecimento não só para a juventude, mas para redescobrir o valor de ser católico.”