Papa Emérito completa 94 anos nesta sexta-feira, 16; confira o relato da jornalista que participou da cobertura de seu pontificado
Julia Beck
Da redação
No dia em que o Papa Emérito Bento XVI faz aniversário, a jornalista e missionária da Comunidade Canção Nova, Liliane Borges, recordou a experiência de ter participado da cobertura de seu pontificado.
“Quando cheguei em Roma, o Papa João Paulo II já estava internado. Depois de alguns meses ele veio a falecer. Uma experiência forte foi certamente do conclave que elegeu Bento XVI”, comentou a jornalista.
Todas as primeiras ações do Papa Emérito foram consideradas marcantes por Liliane. A primeira Catequese, Angelus, viagem nacional, viagem internacional, Encíclica, pronunciamento.
“São situações que me marcaram e que, sem dúvidas, marcariam qualquer jornalista católico”, opinou.
Jornada Mundial da Juventude na Alemanha
Liliane destacou a XX Jornada Mundial da Juventude que aconteceu na Alemanha, em 2005. O compromisso foi a primeira viagem internacional de Bento XVI como Papa.
“Um Papa alemão, que todos consideravam muito sério, estava entre os jovens, conversando com eles”, sublinhou.
Polêmicas das mídias seculares
O pontificado de Bento XVI foi marcado pela polêmica das mídias seculares, frisou a jornalista. “Ele era visto de maneira negativa por sua ortodoxia na fé. Então quando assumiu, a imprensa passou a atacá-lo”.
Segundo Liliane, em quase tudo que o Papa Emérito dizia, o sentido era alterado. “Era um trabalho duro para entender o que estava acontecendo e passar para as pessoas o que de fato havia sido dito”.
A cobertura do papado de Bento XVI tinha sempre novidades e tensão, contou a missionária.
Viagem ao Brasil
Outra ocasião sublinhada pela jornalista foi a viagem do Pontífice ao Brasil, em 2017, para o Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam). O evento ocorreu em Aparecida, interior de São Paulo.
“Eu era muito jovem, mas estar ali, com jornalista do mundo inteiro, para uma viagem grande foi de muito aprendizado”.
Presença no voo papal
Liliane integrou o grupo de jornalistas que acompanharam Bento XVI em seu voo papal. A jornalista chegou a direcionar uma pergunta ao Santo Padre sobre a América Latina.
“Foi interessante. Como era a mais jovem dos jornalistas, fiz a pergunta em italiano e, assim que terminei, senti um alívio. O Papa me deu um sorriso, como quem havia aprovado. (…) Ele me respondeu com muita ternura. É uma lembrança e uma experiência que ficarão marcadas sempre”.
A viagem inaugurava um tempo novo na relação entre Bento XVI e a América Latina. “Tem um jornalista renomado que diz que foi no Brasil que o Papa aprendeu a sorrir. Ele recebeu um carinho tão grande dos brasileiros que se soltou na viagem”.
Renúncia
A renúncia de Bento XVI foi um susto para Liliane. Ela recordou que o anúncio foi feito aos cardeais, em latim. “Foi então que iniciaram os desafios: o Papa pode renunciar? Como é isso? Quando isso aconteceu na história da Igreja? Terá um conclave?”.
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Mestre da fé
O Papa Emérito será sempre lembrado como um mestre da fé, opinou a jornalista. A missionária citou que o Pontífice falou em uma entrevista que, como Igreja, devemos levar as pessoas a crerem com uma fé viva.
A encíclica “Deus é amor” de Bento XVI é um importante documento de seu pontificado. Nele, Liliane apontou que o Santo Padre disse que a palavra amor estava desgastada e que o amor é uma pessoa: Jesus Cristo.
Defensor da fé
“Defensor da fé”. É como a missionária define também Bento XVI. A jornalista contou que, embora muitas pessoas não saibam, o Papa Emérito tornou as leis de combate à pedofilia mais severas. “Fez mudanças no direito canônico para que fosse algo muito vigiado e corrigido”.
A busca pela evangelização é outra marca do Santo Padre. Liliane destacou que foi Bento XVI, enquanto braço direito do Papa João Paulo II, que formulou o Catecismo da Igreja Católica para que as pessoas pudessem dar razão à sua fé.
Capacidade de simplificar assuntos difíceis
Bento XVI tinha a capacidade de simplificar assuntos difíceis. A jornalista recorda que nas catequeses do Papa Emérito era evidente a forma como ele fazia com que todos os assuntos se tornassem de fácil compreensão.
“Era possível ver a função majestosa da filosofia de estudar em Deus, procurar o significado e transformar de uma forma que fosse acessível ao povo. É uma característica muito importante”, concluiu.