Papa Francisco esteve na noite deste sábado, 25, na Festa da Família, em Dublin
Denise Claro
Da redação
Neste sábado, 25, o Papa Francisco se encontrou com os participantes do 9º Encontro Mundial das Famílias, na Festa das Famílias. O evento aconteceu no Croke Park Stadium, em Dublin, na Irlanda.
O Papa foi recepcionado pelo primaz da Igreja Católica na Irlanda, Eamon Martin, e pelo prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a vida, Cardeal Kevin Farrel, que discursou também a todos os presentes, provenientes de 116 países.
“Com imensa alegria, toda a Irlanda e os presentes lhe dão as boas vindas. Receba cem mil “bem-vindos”, Santo Padre!”, afirmou o Cardeal, reafirmando a emoção das famílias presentes.
Após o discurso de boas vindas, várias apresentações se seguiram. Muita música, dança, mas também testemunhos muito ricos de vivência de fé das famílias. Se apresentaram famílias dos vários continentes, uma companhia de dança típica irlandesa, grupos que mostravam a união dos povos, números musicais, e um coral intergeracional, formado por crianças e idosos, que cantou a música “Forever Young”. Também um coral formado por paroquianos das periferias se apresentou. O cantor Andrea Bocelli cantou a Ave Maria de Schubert.
O Papa Francisco começou seu discurso dizendo que os presentes formavam ali uma única família em Cristo, espalhada por toda a terra: “A Igreja é a família dos filhos de Deus; uma família, onde se regozija com aqueles que estão na alegria e se chora com aqueles que estão na tribulação ou se sentem desanimados com a vida. Uma família onde se cuida de cada um, porque Deus nosso Pai nos fez, a todos, seus filhos no Batismo.”
A primeira orientação do Papa em seu discurso foi em relação ao batismo, pedindo aos pais que batizem seus filhos desde pequenos, assim que possível, justificando que “é preciso convidar cada um para a festa”, e reforçando que uma criança batizada desde cedo é muito mais forte, por carregar em si o Espírito Santo.
Sinal para o mundo
A seguir, o Pontífice falou sobre a exortação Amoris Laetitia, e citou o tema do encontro:
“Que fisionomia teria a Igreja sem vós? Deus quer que cada família seja um farol que irradia a alegria do seu amor pelo mundo. Que cada um de nós, depois de ter encontrado o amor de Deus que salva, procuramos, com palavras ou sem elas, manifestá-lo através de pequenos gestos de bondade na vida rotineira de cada dia e nos momentos mais simples da jornada. Isso se chama santidade.”
Francisco recordou que a santidade não é para poucos, e elogiou os que a vivem silenciosamente, “sem tocar a tromba”.
“O Evangelho da família é, verdadeiramente, alegria para o mundo, visto que lá, nas nossas famílias, sempre se pode encontrar Jesus; lá habita, em simplicidade e pobreza, como fez na casa da Sagrada Família de Nazaré. Pais e mães, avôs e avós, filhos e netos são todos chamados a encontrar, na família, a realização do amor. A graça de Deus ajuda dia a dia a viver com um só coração e uma só alma”- e brincou: “Mesmo as sogras e as noras!”
Testemunhos
O Papa citou cada um dos testemunhos dados pelos casais e famílias no evento. Sobre Felicité, Isaac e Ghislain, de Burkina Faso, ressaltou a importância do perdão em família.
“Gestos humildes e simples de perdão, renovados dia a dia, são o fundamento sobre o qual se constrói uma vida familiar cristã sólida. Obrigam-nos a superar o orgulho, o isolamento e o embaraço, e a fazer paz.” E pediu a todos os presentes que repetissem as três palavras: “Desculpa, por favor e obrigado”.
O Papa agradeceu ao casal Nisha e Ted, da Índia, pelo testemunho em relação à comunicação na família.
“Ajudaste-nos a compreender que os meios de comunicação social não são necessariamente um problema para as famílias, mas podem contribuir para a construção duma “rede” de amizade, solidariedade e apoio mútuo. As famílias podem conectar-se através da internet e beneficiar disso. Os meios de comunicação social podem ser benéficos, se forem usados com moderação e prudência.”
Sobre Enass e Sarmaad, e Rammy e Meelad, Francisco ressaltou como o amor e a fé em família podem ser fontes de força e paz, mesmo no meio da violência e da destruição, causadas pela guerra e a perseguição.
“Em cada sociedade, as famílias geram paz, porque ensinam o amor, o acolhimento e o perdão, que são os melhores antídotos contra o ódio, o preconceito e a vingança que envenenam a vida de pessoas e comunidades.”
Crianças e Idosos
Francisco lembrou aos casais que o amor de Cristo, que tudo renova, é o que torna possível o matrimônio e um amor conjugal caracterizado pela fidelidade, indissolubilidade, unidade e abertura à vida.
“Foi o que quis evidenciar no quarto capítulo de Amoris laetitia. Vimos este amor em Mary e Damian e na sua família com nove filhos. Obrigado pelas vossas palavras e o vosso testemunho de amor e fé! Experimentastes a capacidade que o amor de Deus tem de transformar completamente a vossa vida e de vos abençoar com a alegria de uma linda família.”
O Santo Padre recordou o testemunho de Aldo e Marissa, casados há mais de cinquenta anos, e afirmou que as famílias são chamadas a continuar a crescer e seguir em frente, mesmo no meio de dificuldades e limites, precisamente como fizeram as gerações passadas.
“Todos somos parte duma grande família de famílias, que remonta ao início dos tempos. As nossas famílias são tesouros vivos de memória, com os filhos que, por sua vez, se tornam pais e, depois, avós. Deles recebemos a identidade, os valores e a fé.”
Ressaltando o que vêm dizendo em vários discursos, Francisco reafirmou a importância do papel dos avós e das crianças na família:
“Uma sociedade que não valorize os avós é uma sociedade sem futuro. Uma Igreja que não tenha a peito a aliança entre gerações acabará sem o que conta verdadeiramente, o amor. Os nossos avós ensinam-nos o significado do amor conjugal e paternal. Eles próprios cresceram numa família e experimentaram o afeto de filhos e filhas, de irmãos e irmãs. Por isso, constituem um tesouro de experiência e sabedoria para as novas gerações. É um grande erro não interpelar os idosos sobre as suas experiências ou pensar que seja uma perda de tempo conversar com eles.”
O Papa concluiu seu discurso afirmando que as famílias são o futuro da humanidade:
“Vós, famílias, sois a esperança da Igreja e do mundo! Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, criou a humanidade à sua imagem para fazê-la participante do seu amor, para que fosse uma família de famílias e gozasse daquela paz que só Ele pode dar. Com o vosso testemunho do Evangelho, podeis ajudar Deus a realizar o seu sonho. Podeis contribuir para aproximar todos os filhos de Deus, para que cresçam na unidade e aprendam o que significa, para o mundo inteiro, viver em paz como uma grande família.”