Papa em Dublin

Na Irlanda, Papa destaca defesa da família e recorda casos de abusos

Francisco chegou à Irlanda neste sábado para participar do 9º Encontro Mundial das Famílias em Dublin

Da redação, com Boletim da Santa Sé

Papa defendeu que o bem da familia deve ser promovido e tutelado com todos os meios apropriados / Foto? Reprodução VaticanNews

Papa Francisco chegou à Irlanda neste sábado, 25, por ocasião do 9º Encontro Mundial das Famílias. O primeiro discurso do Santo Padre no país foi no encontro com as autoridades, Sociedade Civil e Corpo Diplomático no Castelo de Dublin.

Francisco lembrou que o motivo de sua visita é participar do Encontro Mundial das Famílias e destacou que a Igreja é uma “família de famílias” e sente necessidade de apoiar as famílias nos seus esforços de responder fielmente à vocação que Deus lhes deu na sociedade.

“Para as famílias, este Encontro é uma oportunidade não só para reafirmar o seu compromisso de fidelidade amorosa, ajuda mútua e respeito sagrado pelo dom divino da vida em todas as suas formas, mas também para testemunhar o papel único desempenhado pela família na educação dos seus membros e no desenvolvimento de um tecido social sadio e vigoroso. Apraz-me ver o Encontro Mundial das Famílias como um testemunho profético do rico patrimônio de valores éticos e espirituais, que cada geração tem a tarefa de guardar e proteger”, afirmou.

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.: Discurso do Papa na íntegra

O Papa falou sobre as dificuldades enfrentadas pelas famílias na sociedade atual e defendeu que o bem da família deve ser promovido e tutelado com todos os meios apropriados.

“É na família que cada um de nós deu os primeiros passos na vida. Lá aprendemos a conviver em harmonia, a controlar os nossos instintos egoístas, a conciliar as diversidades e sobretudo a discernir e procurar os valores que dão sentido autêntico e plenitude à vida. Se falamos do mundo inteiro como duma só família, é porque justamente reconhecemos os laços da nossa humanidade comum (…) Quanta necessidade temos de recuperar, em cada área da vida política e social, o sentido de ser uma verdadeira família de povos!”, destacou.

O Santo Padre destacou o desafio, que talvez mais provoque as consciências nestes tempos, que é esta maciça crise migratória. “[Um problema] que não tende a desaparecer e cuja solução exige sabedoria, perspectivas amplas e uma preocupação humanitária que ultrapasse em muito decisões políticas de curto prazo”.

“Cada criança é um dom precioso de Deus que deve ser guardado”, afirmou Francisco / Foto: Reprodução VaticanNews

Casos de abusos

Francisco falou ainda sobre o grave escândalo causado na Irlanda pelos abusos de menores por parte de membros da Igreja encarregados de proteger e educar.

“O falimento das autoridades eclesiásticas – bispos, superiores religiosos, sacerdotes e outros – ao enfrentarem adequadamente estes crimes repugnantes suscitou, justamente, indignação e continua a ser causa de sofrimento e vergonha para a comunidade católica. Eu próprio partilho estes sentimentos”, disse.

O Papa recordou que Bento XVI não poupou palavras para reconhecer a gravidade da situação e pedir que fossem tomadas medidas “verdadeiramente evangélicas, justas e eficazes”.

“A sua intervenção franca e decidida continua a servir de incentivo aos esforços das autoridades eclesiais por remediar os erros passados e adotar normas rigorosas tendentes a assegurar que os mesmos não voltem a acontecer”, enfatizou.

O Pontífice defendeu que cada criança é um dom precioso de Deus que deve ser guardado e encorajado no desenvolvimento dos seus dons e levar à maturidade espiritual e à plenitude humana.

“A Igreja na Irlanda desempenhou, no passado e no presente, um papel de promoção do bem das crianças que não pode ser ofuscado. A minha esperança é que a gravidade dos escândalos dos abusos, que fizeram emergir as culpas de muitos, sirva para evidenciar a importância da proteção de menores e adultos vulneráveis por parte da sociedade inteira”, afirmou.

E destacou a necessidade urgente de oferecer aos jovens um acompanhamento sábio e com valores sadios para o seu caminho de crescimento.

Por fim, Francisco lembrou os quase 90 anos do reconhecimento da Irlanda, como estado livre, por parte da Santa Sé. “Aquela iniciativa marcou o início de muitos anos de harmonia e dinâmica colaboração, com uma única nuvem passageira no horizonte. Recentemente, esforços intensos e boa vontade de ambas as partes têm contribuído de forma significativa para um promissor restabelecimento daquelas relações amigas com vantagem recíproca de todos”.

O próximo compromisso do Papa será a visita à pró-Catedral de Santa Maria em Dublin, às 11h30 (horário de Brasília).

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