Balanço

Vaticano explica: relatório do Sínodo é resumo, não conclusão

Porta-voz do Vaticano explica que o relatório é um documento de trabalho; conclusões só virão na Assembleia de 2015

Jéssica Marçal
Da Redação, com colaboração de Danusa Rego

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Padre Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé / Foto: Arquivo

Em comunicado emitido nesta terça-feira, 14, em nome da Secretaria Geral do Sínodo, o diretor da Sala de Imprensa da santa Sé, padre Federico Lombardi, esclareceu o significado do relatório do Sínodo apresentado nesta segunda-feira.

Ele observou que, em muitos casos, foi atribuído ao relatório um valor que não corresponde à sua natureza. Padre Lombardi esclarece na nota à imprensa que se trata de um documento de trabalho.

“A Secretaria Geral do Sínodo reitera que tal texto é um documento de trabalho, que resume as intervenções e o debate da primeira semana e agora é proposto à discussão dos membros do Sínodo reunidos nos Círculos Menores, segundo quanto prevê o Regulamento do próprio Sínodo. O trabalho dos Círculos menores será apresentado à Assembleia na Congregação geral da manhã da próxima quinta-feira, 16″, informou o sacerdote.

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“As reflexões propostas são fruto do diálogo sinodal, realizado em grande liberdade e num estilo de recíproca escuta, mas o objetivo é levantar questões e indicar perspectivas, que serão amadurecidas com a reflexão das Igrejas locais no ano que nos separa da Assembleia geral ordinária do Sínodo, marcada para outubro de 2015”, esta foi a explicação conclusiva do relator-geral do Sínodo, Cardeal Peter Erdo, arcebispo de Budapeste.

Balanço

Com a apresentação do relatório geral, o Sínodo dos Bispos sobre família entrou em uma nova etapa: a dos Círculos Menores, que são discussões mais aprofundadas sobre os temas discutidos.

Dois cardeais brasileiros que participam da assembleia sinodal, Cardeal Odilo Scherer e Cardeal João Braz de Aviz, comentaram o documento apresentado ontem, destacando suas contribuições para as discussões que estão por vir.

Dom Odilo (esq.) e Dom Aviz falam sobre relatório do Sínodo da Família / Foto: Montagem - Arquivo

Dom Odilo (esq.) e Dom Aviz falam sobre relatório do Sínodo da Família / Foto: Montagem – Arquivo

Dom Odilo explicou que esse relatório é uma tentativa de sintetizar tudo o que já foi discutido até agora pelos padres sinodais. “Estamos em um caminho sinodal, como o Papa mesmo disse, portanto as coisas não nascem perfeitas e é um esforço conjunto justamente de elaboração de um texto que depois será o texto desta Assembleia Extraordinária do Sínodo. A síntese é boa, sem dúvida manifesta o ‘sentir’ da Assembleia até agora, embora, é claro, possa ter ainda uma série de observações”.

Para o Cardeal Braz de Aviz, um aspecto fundamental nas intervenções foi que o Papa deixou os presentes muito à vontade; ele pediu clareza, sinceridade e respeito para com a palavra do outro e isso ajudou muito. Com relação ao relatório, Dom Aviz destacou o fato de apresentar um olhar muito próximo da família e da pessoa humana.

“A Igreja tem muita clareza da sua doutrina e sobre essa doutrina, que é a de Jesus, a Igreja não vai voltar atrás a respeito disso, mas precisa olhar todos os problemas concretos e precisa procurar uma luz junto e isso é a mudança que está havendo”.

O cardeal disse ter esperança no documento, pois identifica uma presença muito forte de uma atitude misericordiosa, do diálogo, de ir ao encontro, como o Papa tem insistido. Dom Aviz reforçou que a cultura atual não pode ser a do individualismo e do fechamento, mas a da aproximação.

“O diferente não é contrário à gente, o diferente é alguém que caminha com a gente, de outro modo, mas caminha com a gente. Eu acho que essa postura nova é que vai contar demais e ajudará também a entrar nas causas profundas dos problemas sem fechamento, sem medo, sem já, de antemão, você começar a fazer as suas divisões e as suas classificações. Isto é o que está dando a todos nós uma esperança muito grande”.

Sobre a fase que começa agora, a dos círculos menores, Dom Aviz explicou que é um momento de retomar o relatório geral e tudo aquilo que foi falado para que se possa aprofundar as discussões. Trata-se de uma fase em que se pode falar com mais liberdade. “Estamos em uma fase importante porque é de aprofundamento”, concluiu o cardeal, lembrando que as discussões finais serão só no ano que vem, com o Sínodo Ordinário.

A 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos começou no dia 5 de outubro e termina neste domingo, 19. O tema em pauta é “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”.

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