Saúde

Vício em exercício físico traz prejuízos à saúde

Frequentar academia não é sinônimo absoluto de garantia de boa saúde. Quando os exercícios físicos são feitos em excesso, é bom abrir o olho e tomar cuidado para não deixar que a busca pela boa forma se torne uma obsessão que prejudica outras áreas cruciais da vida.

Esse quadro tem nome e tudo: vigorexia ou transtorno dismórfico muscular. A doença acontece quando o volume e a intensidade de exercício físico praticado por alguém exerce a sua capacidade de recuperação. É classificada como um Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e, quando acompanhada de uma autoimagem distorcida, é também transtorno dismórfico corporal.

"As atividades devem ser controladas diariamente. A ideia é minimizar o volume de atividade e deixar a intensidade um pouco mais elevada. Assim, o aluno terá mais benefícios. Hoje, há pessoas que treinam várias vezes ao dia ou ao longo de muitas horas. Isso não traz benefícios; pelo contrário, acarreta lesões musculares, osteoarticulares, ligamentares, ao ponto de a pessoa ter de se afastar devido às lesões", explica o personal trainer Luis Fernando Coimbra.

Uma autoimagem um tanto distorcida, em um quadro psicologicamente patológico, encontra eco na questão sócio-cultural, que exalta o modelo do corpo perfeito. "O mais importante é que cada um se sinta bem como é. Geralmente, as pessoas diagnosticadas com vigorexia são pessoas que, na adolescência, tinham baixa autoestima, personalidade introvertida, e, agora, buscam no culto ao corpo uma forma de superar o sentimento de inferioridade através de um corpo socialmente aceito", explica o psicólogo com atuação na área esportiva, Kleberson Palma.

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.: Podcast: Entrevista com psicólogo Kleberson Palma

.: Podcast: Entrevista com personal trainer Luis Fernando Coimbra

Mas, como saber o que diferencia uma frequência adequada na academia e um quadro patológico?

"O limite pra um atleta ou o indivíduo em geral é perceber a fadiga muscular, o cansaço. Quando o indivíduo ultrapassa ou fica sempre no seu limite, o corpo acaba respondendo, como se dissesse: 'Está na hora de parar'. É nessa hora que aluno deve se conscientizar de que deve parar e fazer uma atividade para recuperar", diz Coimbra.

Ele indica uma regra de ouro: "Sem recuperação, não há evolução. A premissa é essa". Além disso, é preciso partir do princípio da individualidade, isto é, cada um responde pelo próprio corpo, que tem demandas particulares. "É possível diagnosticar isso só com avaliação física, atestado médico, prescrição correta, horário marcado, junto com o professor", explica o personal.

Vigorexia

O psicólogo Kleber explica que, quando a pessoa tem algum transtorno patológico ou doença, geralmente não consegue perceber.

"Especialmente com relação à vigorexia, porque a sociedade preza muito o saudável, a estética, e a pessoa acaba entrando no ritmo da academia. Sem perceber, começa a querer mais e mais. Com o pretexto da busca pela saúde, abrem mão da questão familiar, começam a usar medicamentos, mesmo sem prescrição, visando uma melhoria muscular exacerbada, nos mínimos detalhes da perfeição do corpo".

Há, contudo, uma diferença em relação a quem pratica esportes de alta durabilidade, como ultramaratona, corrida de aventura, de grande resistência, que também exigem muito, mas não representam um quadro patológico.

"A prática do esporte em geral sempre é saudável. É importante perceber que é possível malhar, seguir um treinamento na academia, mas dentro de um limite. A pessoa pode ter um corpo legal sem precisar medir detalhadamente cada músculo", agrega Kleber.

O vigoréxico muda bastante seu padrão alimentar, começa a se pesar constantemente e tira medidas para comparar com os colegas da academia constantemente. Além desses sintomas, a pessoa abre mão de aspectos do dia a dia em busca do condicionamento físico-muscular, que passa a ser seu principal objetivo. O quadro fica patológico quando a pessoa começa a ter prejuízos na vida social.

O espelho também é crucial para detectar a vigorexia. "A pessoa se olha no espelho e pensa que é mais fraca. O princípio é semelhante ao da anorexia, quando a pessoa sempre acha que está gorda demais. O vigoréxico, por sua vez, sempre acha que está fraco e quer ser mais forte".

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