As vendas no varejo brasileiro caíram em fevereiro na comparação mensal, após nove crescimentos seguidos.
A queda foi de 0,4% em fevereiro sobre janeiro. Em relação a igual mês do ano anterior, no entanto, houve forte expansão, de 8,2%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira. Analistas ouvidos pela Reuters previam estabilidade mês a mês e elevação anual de 8,8%.
"O resultado mostra uma acomodação após 9 meses consecutivos de alta. Além disso, fevereiro não é um mês de grandes vendas, dá uma parada depois de dezembro e janeiro", explicou o economista do IBGE responsável pela coordenação da pesquisa de serviços e comércio, Reinaldo Pereira.
Ele afirmou que apesar de negativo, o índice de fevereiro não pode ser lido como una tendência ou simplesmente reflexo das medidas de restrições de crédito adotadas pelo governo no final do ano passado. Segundo ele, será necessário observar os próximos meses.
"No caso do varejo, determinadas medidas (macroprudenciais) têm defasagem de 3 a 4 meses para atingir as vendas… No caso dos automóveis, que têm sensibilidade maior ao crédito por ser mais caro, você tem isso mais rapidamente", informou o economista, que não prevê queda na venda de eletrodomésticos.
Mas a alta dos juros e prazos menores para compra de automóveis fizeram a venda de Veículos e motos, partes e peças cair 1,1% em fevereiro contra janeiro, segunda queda consecutiva no ano. O segmento, porém, não influencia o índice geral, impactando somente o índice de varejo ampliado, que ficou estável em fevereiro contra janeiro.
O setor de construção, também parte apenas do índice ampliado, caiu 1,5%.
As vendas de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que integram o índice geral, caíram 0,3% em fevereiro e possuem peso relevante, segundo Pereira.
Em fevereiro sobre janeiro, apenas três dos 10 setores pesquisados tiveram aumento das vendas: Tecidos, vestuário e calçados, Outros artigos de uso pessoal e doméstico e Combustíveis e lubrificantes.
A alta na venda dos combustíveis, ressaltou Pereira, reflete a estabilidade de preços e a flexibilidade do uso de gasolina e etanol.
Na comparação anual, todos os setores registraram crescimento, com destaque para Móveis e eletrodomésticos (20,5%) e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2,3%).
De acordo com Pereira, outras medidas para evitar a alta da inflação, como o recente aumento da alíquota do IOF, não devem afetar o varejo.
"Acredito que não (vai afetar); o brasileiro faz as contas e se der no bolso a prestação, ele compra", avaliou.
O IBGE acrescentou que a receita nominal do comércio ficou estável em fevereiro sobre janeiro e cresceu 13% ano a ano.