Em meio ao concreto da maior favela do Brasil, uma história de superação tem florescido onde poucos imaginariam: nas lajes e quintais da Rocinha. Com sementes, peixes e muito conhecimento, muitas vidas são transformadas.
Reportagem de Vinícius Cruz
Imagens de Reuters e Stephani Cruz
A rocinha é um lugar de contrastes. Entre becos e morros, a luta por dignidade enfrenta a fome e a falta de oportunidades. Foi nesse cenário que Flávio Gomes, morador há 50 anos, decidiu plantar uma ideia que deu frutos. O projeto Horta na Favela, que transforma lajes e quintais em hortas produtivas. Mais do que alimento, ele cultiva a esperança.
“Eu penso no Horta na Favela como um um projeto de sustentabilidade, mas que a gente consiga atingir o objetivo de gerar renda e combater a falta de alimento dentro da favela”, comentou o idealizador do Projeto “Horta na Favela”, Flávio Gomes
O projeto começou em 2017 com oficinas para ensinar crianças sobre compostagem, plantio e reciclagem. A proposta era simple:, mostrar que até no concreto é possível fazer a vida brotar. Hoje são quatro hortas ativas nas lajes da comunidade.
Onde antes havia entulho, hoje há alimento fresco na mesa de quem mais precisa. Uma prova de que ideias simples quando bem cuidadas podem mudar realidades. Três famílias já criam tilápia em casa. Uma delas vendeu o peixe na semana santa e garantiu renda extra.
20 lajes estão cadastradas para receber as hortas e a meta é chegar a 50 até o fim do ano com a criação de uma cooperativa para organizar a produção e as vendas.
Com criatividade, consciência e vontade de mudar, Flávio e os moradores mostram que é possível transformar dificuldades em oportunidade. Um trabalho coletivo feito com afeto, que já dá frutos e promete muito mais. “Se eu tivesse um terço do conhecimento que eu tenho hoje, minha família não teria saído no jornal como a família mais pobre da Rocinha”, concluiu Flávio.