Uma vacina contra a aids, produzida por cientistas franceses, chineses e brasileiros, está sendo testada pela primeira vez em seres humanos na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Os testes foram iniciados há seis meses em pacientes portadores do vírus HIV, com acompanhamento dos oito cientistas envolvidos no projeto.
A vacina é do tipo autóloga, ou seja, produzida a partir de células de defesa imunológica do infectado e depois reintroduzidas no sangue do paciente. As células coletadas passam por uma espécie de “treinamento” contra o HIV. Reforçadas, são reimplantadas com a tarefa de garantir a defesa do organismo.
A vacina não é preventiva, pois só pode ser usada em pessoas soropositivas. De acordo com o diretor do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika) – ligado ao Centro de Ciências Biológicas da UFPE e onde a pesquisa está sendo realizada -, José Luiz Lima Filho, não há previsão para a conclusão dos trabalhos.
Ele lembrou que algumas vacinas podem levar até 10 anos para chegar ao mercado. Desenvolvida em colaboração com a Universidade de Paris, a vacina cumpre a segunda das quatro fases previstas até a liberação para comercialização, depois de comprovada sua eficácia.
Antes de começar a ser testada nos voluntários brasileiros, ela foi utilizada em animais na China. O diretor do Lika não revelou o número de voluntários nem maiores informações sobre o projeto, que tem recursos da UFPE e da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz).
A nova vacina foi motivo de artigo publicado em dezembro na revista científica britânica Nature Medicine. O Lika existe desde 1986, quando foi criado com recursos do governo do Japão, com a finalidade de estudar doenças tropicais no Nordeste brasileiro.
Em oito anos, foram investidos US$ 4,8 milhões no instituto que leva o nome de um dos seus idealizadores, um professor da Universidade de Keio. E a Roche vai baixar os preços de seus remédios contra a aids nos países menos desenvolvidos e na África subsaariana, onde essa epidemia faz grandes estragos.
Os remédios Invirase e Viracept serão vendidos em sessenta e dois países a preço de custo, anunciou a empresa em um comunicado. Os preços serão revisados ano após ano em função dos custos de fabricação. Os sessenta e dois países que se beneficiarão desse preço especial pagarão 90,9 francos (mais ou menos 62,3 euros) por uma caixa de 270 comprimidos de viracept (nelfinavir) e 95,4 francos (65,34 euros) por 270 cápsulas de invirase (saquinavir).
Na Suíça, um dos países do mundo onde os remédios custam mais caro, esses dois produtos são vendidos ao preço de 551 francos (377 euros) cada um. Ao preço de fabricação, os países menos avançados terão que acrescentar as despesas de transporte, alfândega, armazenamento e distribuição, com o que o preço final poderá diferir de um lugar para outro, explica a Roche.
O comunicado da multinacional farmacêutica acrescenta que a Roche não perseguirá eventuais violadores de suas patentes de remédios contra a aids nem solicitará a proteção de patentes para novos remédios contra essa doença nos sessenta e dois países afetados.
A Médicos sem Fronteiras, que criticava a Roche por vender esses remédios a um preço exagerado para qualquer país em desenvolvimento, comemorou a medida.
Fonte: Terra