No aniversário de um ano da tragédia de Mariana, encontro debate o futuro da Bacia do Rio Doce
Da redação, com Arquidiocese de Mariana
Um ano após a tragédia de Mariana (MG), a cidade mineira promove o Encontro dos Atingidos por Barragem para debater o futuro da Bacia do Rio Doce.
A tragédia que destruiu o distrito de Bento Rodrigues, município de Mariana, no dia 5 de novembro de 2015, provocou o maior desastre socioambiental já ocorrido no país. O rompimento da barragem de Fundão provocou um tsunami com 32 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos de mineração da empresa Samarco, que matou trabalhadores da mina e habitantes do distrito, deixou milhares de pessoas sem casa e sem trabalho e alastrou-se por 640 km ao longo do Rio Doce.
O evento começou nesta quinta-feira, 3, e até este sábado, 5, pretende reunir cerca de 800 pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, além de entidades, movimentos e organizações. O arcebispo local, Dom Geraldo Lyrio Rocha, participou da abertura do encontro, realizado na Arena Mariana.
Dom Geraldo lembrou que a lama tirou 19 vidas humanas e incontáveis vidas de animais e vegetais, soterrou casas e propriedades rurais, destruiu patrimônios históricos e artísticos, atingiu populações ribeirinhas, causou danos aos povos indígenas, prejudicou o abastecimento de água de muitas localidades, poluiu praias capixabas e chegou até o Oceano Atlântico.
“Provocou um desastre de proporções incalculáveis e causou prejuízos irreparáveis”, enfatizou.
Segundo o arcebispo, essa tragédia demonstra que “Só a luta vence a lama” e a solidariedade expressa neste encontro, encoraja a seguir nos esforços para salvar a Bacia do Rio Doce.
“Unamo-nos no apoio aos atingidos pela tragédia do rompimento da barragem de Fundão para que tenham seus direitos respeitados, sua dignidade reconhecida, seus bens ressarcidos e seu protagonismo considerado na busca de soluções que atendam a seus legítimos interesses. Unamo-nos para salvar a Bacia do Rio Doce”, acrescenta Dom Geraldo.
ONU
Um grupo de especialistas em direitos humanos das Nações Unidas pediu uma ação imediata para solucionar os impactos ainda persistentes do colapso letal do rompimento da barragem.
“Na véspera do primeiro aniversário do colapso catastrófico da barragem, de propriedade da Samarco, instamos o governo brasileiro e as empresas envolvidas a darem resposta imediata aos numerosos impactos que persistem, em decorrência desse desastre”, afirmam os especialistas.
Após um ano, muitas das seis milhões de pessoas afetadas continuam sofrendo. Acreditamos que seus direitos humanos não estão sendo protegidos em vários sentidos.
“As medidas que esses atores vêm desenvolvendo são simplesmente insuficientes para lidar com as massivas dimensões dos custos humanos e ambientais decorrentes desse colapso, que tem sido caracterizado como o pior desastre socioambiental da história do país”.