São várias as hipóteses apontadas como as possíveis causas do blecaute elétrico que atingiu cerca de 10 estados brasileiros (quase 800 cidades) e o Paraguai entre a noite de terça-feira, 10, e a madrugada desta quarta-feira, 11. A falta de investimentos na modernização das linhas de transmissão, questões atmosféricas e uma falha no sistema administrado pela Furnas Centrais Elétricas, responsável por distribuir a energia produzida pela Usina de Itaipu, fazem parte desse leque de possibilidades.
O setor elétrico brasileiro é um dos quatro maiores no ranking mundial em extensão na área de transmissão. Hoje, há 176 mil quilômetros de linhas, dos quais 19.227,5 fazem parte da rede administrada por Furnas, configurada com base em diferentes tensões e que passa por oito estados e o Distrito Federal.
Outro fator diferencial é que o país conta com um Sistema Interligado Nacional (SIN), que funciona como um sistema de coordenação e controle e é formado pelas empresas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte. O tamanho e as características desse sistema o tornam único em nível mundial. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), apenas 3,4% da capacidade de produção elétrica do país não é operada pelo SIN, especialmente na região amazônica.
SIN também pode apresentar falhas
O Sistema é dividido em dois grandes subsistemas: o Subsistema Sul/ Sudeste/ Centro-Oeste (S/ SE/ CO) e o Subsistema Norte/ Nordeste (N/ NE). Como o SIN atua de forma interligada, cada subsistema pode aproveitar a sazonalidade de outro, bem como permutar a energia entre si. "Esse é um fator extremamente positivo. Caso contrário, não seria possível garantir um abastecimento estável em todas as regiões, que possuem capacidades diferentes de produção", indica o pesquisador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professor Roberto Brandão.
O pesquisador ressalta que, graças a essas características, o SIN garante maior eficiência à transmissão de energia, embora também seja potencialmente perigoso. É que em caso de falha em alguma subestação de transmissão, outros pontos da rede são desligados automaticamente. Isso evita a sobrecarga do sistema e danos que possam ser ainda mais prejudiciais. "Em contrapartida, com essa espécie de efeito cascata, o desligamento de um circuito afeta todos os outros", indica Brandão.
Na opinião do professor, está absolutamente excluída a possibilidade de o apagão ter sido provocado por escassez de oferta de energia. "O cenário atual do Brasil é exatamente o oposto. A capacidade de produção instalada cresceu e, além disso, vivemos um ano muito bom em termos hidrológicos. Os reservatórios estão cheios", aponta.
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