OUTUBRO ROSA

SUS amplia atendimento à mamografia para mulheres de 40 a 49 anos

Medida visa ampliar detecção precoce do câncer de mama, com orientação do profissional de saúde; doença chega a 73 mil novos casos anuais no Brasil

Thiago Coutinho
Da redação

Hábitos saudáveis, prática de atividades físicas e distância do tabagismo são algumas das maneiras de se prevenir o câncer de mama / Foto: Unsplash

Outubro é o mês da campanha dedicada à prevenção contra o câncer de mama. A campanha Outubro Rosa deste ano traz como tema “Mulher: seu corpo, sua vida”. Entre as novidades está a iniciativa do Ministério da Saúde que vai garantir o acesso à mamografia no Sistema Único de Saúde (SUS) a mulheres de 40 a 49 anos — o exame será feito sob demanda, mesmo que não haja sintomas da doença.

A mamografia para mulheres nesta faixa etária, mesmo assintomáticas, já era uma recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia. “É importante ressaltar: desde 2009, quando a mamografia de rastreamento foi incorporada na tabela de procedimentos do SUS, é possível realizar a mamografia de rastreamento para mulheres nessa faixa etária”, reforça Renata Oliveira Maciel dos Santos, Chefe da Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

De acordo com a médica, o SUS, em 2024, realizou mais de 1 milhão de mamografias de rastreamento em mulheres abaixo de 50 anos. “Isso equivale a 28,1% do total de mamografias de rastreamento. Sendo assim, a Nota técnica publicada sobre as recomendações esclarece sobre a garantia de acesso à mamografia para mulheres dessa faixa etária, que desejarem realizar o exame após orientação sobre os riscos e benefícios do exame por profissional de saúde”, esclarece.

Para o rastreamento populacional, de acordo com Renata, a mudança ocorreu na faixa etária da recomendação que mudou de 50 a 69 anos para 50 a 74 anos, com realização a cada 2 anos. “Essa orientação está alinhada às referências internacionais, como o Código Latino-Americano e Caribenho contra o Câncer (IARC/OMS/OPAS), que indicam benefício comprovado do rastreamento a partir dos 50 anos. Vale destacar que diversos países, como Canadá, Reino Unido e vários países da União Europeia também adotam recomendações semelhantes, priorizando o rastreamento organizado na faixa etária de 50 a 74 anos, justamente por ser a que concentra maior evidência de impacto na redução da mortalidade”.

Segunda maior causa de morte por câncer entre mulheres

O câncer de mama é a segunda maior causa de morte por câncer entre mulheres no Brasil. A detecção nessa faixa etária (40 a 49 anos) pode apresentar benefícios como encontrar o câncer no início e permitir um tratamento menos agressivo. Mas Renata ressalta que também há o risco de falso positivo ou falso negativo, resultados incorretos que geram ansiedade e estresse, além da necessidade de outros exames. 

“Portanto, o INCA/ MS recomenda que essas mulheres sejam orientadas por profissionais de saúde sobre os possíveis riscos e benefícios dessa prática”, acrescenta a médica. O INCA fornece, em seu site, uma ferramenta que fornece informações às mulheres que decidem realizar o rastreamento.

O impacto sobre a mortalidade é comprovado a partir dos 50 anos — por isso esta faixa etária é sempre prioridade nas recomendações baseadas em evidências. Para as mulheres mais jovens, realizar a mamografia antes da idade prevista, como a médica avisa, pode implicar alguns riscos. “Por isso, nessa faixa etária, a realização deve ocorrer apenas com orientação adequada dos profissionais de saúde”, reforça Renata. “Dessa forma, garante-se que as mulheres façam escolhas informadas, equilibrando a possibilidade de detecção precoce com a redução de efeitos adversos”.

Outros pilares de prevenção

Além do rastreamento feito por meio da mamografia, o diagnóstico precoce consiste na abordagem oportuna das mulheres com sinais e sintomas de câncer. Isso ajudará no combate à doença. “Para isso é importante informar as mulheres sobre o reconhecimento dos sinais e sintomas do câncer de mama, para que elas procurem uma Unidade de Saúde quando observarem essas alterações”, recomenda Renata.

Segundo a especialista, nos últimos anos, o INCA tem trabalhado junto às mulheres a ideia de estarem alerta aos sinais, por menores que sejam, de alteração nas mamas. “Assim como tem desenvolvido ações com gestores e profissionais de saúde sobre a importância do rápido encaminhamento para a investigação diagnóstica e início do tratamento adequado”, assegura.

“A orientação é que a mulher observe e apalpe suas mamas sempre que se sentir confortável para tal (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano)”, prossegue a especialista do INCA, “sem técnica específica, valorizando-se a descoberta casual de pequenas alterações mamárias. E em caso de alterações nas mamas, a mulher deve procurar uma Unidade de Saúde”.

Os principais sinais e sintomas do câncer de mama são:

  • Caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor;
  • Pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja;
  • Alterações no bico do peito (mamilo);
  • Saída espontânea de líquido de um dos mamilos;
  • Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas).

É importante seguir também algumas estratégias de prevenção do câncer de mama:

  • Praticar atividade física;
  • Manter o peso corporal adequado;
  • Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
  • Amamentar seu bebê.

Além disso, não fumar e evitar o tabagismo passivo são medidas que podem contribuir para a prevenção do câncer de mama. “Cerca de 17% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis”, frisa Renata. “Em síntese, a prevenção e o controle do câncer de mama envolvem um conjunto de ações integradas: hábitos de vida saudáveis, vigilância de sinais suspeitos, acompanhamento profissional e acesso ágil a diagnóstico e tratamento. Esses pilares são válidos para mulheres de todas as idades”, observa.

Método padrão ouro

A mamografia é o principal método de rastreamento. É reconhecida pela medicina contemporânea, de acordo com Renata, como “método padrão ouro” no que se refere ao rastreamento do câncer de mama. “Casos específicos devem ser criteriosamente avaliados pelos médicos, que podem integrar outros exames de imagem, exames histopatológicos e técnicas de biópsia, para assegurar a precisão diagnóstica para definir a melhor conduta terapêutica”, finaliza.

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