Na homilia desta sexta-feira, 12, Francisco ressaltou a luta entre o bem e o mal, e a armadilha da “mediocridade espiritual”
Da redação, com Vatican News
Na homilia da Missa celebrada na manhã desta sexta-feira, 12, na Casa Santa Marta, Papa Francisco refletiu sobre o Evangelho extraído de Lucas (Lc 11,15-26). “O demônio, quando toma posse do coração de uma pessoa permanece ali, como se fosse a sua casa e não quisesse sair”, destacou Francisco, acrescentando que quando Jesus expulsa os demônios, eles tentam arruinar a pessoa, fazendo mal inclusive fisicamente.
Mais do que “a luta entre o bem e o mal”, o Pontífice ressaltou que a verdadeira luta é primeiro entre Deus e a antiga serpente, entre Jesus e o diabo. “E esta luta se faz dentro de nós. Cada um de nós está em luta, talvez sem que saibamos, mas estamos em luta”, pontuou.
A essência do demônio é destruir, disse o Santo Padre, explicando que a vocação do mal é precisamente destruir a obra de Deus. Francisco advertiu, porém, que o risco é ser como crianças, que chupam o dedo acreditando que não seja assim, que sejam invenções dos padres. “O Evangelho de hoje parte com algumas pessoas que acusam Jesus de ter expulso um demônio por meio de Beelzebul. Têm sempre ‘as más línguas’. Começa, assim, uma discussão entre Jesus e essas pessoas”, comentou.
Depois, o Papa concentrou o seu pensamento sobretudo na última parte do trecho evangélico, no qual se destaca que quando o espírito impuro sai do homem, que vaga por lugares desertos buscando repouso e, não encontrando, volta para a casa da qual saiu, pega outros sete espíritos piores que ele e ali fixam morada. E a última condição daquele homem se torna pior do que a primeira.
Segundo Francisco, quando o diabo não pode destruir uma pessoa através dos vícios, ou um povo com as guerras e as perseguições, pensa em outra estratégia, a estratégia que usa com todos nós. “Nós somos cristãos, católicos, vamos à Missa, rezamos….Parece tudo em ordem. Sim, temos os nossos defeitos, os nossos pecadinhos, mas parece tudo em ordem. E ele se faz ‘o educado’: vai, vê, bate à porta – ‘Dá licença? Posso entrar?’, toca a campainha. E estes demônios educados são piores que os primeiros, porque você não se dá conta que os tem em casa. E este é o espírito mundano, o espírito do mundo”, alertou.
“O demônio ou destrói diretamente com os vícios, com as guerras, com as injustiças, diretamente, ou destrói educadamente, diplomaticamente neste modo que diz Jesus. Não fazem barulho, se fazem de amigos, persuadem você – ‘Não, vai, não faz tanto, não, mas…até aqui está bem’ – e levam você pelo caminho da mediocridade, fazem você um ‘morno’ no caminho da mundanidade”, frisou o Papa.
O Pontífice então advertiu quanto à queda naquilo que ele denominou como “mediocridade espiritual”: “Mas estas coisas não são tão ruins. E o espírito do mundo nos arruína, nos corrompe por dentro”, sublinhou. “Tenho mais medo destes demônios do que dos primeiros”, afirmou Francisco. “Eu não me preocupo tanto, como quando vejo essas pessoas que abriram a porta aos demônios educados, para aqueles que convencem, de dentro, que não são tão inimigos”.
“Muitas vezes eu me pergunto: o que é pior na vida de uma pessoa? Um pecado claro ou viver no espírito do mundo, da mundanidade? Que o demônio coloque você em um pecado —também, não um, vinte, trinta pecados, mas claros, que você se envergonha — ou que o demônio esteja à mesa com você e viva, more com você e está tudo normal, mas alí, dá a você as insinuações e possui você com o espírito da mundanidade?”, indagou
O espírito da mundanidade é, de acordo com o Santo Padre, aquele que traz os demônios educados. “Diante destes demônios educados que querem entrar pela porta de casa como convidados para o casamento, dizemos: ‘Vigilância e calma’. Vigilância: esta é a mensagem de Jesus, a vigilância cristã. O que acontece no meu coração? Por que sou assim medíocre? Porque sou assim morno? Quantos ‘educados’ habitam em casa sem pagar aluguel?”, concluiu.