Luta pela inclusão tem dado passos favoráveis, diz membro de fundação, mas ainda são poucas oportunidades
Monique Coutinho
Da redação
Nesta terça-feira, 21, é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down, data que remete à luta para a inclusão social das pessoas que apresentam essa condição especial.
O trabalho pela inclusão das pessoas com a síndrome é pesado, mas válido, afirma o Assessor ao Mercado de Trabalho da Fundação Síndrome de Down, Eduardo Tedeschi. Ele explica que a luta tem dado passos favoráveis para que essas pessoas consigam ter uma vida plena.
“Sempre olhamos a possibilidade que essa pessoa tem de viver bem, onde ela possa trabalhar, ter um relacionamento e muitas vezes uma vida social com amigos e outras pessoas”, diz.
O representante afirma que, apesar da evolução, ainda existem diversas barreiras impostas pela sociedade como, por exemplo, o preconceito e até mesmo o medo de entrar em contato com a deficiência.
“A maior barreira é o despreparo das pessoas em compreender que eles pensam diferente. Temos barreiras que a sociedade constrói e dificulta o trabalho daqueles que querem ajudar. Não só a sociedade, mas dependendo do caso, as barreiras partem de empresas e até mesmo da própria família” acrescenta.
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.:Respeito: a ajuda na inclusão de quem tem Síndrome de Down
As principais características físicas de quem tem Síndrome de Down são olhos oblíquos e amendoados, rosto redondo, dedos das mãos mais curtos, baixa estatura e pequenas orelhas. Apesar de ser considerada uma deficiência, a pessoa com Síndrome tem capacidade de desenvolver atividades como qualquer outra pessoa. De acordo com o geneticista Cássio Serao, se as capacidades psíquicas e motoras da pessoa forem bem estimuladas, elas são capazes de vencer os desafios cotidianos.
“O mais importante é dar oportunidades para eles conseguirem vencer os obstáculos que aparecem, e se a gente os priva dessas oportunidades, isso pode causar maior dificuldade de desenvoltura”, diz.
Diferenças
O especialista explica que assim como não existe ninguém igual, pessoas com essas condições especiais também são distintas, e por esse motivo, existem aquelas que conseguem desenvolver com mais facilidade determinada atividade, ao passo que outras possuem mais dificuldades.
“Esta síndrome não possui diversos graus, ou você a tem, ou você não a tem. Existem características individuais, assim como existem pessoas diferentes, as pessoas com a síndrome também são diferentes entre si. Têm aquelas que favorecem alguma aptidão maior e outras menores”, acrescenta.
Como a Síndrome de Down é adquirida?
A Síndrome Down é adquirida logo no início da formação do embrião, onde é aplicado um material genético extra, por isso é considerada uma anomalia genética, que não tem cura. Para explicar melhor, o especialista cita como exemplo a receita de um bolo. “É como se fosse um livro de receita onde você coloca uma quantidade a mais de ingredientes”.
Dona Ivete Castro convive com a realidade da Síndrome de Down há 22 anos, pois sua filha, Bruna Otacílio Castro, possui esta condição especial, mas isso nunca a privou de ter uma vida normal.
“A Bruna trabalha há 4 anos em uma empresa, nas quintas-feiras tem aulas de teatro e aos sábados, no período da tarde, faz atividade física com a associação Down Entre Amigos. Além disso, há três anos namora com o José Junior, que também possui esta síndrome”, relata.
A rotina de Bruna é normal, mas existem alguns cuidados especiais que ela precisou ter durante o seu desenvolvimento. Dona Ivete conta que por 15 anos sua filha teve o acompanhamento de uma equipe que envolvia fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas e psicopedagogos. “Foi preciso para que hoje ela tivesse uma vida normal, feliz e de bem com a vida”.
Todo esse auxílio colaborou para que Bruna tivesse uma boa qualidade de vida, ainda que ela enfrente algumas dificuldades. “Já existiu muito preconceito, atualmente não, mas teve casos no passado que sim. Hoje ela só tem um pouco de dificuldade na comunicação, na escrita e na leitura”, conta dona Ivete.
Linguagem entre pessoas com Síndrome de Down
A dificuldade de linguagem é comum entre as pessoas com a Síndrome de Down. O geneticista explica que por vivermos em um mundo onde a comunicação é primordial, existe a necessidade de facilitar o acesso a linguagens para que pessoas com tais condições possam ter um futuro cada vez melhor.
“Quanto antes eles tiverem treinos e estímulos, vão ter uma oportunidade muito maior e claro que hoje em dia temos empresas que contratam as pessoas com a síndrome, mas é preciso que haja treinamentos profissionalizantes e mais possibilidade de integrar essas pessoas em colégios. Isso ajuda a criar uma rede social bem significativa. As pessoas com a Síndrome de Down têm como lutar e correr atrás, mas as oportunidades precisam surgir”, conclui.
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