“Como vou estar me divertindo em qualquer lugar, quando Ele [Cristo] está sofrendo por amor a mim? Não posso!”, diz padre sobre o feriado cristão
André Cunha
Da redação, com produção de Denise Claro
A Semana mais importante para a Igreja Católica começou neste domingo, 9, conhecido como Domingo de Ramos. A data faz memória à entrada de Jesus em Jerusalém, cidade onde a bíblia relata sua morte de cruz e ressurreição. A Semana Santa se estende até o Sábado Santo quando se celebra a Vigília Pascal.
A Sexta-feira Santa é feriado nacional e, ao contrário do que muitos pensam, o dia não é para descanso ou passeios turísticos, mas para recolhimento e oração, meditando o sofrimento de Cristo por amor à humanidade. É o que afirma o padre Sóstenes Vieira, missionário da Comunidade Canção Nova.
“O feriado tem um sentido: essa celebração é tão importante que nós vamos parar as fábricas, os bancos, as instituições públicas, etc, para que todas as pessoas possam celebrar a sua fé. É este o significado do feriado nacional. Quando qualquer pessoa – isto para os cristãos católicos – se utilizam desse feriado com outro sentido e objetivo é um sinal de que talvez ela não saiba muito bem quem é. Porque, como vou estar me divertindo em qualquer lugar, quando Ele [Cristo] está sofrendo por amor a mim? Não posso! Nós, católicos, somos chamados a divulgar a importância da Semana Santa, para que este feriado não seja como outro qualquer”, afirmou.
O padre ainda completa: “Quem, na Semana Santa, não se encontra com Jesus porque quer descansar, certamente vai voltar muito mais cansado do quem se encontrou com Jesus, a nossa Páscoa”.
Sete dias com um Sentido
A Semana Santa é também chamada de Semana Maior. “Isto porque – diz o padre – nela nós celebramos o maior mistério da nossa fé, que é a entrega, a vida, a cruz, a morte e a ressurreição do senhor. Ela é a maior por causa da grandeza do mistério que celebramos, mas também porque ela se estende por mais cinquenta dias, que chamamos de Tempo da Páscoa”.
Dos sete dias da Semana Santa, padre Sóstenes explica que os que mais se destacam, por conta do significado das celebração, são o Domingo de Ramos, a Quinta-feira Santa, a Sexta-feira Santa, o Sábado Santo (Tríduo Pascal) e o Domingo da Ressurreição.
Nos demais dias da Semana Santa acontecem outras atividades devocionais, de acordo com a tradição de cada país e diocese, como, por exemplo, a procissão do encontro, muito comum também no Brasil.
Veja aqui o significado litúrgico de cada celebração da Semana Santa
De acordo com padre Sóstenes, o Tríduo Pascal tem seu sentido na pessoa de Jesus. “Olhando para a vida de Cristo, encontramos o sentido dessa celebração. A vida de Jesus é amor, é entrega, é doação, é vida nova. Sua vida tem um sentido porque ela é a Páscoa”, explica padre Sóstenes, acrescentando a particularidade desses três dias:
“O que vivemos na Quinta-feira quando Ele, humilde, lava os pés, instituiu os três mistérios importantes (Sacerdócio, Eucaristia e o Novo Mandamento – ‘Amai-vos como Eu vos amei’) mostra que Jesus é uma pessoa de palavra e gestos concretos, Ele cumpre o que diz. Cristo se entrega de verdade na cruz; não foi um teatro ou um filme, mas foi real a sua entrega. E o sentido de tudo isso é que Ele vence. Na vigília de sábado, celebramos essa vitória. Ele venceu! Portanto, em Jesus nós encontramos o sentido dessas celebrações, que é a nossa Páscoa”, disse o padre.
A Páscoa in loco
Padre Sóstenes Vieira morou por quatro anos na Terra Santa, dividindo-se entre Israel e Palestina, num período missionário. Ele relata que pôde conviver com a cultura do povo local, com as leis, mas sobretudo com a espiritualidade própria da terra que acolheu o Filho de Deus.
O padre relatou à nossa equipe como foram os anos celebrando a Páscoa na Terra Santa:
“É uma experiência única realmente, uma graça muito grande participar da Páscoa na Terra Santa, principalmente, porque tudo aconteceu lá. Tudo aquilo que um dia assistimos em filmes, em teatros, ou lemos na Bíblia, aconteceu lá.
O Papa Bento XVI, certa vez, nos recordava que a Terra Santa é o quinto Evangelho. Portanto, quem diz ‘eu já li toda a Bíblia ou todos os Evangelhos’, mas não foi à Terra Santa, não pode dizer que já leu toda a bíblia, porque existe um quinto Evangelho que é lido pisando naquele local.
A força espiritual que emana daquela terra onde escorreu o sangue de Jesus, é perceptível, é sensível. Por isso, cristãos do mundo inteiro acorrem àquele lugar, principalmente nesta época.
Estar na Terra Santa é uma experiência única porque a gente vai além da nossa língua, da nossa cultura. Encontramos gente de todo o mundo e nos unimos em Cristo, por causa da nossa fé que está presente no calvário.
Podemos tocar a pedra onde escorreu o sangue de Jesus, onde ficou sua cruz… É uma força muito grande! Depois, nós descemos do calvário e vamos seguindo a procissão até o Santo Sepulcro, onde encontramos a pedra na qual repousou o corpo do Senhor. Mas, o melhor de tudo é ver que o sepulcro está vazio, a prova de que Ele ressuscitou, que realmente é Deus e que as suas palavras são de vida eterna. Esta é uma experiência que vou levar no meu coração onde quer que eu vá. E convido a todos que podem a fazer essa experiência de, um dia, passar a Semana Santa na Terra Santa. Claro, são muitas pessoas, muitos peregrinos, mas o Senhor está dentro de nós e também, em espírito, caminha naquelas ruas, naqueles lugares”.