Phillip Ozores, secretário geral da AIS, está no Brasil pela quinta vez em mais um programa de visita a países da América Latina
Julia Beck
Da redação, com colaboração de André Cunha
O secretário geral da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), Phillip Ozores, está no Brasil pela quinta vez em mais um programa de visita a países da América Latina. O membro da AIS comentou nesta quarta-feira, 24, a realidade de perseguição vivida por cristãos no mundo inteiro, citou as preocupações da fundação com o Brasil e os trabalhos já realizados em parceria com a Igreja no país.
Sobre os cristãos que vivem em situação de perseguição, Ozores relata números alarmantes: “Mais de 200 milhões de cristãos moram em países onde não podem praticar livremente a sua fé. Eu, pessoalmente, pude viajar a muitos países onde nossos irmãos e irmãs estão sofrendo somente por serem cristãos”, contou.
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Segundo o secretário geral da AIS, há muitas formas de sofrimento por parte dos cristãos, como a opressão sistemática por conta de um governo – realidade existente na China -; e a perseguição por grupos que não permitem a vivência da fé – como o Estado Islâmico no Oriente Médio. Ozores revelou que nesta terça-feira, 23, mais um membro da AIS foi assassinado por intolerância religiosa, dessa vez em Burkina Faso – país africano. “Ainda hoje muitos países cristãos não podem viver livremente a fé e muitos pagam um preço alto por vivê-la”, frisou.
A perseguição contra os fiéis não é a única linha de trabalho da AIS, de acordo com Ozores. O secretário geral revelou que o auxílio na vivência da fé em muitos países é uma das prioridades da fundação e citou o Brasil como um país que recebe ações da AIS de fomentação da Boa Nova do Evangelho. “A fé é o mais importante na vida do homem, é a nossa base”, completou.
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“No Brasil, que a religiosidade é muito viva e forte, mas os católicos também precisam de ajuda. Temos um país muito grande, quase um continente, com tanta beleza, mas também tanta contradição, tantos pobres, tanta miséria e sofrimento por conta da pobreza e dos conflitos sociais. Aqui, o papel da Igreja Católica é essencial para trazer a Boa Nova de Jesus, temos muitos e muitos projetos, sempre de um ponto de vista de fé, mas também muito práticos”, explicou.
Os dois trabalhos desenvolvidos recentemente no país são, segundo Ozores, voltados para a região da Amazônia. “Temos boas pessoas da igreja, mas o que precisa é de ajuda prática”, pontuou. O secretario geral da AIS conta que um barco financiado pela AIS está sendo usado por um bispo em um trabalho de visitação aos povos indígenas. “Os povoados que o bispo levava 20 dias para visitar, hoje são visitados em quatro dias”, afirmou Ozores.
Outra iniciativa auxiliada pela AIS é a disponibilização de uma rádio para que os moradores locais consigam ouvir a Palavra de Deus. “Por meio da AIS podemos ajudar muita gente”, frisou.
Sobre a percepção que tem do Brasil, o secretario geral da AIS pondera: “No Brasil a liberdade religiosa está muito mais desenvolvida do que em outros países, mas há problemas muito graves. (…) É um país que tem muita esperança, mas que não está plenamente realizado. Tem tanto potencial, tanta beleza, pessoas criativas e com capacidade, mas também pode se ver que os tantos problemas ligados a corrupção geram muitos contrastes”.
A perspectiva da fé é, para Ozori, muito importante antes de uma análise sobre o país. “Creio que todos os países, incluindo o Brasil, precisam da fé e de Deus para transformar os corações, para que haja mais paz nos bairros, nas cidades. Que a gente pense mais nas necessidades do outro do que nas nossas próprias necessidades”, concluiu.