Alergias e tempo seco são apenas alguns dos inimigos dos olhos que, em tempos de pandemia, requerem ainda mais cuidados
Thiago Coutinho
Da redação
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) aponta que 20% da população brasileira sofre de alergia ocular. E neste 10 de julho é celebrado o Dia Mundial da Saúde Ocular, que reforça os cuidados a serem tomados com a visão — especialmente nestes dias de tempo seco e pouco úmido.
“Quem já usa, mantém os óculos em bom estado e limpos”, explica a oftalmologista e Diretora Científica da Associação Baiana de Medicina (ABM), Claudia Galvão. “O uso de colírio é importante principalmente se a pessoa precisa ficar em ambiente com ar condicionado, pois o ambiente fica muito seco. Se exposto ao vento, também é importante alguma proteção como óculos de sol ou chapéu”, reforça.
A coceira, muito comum em dias de inverno, com pouca chuva e umidade baixa, pode surgir por diversas razões. “Alergia e ressecamento ocular são as causas mais comuns. Se o problema é ressecamento ocular, o ideal é manter o uso de lubrificantes”, detalha Cláudia.
Já se o problema for alergia, e o paciente já sabe disto, o ideal é tratar o agente e o sintoma dela. “Nas duas situações, porém, o mais recomendado é buscar a opinião de um médico, seja ele um oftalmologista ou um especialista em alergia, como um pneumologista ou um otorrinolaringologista. Por vezes, apenas o uso de um remédio antialérgico via oral já melhora estes sintomas”, acrescenta.
Pandemia e cuidado com os olhos
Durante estes pouco mais de 14 meses de pandemia, os hábitos diários das pessoas mudaram, especialmente para quem ficou mais tempo dentro de casa ou em regime de home office. Em muitos dos casos, isso significou mais tempo em frente das telas de celulares, computadores e dispositivos eletrônicos. Sem cuidados, isto pode causar danos à visão.
“De fato, as pessoas têm passado mais tempo em frente às telas em geral, seja videogames, tablets e celulares. São inúmeros cuidados que devem ser tomados. As crianças, por exemplo, ficam com os smartphones a dez centímetros dos olhos, próximo quase do nariz. Isso deve ser proporcionalmente afastado ao tamanho da pessoa”, aconselha a oftalmologista.
É importante, também, que se mantenha o número de piscadas quando se está em frente a estes aparelhos. “As piscadas lubrificam e renovam células, que deixam nossa visão inclusive mais nítida”, reforça a especialista.
No entanto, se realmente é necessário ficar por horas prolongadas em frente a estas telas, seja para estudar ou trabalho, é necessário que sejam estabelecidas pausas de descanso. E a oftalmologista dá uma dica importante para isto. “É importante que a pessoa crie uma regra e descanse os olhos de vinte em vinte minutos e tente focar um objeto a vinte pés, pouco mais de seis metros. A pessoa tem que tentar focar o objeto e enxergá-lo de forma nítida, isso durante vinte segundos”, ensina.
Relato de quem sente na pele
A arquiteta Tânia Carvalho sofre com uma doença ocular conhecida como pterígio, que causa irritação e pode afetar a visão.
“Ter o pterígio deixa os olhos muito mais sensíveis, coça com muito mais frequência. O oftalmologista recomendou sempre lubrificar com colírio e evitar ao máximo a exposição ao sol, ou seja, sempre usar óculos escuros”, explica.
Tânia se queixa que trabalhar em frente a uma tela de computador aumenta a vontade de coçar os olhos — algo que o médico a proibiu de fazer. “Fico na frente de uma tela praticamente o dia todo e o meu óculos tem aquela proteção azul na lente, que cansa menos a vista. E ajuda também a me proteger da covid de certa forma, já que evito colocar o dedo nos olhos”, diz a arquiteta.
Não dividir objetos pessoais
Dividir objetos pessoais como toalhas de rosto, cobertores ou mesmo, para mulheres, itens de maquiagem como esponjas, rímel, sombras, cílios postiços, pode ser extremamente prejudicial aos olhos.
“Dividir objetos pessoais é algo que realmente recomendamos que não se faça”, adverte a oftalmologista Cláudia Galvão. “São itens que devem ser individuais, especialmente em tempos de pandemia”, pondera.
“Há risco de contaminação para vários tipos de agentes infecciosos, de vírus a bactérias, que podem perdurar nestes artefatos que ficam guardados em uma bolsa. Além do mais, se a pessoa utiliza uma lente de contato, uma bactéria ou protozoário ou mesmo um vírus mais resistente pode contaminar o olho ou a lente. Se a pessoa estiver com um sistema imunológico um pouco mais baixo, pode ocasionar uma infecção grave”, alerta a médica.
Animais domésticos
Para quem tem animais domésticos, fugir dos pelos é uma tarefa árdua. Gatos e cachorros costumam soltá-los por toda a casa. Por isso, portadores de alergia têm que redobrar a atenção.
“Lembre-se também da saliva do animal. Eles, de forma instintiva, lambem o chão, lambem as patas e outros locais do corpo e isso pode ocasionar uma contaminação secundária por inúmero agentes infecciosos”, finaliza a médica.