REPORTAGEM ESPECIAL

Saiba o que é adultização e os efeitos nas crianças e adolescentes

Você deve ter ouvido falar em adultização nas últimas semanas. Mas o que significa isso e quais efeitos pode trazer para a formação das crianças? É o que vamos entender no primeiro episódio da série Adultização: Efeitos e Prevenção.

Reportagem de Gabriela Matos e Ersomar Riberio

A palavra adultização se popularizou nos últimos dias, mas ainda gera dúvidas sobre o que de fato ela significa. Adultização é atribuir a crianças ou adolescentes responsabilidades, falas, atitudes que não são próprias para fase em que estão vivendo. Um fenômeno que apresenta cobranças e estímulos que levam a se comportarem como adultos. 

O Estatuto da Criança e do Adolescente define como criança a pessoa até 12 anos incompletos e adolescente dos 12 aos 18 anos. Essa psicóloga lembra a importância de o ser humano conseguir viver adequadamente cada fase da sua vida. “Quando você coloca, ou pula etapas ou coloca aquilo que não é devido pro momento que a pessoa está vivendo, aquilo vai afetar a sua formação. Então, tanto questões cognitivas quanto também questões psicológicas da própria personalidade. Então isso vai afetando o modo com que essa criança ou esse adolescente se percebe, o modo com que ele se relaciona com o mundo, com as pessoas ao seu redor”, analisou a psicóloga e orientadora parental, Priscila Moraes. 

“Tem gente, professores, familiares que não são os pais, plantam coisas na cabeça da criança, do adolescente e vão embora. Quem vai ter que lidar com aquilo é o pai e a mãe.

É fundamental que os pais, mães, os responsáveis criem um ambiente em que os filhos se sintam livres para falar o que sentem”, constatou o procurador da República e especialista em infância e família, Guilherme Schelb. 

Esse delegado explica o papel dos pais no cuidado e na formação das crianças. “Sob a ótica legal, o Código Civil e o Estatuto da Criança e Adolescente estabelece que cabe aos pais o poder familiar, que significa a guarda, o sustento, o cuidado e a proteção, a educação, seja formal da escola ou informal com valores morais e éticos”, afirmou o delegado da Polícia Civil do Distrito Federal, Ricardo Villafane.

Ele ainda traz exemplos práticos do que no dia a dia pode levar à adultização. “É importante a criança ter atividades e brincadeiras lúdicas compatíveis com a sua idade. Então, uma criança, ela não pode ser exposta a uma a uma brincadeira de adulto. A questão das próprias vestimentas também, criança usando roupas de criança, adolescente usando roupa de adolescente”, reforçou o delegado.

“Porque ela deixa de viver aquilo que é próprio pro momento, para viver aquilo que ainda não é próprio. Então, ela deixa de viver aquilo que a constrói durante a infância e passa a viver aquilo que ela não está preparada, nem mesmo para processar, no cérebro dela ainda não tá pronto para isso. Pode desencadear questões relacionadas à ansiedade, até mesmo depressão”, retomou Priscila.

Na próxima matéria, nós vamos falar de adultização com a ótica na exposição e exploração de crianças e adolescentes e como protegê-las.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo