De 9 a 12 de setembro, cerca de 60 representantes de instituições católicas irão discutir estratégias para consolidar a Rede Eclesial Pan-Amazônica
Da redação, com CRB Nacional
Os desafios da missão nos países que compõem o bioma amazônico, tem levado organismos e instituições afins da Igreja Católica a repensarem a sua atuação no contexto atual, para responder de maneira mais eficiente e eficaz às demandas que decorrem das suas atividades missionárias.
Em vista disso, um encontro internacional para a criação e efetivação de uma rede eclesial, acontecerá de 9 a 12 de setembro próximo, em Brasília, na Sede das Pontifícias Obras Missionárias.
De acordo com a coordenação, o objetivo é estabelecer uma visão comum e algumas diretrizes gerais para consolidar um processo de articulação na Pan-Amazônia e definir os objetivos da rede e uma estrutura básica para seu funcionamento.
O encontro terá como temas principais “A realidade da Pan-amazônia desde a perspectiva das mudanças climáticas; Testemunhos de experiências missionárias; O papel e a missão da Igreja na Ecologia e no bioma amazônico”. Atuarão como assessores o representante do Pontifício Conselho Justiça e Paz do Vaticano, o sr. Tebaldo Vinciguerra (Roma), o representante da Agência Católica para o Desenvolvimento Exterior (CAFOD), Graham Gordon, dentre outros.
“A ideia é consolidar e alargar o processo de construção da Rede Eclesial Pan-Amazônica na busca de consensos e a articulação das várias Instituições parceiras, em torno de uma visão comum na defesa da vida neste território”, disse a assessora para a Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB”, Irmã Maria Irene Lopes dos Santos,cmstj.
Cerca de 60 participantes, representarão as Instituições e Organismos afins, entre eles, o Pontifício Conselho Justiça e Paz, do Vaticano, a presidente da Confederação Latinoamericana e Caribenha de Religiosos e Religiosas, Irmã Mercedes Casas (Colômbia), o presidente da Comissão Missão Continental, Dom Adriano Ciocca Vasino, o Conselheiro Geral dos Jesuítas, padre Bruno Schizzerotto, o delegado do superior geral do Instituto Missões Consolata, padre José Salvador Medina, o delegado do superior geral dos Frades Menores, padre José Rozansky.
A Rede Eclesial
De acordo com o assessor para a Missão Continental e membro da coordenação do encontro, padre Sidney Marcos Dornelas,cs, a necessidade da criação de uma rede eclesial nasceu a partir das bases. “O tema da Pan-Amazônica vendo sendo levantado a algum tempo por religiosos, pela Equipe Itinerante, por todos aqueles que lidam com grandes problemas que envolvem o bioma amazônico”, afirmou.
Dornelas ressaltou, ainda, que diante dos grandes projetos de desenvolvimento do governo, que envolvem a Amazônia, a Igreja precisa repensar e reelaborar a sua atuação.
“Os governos da América Latina tem um projeto continental de integração das fronteiras que incluem a construção das grandes hidrelétricas, a interligação com o pacífico e outros. Quem trabalha com os indígenas, com as populações ribeirinhas, por exemplo, vêm nestes projetos uma ameaça que ultrapassa o contexto nacional. A ideia é, refletir, também, a atuação da Igreja neste contexto”, afirmou.
O evento é organizado pela Igreja Católica presente na Pan-Amazônia, o Pontifício Conselho justiça e Paz, o Departamento de Justiça e Solidariedade (DEJUSOL – CELAM), a Comissão Episcopal para a Amazônia, da CNBB, o Secretariado Latino-americano e do Caribe da Caritas (SELACC) e a Conferência Latino-americana e Caribenha dos Religiosos(as) (CLAR).
Missões na Amazônia
Especialista no Brasil em História da Igreja na Amazônia, o padre Raymundo Possedônio, que participará como assessor do encontro, em entrevista à Radio Vaticano nesta semana, lembrou que a atuação de missionários na região Amazônica é datada do séc. XVII.
“Aqui apareceram ordens religiosas como franciscanos, jesuítas, mercedários e carmelitas, que fizeram um trabalho extraordinário dadas às circunstâncias da época, o contexto da distância, da precariedade do trabalho”, afirmou.
Um segundo ciclo missionário veio a partir da metade do século XIX, com a retomada da ação da Igreja, feita principalmente por Roma. “Antes, a realidade eclesial era de certa forma dominada pelo sistema do Padroado, a Igreja não tinha muita liberdade e a Igreja se submetia aos ditames do Padroado. Isto durou aqui na Amazônia até a República, até o final do século XIX”, relatou.
Já o terceiro ciclo, o mais atual, “começou por volta de 1950, já com outra perspectiva eclesial e eclesiológica. “Além das preocupações com a cultura moderna, com as ideologias que começaram a grassar de forma forte, sobretudo através da política ou dos meios de comunicação, através das academias universitárias, escolas. O ensino era positivista… e a Igreja foi buscando uma maior aproximação do próprio povo, das bases mais populares, através da CNBB, que foi implantada, da colegialidade dos bispos, etc.”, concluiu.