O procurador do Tribunal Penal Internacional, Luis Moreno-Ocampo, pediu nesta segunda-feira, 16, uma ordem de prisão contra o líder líbio Muammar Kadhafi, acusando-o de cometer crimes contra a humanidade ao matar manifestantes durante um levante contra seu governo de 41 anos.
O procurador também pediu a juízes, que agora precisarão avaliar se existem provas suficientes para emitir os mandados de prisão, a prisão de um dos filhos de Kadhafi, Saif al-Islam, e de seu chefe de espionagem, Abdullah al-Senussi.
Moreno-Ocampo assinalou a iniciativa no início deste mês, quando disse que buscaria três prisões pela morte "previamente determinada" de manifestantes na Líbia, depois de o Conselho de Segurança da ONU ter alertado o tribunal sediado em Haia da violência, em fevereiro.
"O tribunal reuniu evidências diretas de ordens emitidas pelo próprio Muammar Kadhafi, evidências diretas de Saif al-Islam organizando o recrutamento de mercenários e evidências diretas da participação de al-Senussi nos ataques contra manifestantes", disse Moreno-Ocampo nesta segunda-feira no tribunal.
Milhares de pessoas já foram mortas no conflito no país petrolífero desértico do norte da África, que vem enfrentando a mais sangrenta das revoltas que atingem o Oriente Médio na chamada "primavera árabe".
O procurador avançou com rapidez inesperada em sua investigação sobre a violência inicial no levante contra o governo de Kadhafi. O pedido dos mandatos de prisão foi feito apenas dois meses após a indicação do Conselho de Segurança.
Moreno-Ocampo acrescentou que a promotoria também documentou que Kadhafi, Saif e al-Senussi mantiveram reuniões "para planejar as operações" e que Kadhafi usou "sua autoridade absoluta para cometer crimes na Líbia."
Autoridades líbias já denunciaram a ação do procurador do TPI, dizendo que o tribunal foi criado pelo Ocidente para julgar líderes africanos.