Dia Nacional da Saúde

Profissionais refletem sobre vocação e desafios na área da saúde

Dia Nacional da Saúde é celebrado nesta terça-feira, 5; conheça histórias de quem vive na prática as múltiplas dimensões do cuidado

Julia Beck 
Da Redação

Foto: Canva

As múltiplas dimensões do cuidado estão presentes no dia-a-dia de quem escolheu seguir profissionalmente na área da saúde. No Dia Nacional da Saúde – celebrado nesta terça-feira, 5 – enfermeiros, médicos, nutricionistas, dentistas e psicóloga enfatizam como foi a escolha pela profissão, os desafios e o que os fazem permanecer nela.

Maria Carolina de Aquino Vieira é enfermeira há seis anos e conta que a área da saúde chamou sua atenção quando ainda era pequena. Ela acredita que sempre teve o “dom” de cuidar. “Sempre tive comigo que sem saúde a gente não faz praticamente nada. Então a saúde rege tudo”, reflete.

Trabalhar com seu marido – médico oftalmologista – fez com que Heda Cristina Bilard de Carvalho despertasse o interesse pelo cuidado e fosse buscar formação como auxiliar em oftalmologia. No entanto, foi quando cursou a faculdade de enfermagem que ela descobriu o amor pela obstetrícia – especialidade escolhida para se pós graduar. Depois, os estudos foram voltados para saúde pública e a administração hospitalar. “Hoje tenho 20 anos de profissão, sendo 15 anos como gerente de enfermagem”, conta.

Os desafios da profissão são muitos. Heda cita a precariedade de recursos e Maria Carolina destaca o enfrentamento do processo da doença. Segundo a última, é um desafio muito grande para o enfermeiro ser firme, não se envolver emocionalmente com o paciente, propor para ele o tratamento que ele precisa fazer e encorajá-lo.

As duas profissionais acreditam que o reconhecimento de quem está sendo cuidado é o que sustenta muitos a permanecerem na enfermagem. Maria Carolina acrescenta que também os enfermeiros precisam perceber, de forma particular, que fazem um bom trabalho, que fazem a diferença na vida dos pacientes.

Heda cita a experiência que teve de perceber que um idoso não estava se alimentando e, de forma sensível, oferecer-lhe um alimento preparado pelo hospital, do gosto particular do paciente. “Foi a melhor satisfação da minha vida de vê-lo se alimentar”, recorda. Maria Carolina lembra do dia que conseguiu passar segurança e conforto a uma grávida que estava em trabalho de parto. “Ela é grata até hoje e sempre me fala quando nos encontramos”, frisa.

As enfermeiras, Maria Carolina e Heda Cristina /Fotos: Arquivos Pessoais

Odontologia

Dentista há 31 anos, Claudia Maria Bezerra de Azevedo é especialista em ortodontia e sublinha o sentimento de alegria por poder “melhorar” sorrisos. A partir da sua profissão, a dentista ajuda na função mastigatória dos pacientes e proporciona sorrisos mais harmônicos, capazes de elevar até mesmo a autoestima. A escolha profissional, segundo Claudia, aconteceu ainda na época do colégio.

Na família de Anna Lívia Rodrigues, o pai e a tia são dentistas. “Cresci vendo de perto o quanto essa profissão pode transformar vidas”, recorda. Formada há três anos e meio, a jovem revela que ter profissionais desta área tão próximos, devolvendo autoestima, cuidando de sorrisos, foi cativando-a aos poucos, até que soube que era isso que gostaria de fazer profissionalmente também. “Hoje eu tenho certeza que escolhi o caminho certo”, acrescenta.

Estar sempre atualizada, buscar novas técnicas e tecnologias são desafios da área, segundo Cláudia. Anna Lívia reforça que nesta profissão não se pode “acomodar”, mas sim buscar uma constante evolução, porque cada pessoa que é atendida carrega uma história que merece ser respeitada.

Permanecer na odontologia exige cuidado, atenção e respeito com o paciente. “Vai muito além de cuidar dos dentes. Eu cuido de pessoas. E é isso que me faz permanecer com tanto amor e certeza na minha vocação”, revela Anna Lívia. Cláudia afirma que seu trabalho é muito gratificante. “Ele me traz feedbacks, agradecimentos que fazem os meus dias mais felizes”.

As dentistas Cláudia e Anna Lívia /Fotos: Arquivos Pessoais

Psicologia

A psicóloga Aline /Foto: Arquivo Pessoal

Ainda na fase escolar, a psicóloga Aline Leite Nunes iniciou sua relação com a Psicologia. Na unidade de ensino, uma psicóloga realizava atendimentos e a sala onde atuava era um local em que Aline se sentia “muito bem”. Ao ver o apoio dado pela profissional aos alunos, mais especificamente a um colega que enfrentava dependência química, Aline sentiu o desejo de seguir naquela mesma profissão: que fazia com que as pessoas “se sentissem melhor”.

A profissional explica que o psicólogo, além de cuidar, necessita perceber que também precisa ser cuidado. “Logo na faculdade eu comecei a fazer meu processo terapêutico. Depois da formação, depois que eu me formei também veio uma insegurança bem grande. Será que eu posso? Para isso comecei a estudar, fazer especializações, grupos de estudo, supervisão. O que eu continuo fazendo também até hoje, já que os desafios vão mudando e nunca deixarão de existir”.  

O cotidiano é a grande confirmação da profissão. Ela conta que é muito bom receber e se despedir dos pacientes de forma afetuosa, além de seguir estudando e se mantendo afinada com o seu foco e especialidade. Para ela, permanecer na área é sempre fazer manutenção do conhecimento.

Medicina

Com 35 anos de formação em Medicina e 29 anos em Oftalmologia, André Mauricio de Souza Pinto destaca a importância da relação “médico e paciente. “Não é tão simples a comunicação e ela vem com muitos desafios”. Ele sublinha a grande responsabilidade que é lidar com a saúde de um outro ser humano – algo que nunca se torna fácil, pois exige muita dedicação.

Pediatra e neonatologista, Camila Salles Lopes Matuoka acredita que a profissão foi a forma concreta que encontrou de transformar o desejo de cuidar em missão. “Não é apenas sobre tratar doenças, mas sobre acolher famílias, amparar vidas frágeis e estar presente em momentos muito delicados”, opina.

Segundo Camila, a Pediatria exige não só conhecimento técnico, mas uma escuta muito sensível. Lidar com as expectativas, inseguranças e emoções das famílias, especialmente em momentos de vulnerabilidade, é para a médica algo muito desafiador. “Na Neonatologia, onde cada segundo conta, o peso das decisões pode ser muito grande”, frisa. A pediatra afirma que os profissionais da Medicina precisam também equilibrar a entrega intensa da profissão com os cuidados pessoais.

André define como gratificante o fato de poder fazer a vida de alguém melhor. “No meu caso como oftalmologista é a visão. Poder proporcionar uma melhor qualidade de vida é algo que me faz permanecer nessa área”. Ele recorda uma paciente que era totalmente cega de um olho e do outro era cega por catarata. O oftalmologista foi o responsável pela cirurgia e conta no dia seguinte, após a retirada do curativo, que se emocionou ao ver a senhora recuperar a visão.

A pediatra afirma que o que a faz permanecer na profissão é ver um bebê que nasceu lutando pela vida crescendo com saúde, ver uma mãe que se sentia perdida na amamentação conseguir nutrir e se conectar com seu filho, ver uma família saindo do consultório mais segura e serena.

Os médicos Camila e André Maurício /Fotos: Arquivos Pessoais

Nutrição

Mayara Farias da Silva e Amanda Fernandes são nutricionistas e têm aproximadamente o mesmo tempo de formação: cinco anos. A primeira é nutricionista materno-infantil, enquanto a segunda é nutricionista clínica e esportiva. Mayara sublinha que lidar com outro ser humano requer uma atenção, um cuidado, um carinho que vai muito além do estudo ou das teorias.

“No ensino médio, eu tive distorção de imagem, e alguns episódios de transtorno alimentar, e isso me despertou um gatilho para o cuidado com alimentação, atividade física e saúde mental. Desde então, eu pesquisava a respeito e comecei a focar nessas áreas da minha vida, criando um carinho e conexão muito forte com esse estilo de vida”, conta Amanda. Ela define como gratificante poder guiar as pessoas nesse caminho de autocuidado.

A alimentação sempre fascinou Mayara e ela define como um grande objetivo alcançar as mulheres e as mães que ainda não têm noção ou conhecimento do tanto que a alimentação é importante. “Quando escolhi fazer nutrição, eu não me imaginava como nutricionista de mulheres, mães e bebês”, revela. Para a nutricionista, levar o que ela acredita aos pacientes –  de que a alimentação pode ser leve, prazerosa, gostosa e saudável – confirma a sua vocação.

Amanda também acredita no poder da informação, tendo em vista a grande quantidade de desinformação e sensacionalismo em torno do tema alimentação. Para ela, profissional da nutrição luta contra os mitos e tabus de que a dieta é algo sofrido, caro, maçante e que não se encaixa no contexto da maioria das pessoas.

Para a nutricionista, além de tornar conhecida uma nutrição baseada em evidências, com planos alimentares adaptados para cada pessoa, é da profissão devolver autoestima, cuidado e brilhos nos olhos para quem busca uma vida nova, com mais saúde e que vá muito além da estética.

As nutricionistas, Mayara e Amanda /Fotos: Arquivos Pessoais

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