Alimentos ricos em vitamina C são indicados, pois melhoram o sistema imunológico e ajudam a prevenir infecções das vias respiratórias
Thiago Coutinho
Da redação
O inverno começou oficialmente neste sábado, 20, às 18h44 (no horário de Brasília). Uma das preocupações que surgem com a chegada da estação mais fria do ano é com as doenças respiratórias. A exposição às baixas temperaturas pode ocasionar, e até agravar, as doenças do aparelho respiratório. “Assim, para evitar as doenças, o primeiro passo importante é o cuidado com a higiene das mãos, o uso do álcool gel ou lavagem das mãos, evitar o contato das mãos diretamente no rosto, a prática da ‘etiqueta da tosse’, evitar ficar próximo de pessoas doentes e orientamos o uso das máscaras”, explica o pediatra Flauber Santos Filho.
Com relação à “etiqueta da tosse”, a enfermeira e mestranda em Ciências da Saúde, Bruna Suellen de Paiva Paixão, acrescenta que é importante lavar as mãos ao tossir ou espirrar. “Higienização das nossas mãos com água e sabão”, diz. “Especialmente após tossir ou espirrar, usar o banheiro, antes das refeições, antes de tocar os olhos, nariz e a boca. Sempre que tossir ou espirrar, proteja a boca e o nariz com um lenço de papel. Caso não tenha lenço de papel, use a dobra interna do cotovelo”, detalha a enfermeira.
Outra dica importante: o ideal é higienizar as mãos com água e sabão. Somente na ausência destes itens, deve-se utilizar o álcool gel.
Evitar o sedentarismo é importante em quaisquer épocas do ano. O sistema imunológico é fortalecido quando o hábito de se praticar exercícios físicos se torna uma rotina. Bruna lembra que, no inverno, as práticas ao ar livre precisam de alguns cuidados, como utilização de roupas que protegem o corpo de maneira leve, impedindo o contato direto com o vento e mantendo o corpo aquecido, além de cuidar das extremidades do corpo (face, mãos e pés) em tempos mais frios.
Nesse ano, com o cenário de pandemia e isolamento social, muitas pessoas acabaram levando a prática do exercício físico para dentro de casa, inclusive com instrutores dando aulas online. Com a flexibilização do isolamento em vários estados, academias, por exemplo, voltaram a funcionar em alguns lugares. Mas mesmo a prática em ambientes públicos precisou se adaptar à realidade do uso de máscara. Os especialistas destacam que, para se evitar o contágio não só da Covid-19, mas de outras doenças, o ideal é usá-las.
Além disso, segundo Bruna Paixão, não há evidências na medicina de que correr vestindo a máscara pode trazer problemas ao aparelho respiratório. “Pode causar algum desconforto, mas ainda não temos relato de que a máscara traga algum malefício à nossa saúde respiratória”, afirma.
Alimentação
Outro fator importante é a atenção à alimentação nesta época do ano. “Alimentos ricos em vitamina C são excelentes, pois melhoram o nosso sistema imunológico e ajudam a prevenir infecções das vias respiratórias, gripes e resfriados, além de manter a hidratação em dia, pois, neste período do ano, esquecemo-nos da ingestão de água”, lembra Bruna.
O pediatra Flauber Santos lembra que não há uma receita mágica para revigorar o sistema imunológico. “Não existe fórmula mágica para fortalecer o nosso corpo por meio da alimentação”, adverte. “As recomendações são as mesmas dos nossos ancestrais. Portanto, manter uma alimentação saudável repleta de frutas, verduras e legumes; ingerir muito líquido durante o dia; evitar doces, frituras e bebidas açucaradas e evitar industrializados são as melhores práticas para se manter o corpo saudável”, reitera.
Quando é ou não Covid-19
Um dos principais sintomas do vírus que causa a Covid-19 é a falta de ar. “As evidências atuais mostram que os sintomas de COVID-19 podem variar desde pessoas sem nenhum sintoma, sintomas leves e até os quadros graves, assim como as outras doenças respiratórias virais”, explica o médico Flauber Santos. “Alguns sintomas que podem ser mais característicos de COVID-19 são a perda do paladar e do olfato, tosse prolongada. Nos casos graves, quando ocorre comprometimento pulmonar e com a presença de cansaço, o paciente deve procurar o médico para uma adequada avaliação”, acrescenta.
É primordial, ao constatar que os sintomas são graves ou persistentes, ir ao médico. “Uma prática indevida que passou a ser adotada pelas pessoas durante a pandemia é não ir ao hospital por medo de adquirir COVID-19, mas com isso muitos casos com doenças graves estão acontecendo e que poderiam ser evitados se a procura pelo médico tivesse ocorrido antes”, adverte.
Em casa ou no local de trabalho, é importante manter o ambiente arejado nesta época do ano. “Os cuidados com o ambiente são muito importantes durante todo o ano, não apenas no inverno”, aconselha o pediatra. “Um ambiente arejado reduz o acúmulo de ácaros, fungos, poeira e também ajuda a reduzir a transmissão de doenças. Assim, apesar do inverno, os cuidados com o ambiente precisam continuar sendo colocados em prática”, finaliza.
Perspectivas para o inverno 2020
Segundo Caroline Vidal, meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a tendência é de que as chuvas sejam mais intensas nos estados da região Centro-Oeste, em Minas Gerais, oeste da Bahia e Rondônia.
“Há maior probabilidade de chuvas acima da faixa normal climatológica no extremo norte da Região Norte. Nas demais regiões do país a tendência é que a precipitação fique dentro da média climatológica”, afirma Caroline.
Além disto, neste ano, os fenômenos El Niño e La Niña não se farão presentes. “A tendência é que para o trimestre junho, julho e agosto as condições sejam de neutralidade com relação a esses fenômenos”, afirma a especialista.
As ondas fortes de frio, porém, atingirão o país tanto nas faixas leste quanto no interior do país. “Mas não é possível prever com tanta antecedência, a região e data em que ocorrerão os episódios de frio mais intenso e, por isso, é importante o acompanhamento da previsão de tempo”, explica a meteorologista do CPTEC. “Essas ondas de frio geralmente podem ser previstas com até 7 ou 10 dias de antecedência, dependendo da situação”, reitera.
Onde a temperatura cairá mais
De acordo com as previsões do CPTEC-INPE, com exceção da região Sul, tradicionalmente mais fria nesta época do ano, as demais partes do país deverão manter temperaturas “entre as faixas normal a acima da normal climatológica”, como avalia Caroline.
“Climatologicamente, no que diz respeito à temperatura, a região Sul do Brasil sofre uma influência maior do inverno. Em média, nesta região, as temperaturas mínimas ficam abaixo dos 10°C, enquanto as temperaturas máximas ficam, em média, abaixo dos 22°C, durante os meses de inverno”, detalha a meteorologista.