Desigualdade social também ficou acentuada por meio de diferenças na longevidade em regiões distintas do Brasil, como Santa Catarina e o Maranhão
Thiago Coutinho,
Da redação
De acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o brasileiro está vivendo mais: em média, 76,6 anos. Existem algumas diferenças, porém: os homens vivem menos do que as mulheres — elas vivem sete anos a mais que os homens, em média. São 80,1 anos das mulheres contra 73,1 anos dos homens.
Desde 1940, segundo o estudo do IBGE, a vida do brasileiro aumentou 31,1 anos. Naquela época, um brasileiro com 50 anos tinha expectativa de viver mais 19,1 anos. Em 2019, ano em que a pesquisa foi realizada, este número subiu para 30,8 anos. São quase 12 anos a mais.
“A vida do brasileiro como um todo, melhorou”, explica o professor e mestre em Filosofia, Marco Papp. “Isso significa que algo está acontecendo no país, independente do governo ou das atividades governamentais. Nós aprendemos a nos cuidar”, avalia.
Antes da pandemia
A pesquisa realizada pelo IBGE foi realizada antes dos eventos pandêmicos causados pelo novo coronavírus. Ainda não se sabe como a doença impactará o futuro do país — bem como o mundo.
“Não gosto de previsões, mas gosto de ser otimista”, pondera o professor. “Nosso país foi um dos piores ao lidar com a doença. Mas esses males acabam sendo uma lição de vida. Tenho a expectativa que, de alguma maneira, nós aprendamos a melhorar. Os idosos estão se cuidando mais, por exemplo”, afirma.
Diferença entre homens e mulheres
Como dito anteriormente, os homens vivem mais do que as mulheres. Homicídios e acidentes estão entre as principais causadas apontadas pelo IBGE para esta diferença.
“Os homens são menos cuidadosos. Diria, por exemplo, que à direção o homem tem atitudes mais suicidas. Isso deve contar. Além disso, o homem ainda se encarrega de trabalhos mais pesados, que são prejudiciais ao organismo, como em mineradoras, por exemplo”, explica Papp.
Os dados do IBGE mostram que, na faixa entre 15 e 34 anos, as mortes entre os homens são mais altas se comparadas às mulheres. A pesquisa revelou que a expectativa de vida masculina poderia ser mais alta do que a apresentada não fosse o efeito das mortes prematuras de jovens por causas não naturais — os citados homicídios e acidentes.
Desigualdade persiste
As disparidades entre a expectativa de vida dos estados também aponta outra dado importante: a desigualdade social persiste. Em Santa Catarina, a expectativa de vida gira em torno dos 79,7 anos, enquanto no Maranhão, um dos estados com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixos do país, fica em 71,1 anos.
“Não há dúvidas sobre isso”, afirma o professor. “Há outros fatores que influenciam nestes números. Mas, de um modo geral, conseguimos ver que, inclusive, na média brasileira, os estados em regiões mais desenvolvidas sempre estão à frente”, pontua o professor.
Mortalidade infantil cai
Se comparado a 1940, em 2019 a mortalidade infantil caiu 91,9%. A taxa de mortalidade entre 1 e 4 anos de vida diminuiu 97,3%. A pesquisa mostra que atualmente, a taxa de mortalidade na infância (crianças de até 5 anos) declinou par 14,0 por mil. Cerca de 85,6% das crianças que não chegam aos 5 anos falecem no primeiro ano de vida e 14,4% entre 1 e 4 anos de idade.
No entanto, estes dados quando comparados aos países desenvolvidos, como a Suécia, ainda são altos. As políticas públicas, bem como o papel desempenhado pela Igreja, segundo Papp, são fundamentais para que estes números sejam atenuados no futuro.
“Lembro-me de um trabalho desenvolvido pela Pastoral da Criança em que as mães eram ensinadas a cuidar da criança, a cuidar da alimentação, a não exagerar no sal ou açúcar, por exemplo. É preciso haver educação voltada à preservação da vida.”, finaliza.