Pará

Prelado do Xingu aponta efeitos negativos da Usina de Belo Monte

A cidade de Altamira, no Pará, é o maior município do Brasil e do mundo em extensão territorial. Tem uma área de 161.584,9 km². Se Altamira fosse um país, seria o 91º mais extenso do mundo, maior que a Grécia e o Nepal. Mas tudo isso poderá sumir do mapa em pouco tempo para ceder lugar a uma usina hidrelétrica – a de Belo Monte, no rio Xingu.

Na semana passada, o Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) expediu licença prévia para a construção da gigantesca obra. O alerta é do bispo prelado da Prelazia Territorial do Xingu, Dom Erwin Kräutler, presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), durante um encontro recente com a direção do IBAMA.

O prelado e as populações da área, particularmente os índios, são contrários à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.A população atual de Altamira é de pouco mais de 110 mil habitantes. Situada a 740km de Belém (capital do Pará), Altamira tem seu vasto território cortado de norte a sul pelo rio Xingu. Segundo Dom Kräutler, os habitantes de Altamira – os índios, a população ribeirinha – assim como o Parque Indígena do Xingu serão prejudicados com a obra.

"Não acredito que seja possível combinar, de um lado, a destruição de significativa parte do Rio Xingu e, de outro, o povo de Altamira e a construção dessa hidrelétrica", disse o bispo. Na opinião dele, a obra da Usina de Belo Monte propiciará um grande fluxo migratório para a região. Tal situação causará enormes danos àquela área, "uma vez que os municípios da região do Xingu não estão preparados para suportar um aumento populacional de tais dimensões".

Dom Erwin Kräutler conta que algumas cidades já começaram a sofrer com o fenômeno. É o caso, segundo ele, da cidade de Anapu, que está recebendo várias famílias, atraídas pela perspectivas de empregos com a construção da hidrelétrica. O bispo anunciou que o Cimi entrará com uma ação, nos próximos dias, questionando a licença prévia expedida pelo Ibama. Na prática, a licença é a sinalização de que a obra poderá ser construída, como deseja o governo federal.

"Há coisas na licença que não aceitamos e, por isso, vamos utilizar os canais legais da Constituição, entre os quais o Ministério Público, para questionar aquilo com que não concordamos", afirma o bispo. O Ibama expediu a licença, mas estabeleceu algumas condições, entre as quais questões relacionadas à qualidade da água, preservação da fauna e da flora, saneamento básico, compensações sociais e recuperação de áreas já degradadas.

A Usina de Belo Monte terá capacidade instalada de 11.233 MegaWatts e contará com dois reservatórios, numa área total de 516Km². O presidente do Ibama, Roberto Messias, garantiu que manterá um diálogo permanente com as comunidades que serão afetadas pela construção da hidrelétrica, mas também deixou evidente que, mesmo com a pressão, o governo federal não recuará na construção da obra.

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