Quando se descobre uma doença, qual a primeira atitude a tomar? Certamente, procurar um posto de saúde, hospital, médico e, se for o caso, dar início a um longo período de tratamento.
Mas somente a ajuda médica e científica contribui para um eficaz tratamento?
O médico neurologista, Dr. José Augusto Nasser, afirma que, ao viver uma espiritualidade, o paciente pode encarar o momento da doença de forma “mais paciente” e não vê-la como uma “grande inimiga”. Ou seja, o paciente que tem uma experiência de fé apresenta uma motivação maior de viver e lidar com os problemas.
E muitos estudos são desenvolvidos na área. De acordo com o Núcleo de Estudos sobre a Religiosidade-Espiritualidade em Saúde (NERES), do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), desde os anos 80, pesquisas analisam a importância e os benefícios da fé no tratamento de doenças.
Um exemplo apontado pelo NERES é o estudo divulgado pelo periódico da Associação Paulista de Medicina, em 2004, no qual se concluiu que a prática de rezar tem íntima relação com a melhora de pacientes com câncer.
De acordo com o coordenador do NERES, Dr. Marcelo Saad, a espiritualidade pode contribuir com efeitos positivos na imunidade do corpo e garantir o equilíbrio neurofisiológico e dos hormônios.
“Se o sistema neurológico está equilibrado, o estado psicológico fica propenso a trazer a sensação de esperança, de perdão, de amor e de altruísmo (…). A fé é ainda capaz de mobilizar a endorfina, o hormônio do bem-estar”, explica.
Dr. Nasser afirma ainda que muitas enfermidades podem ser causadas por doenças emocionais e, por isso, se faz necessário recorrer a outras áreas da ciência para realizar um eficaz diagnóstico. “Eu sempre procuro ver a raiz do problema. E lanço mão também da psicologia, da saúde mental, pois muitas das nossas doenças têm origem nas nossas machucaduras, traumas, dentro das experiências da nossa vida”, esclarece.
A missionária da Comunidade Aliança de Misericórdia, Rosa Maria de Brito Amaro, que oferece suporte espiritual a pacientes em tratamento, afirma que as pessoas precisam entender que existem doenças psicossomáticas confirmadas pela ciência e que necessitam também de ajuda espiritual. “Precisamos trabalhar em conjunto. Temos até dois psicólogos na comunidade, que encaminham as pessoas para rezarmos”, ressalta.
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.: Entrevista com Rosa Maria de Brito
Ao destacar a importância do paciente recorrer à ajuda médica e espiritual, Rosa Maria enfatiza a necessidade de análise, por parte daqueles que acompanham o enfermo, de perceber até que ponto basta a intervenção médica, precisando-se contar também com o apoio espiritual: “É preciso ter o respeito tanto do profissional da saúde, dele entender até onde ele vai para entrar a parte espiritual, e da pessoa que ora pelas pessoas, para que entendam que não é só espiritual e que precisa entrar o profissional de saúde”.
Testemunhos
O neurologista Dr. Nasser conta que muitos de seus pacientes relatam que seguiram suas orientações em buscar alguma espiritualidade no momento da enfermidade.
Dr. Nasser cita o exemplo de uma paciente, da cidade de Piraí (RJ), que tinha um tumor no cérebro e, depois de ter feito uma experiência com Deus, foi curada fisicamente, além de passar por transformações emocionais e nos seus relacionamentos.
“É um caminho que cada um deve trilhar [para enfrentar o momento]. A pessoa pode acreditar ou não no que você está dizendo, mas sempre procuro indicar aos meus pacientes que rezem e busquem a Deus no momento da doença”, conclui.